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Portal Edicase
Publicado em 13 de abril de 2024 às 00:25
Em meio à epidemia de dengue no Brasil, que fez dez estados decretarem emergência epidemiológica, uma preocupação crescente diz respeito às crianças, que enfrentam riscos aumentados e demandam atenção especial. De acordo com o Ministério da Saúde, foram detectados entre janeiro e início de abril deste ano mais de 2 milhões de casos, entre adultos e crianças, em todo país. >
Dados recentes do Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde apontam um coeficiente de incidência da doença de 1.327,5 para cada 100 mil habitantes, sendo que a região Centro-Oeste lidera com o maior número de casos. A situação da dengue no Brasil varia de acordo com diversos fatores, incluindo condições climáticas, medidas de controle de vetores, acesso a serviços de saúde e comportamentos da população. >
Neste cenário, a dengue tem atingido com maior gravidade crianças de até 5 anos em 2024, segundo levantamento realizado pelo Observatório de Saúde na Infância da Fiocruz/Unifase (Fundação Oswaldo Cruz/Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto). >
Conforme a análise, essa faixa etária é a que exibe as maiores taxas de letalidade, sendo seguida pelas crianças entre 5 e 9 anos. O estudo foi feito com base nos dados do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) do Ministério da Saúde, considerando as 10 primeiras semanas epidemiológicas de 2024 (até 9 de março). >
Segundo a Dra. Gláucia Finoti, pediatra do Hospital Santa Catarina – Paulista, a vulnerabilidade de crianças, especialmente aquelas com menos de 5 anos, ocorre devido a diferenças na resposta imune ou a uma maior probabilidade de terem comorbidades que podem complicar a doença. >
“As crianças têm um risco aumentado de desenvolver formas graves da doença. Isso pode ser atribuído à imaturidade do sistema imunológico nessa faixa etária, o que as tornam mais suscetíveis a infecções virais graves e complicações associadas”, explica. >
Os sintomas de dengue em bebês e crianças são semelhantes à doença que afeta os adultos, como febre alta, mal-estar, dor no corpo e fadiga. Os pais devem adotar medidas em casa , como a eliminação de criadouros do mosquito e uso de repelentes. Nos menores, a infecção pela doença pode ser confundida com outras viroses comuns na infância, o que dificulta sua identificação. >
“É importante ficar atento aos sinais de alarme da dengue para evitar que ela se agrave. Por isso, na dúvida quanto ao diagnóstico, a melhor maneira de elucidarmos é procurar atendimento médico adequado o mais breve possível”, explica a pediatra. >
De acordo com a Dra. Gláucia Finoti, em crianças com outras comorbidades, como doenças crônicas, desnutrição ou sistemas imunológicos comprometidos, o risco de desenvolver formas graves da doença é ainda maior. >
“Essas condições podem reduzir a capacidade de o corpo combater a infecção viral e lidar com as complicações associadas. Nesses casos, o médico deve ser procurado imediatamente, mediante a manifestação de qualquer sintoma diferente”, recomenda. >
A vacina contra a dengue é importante na prevenção da doença, mas não oferece proteção total contra todas as formas da dengue. A imunização pode reduzir significativamente o risco de infecção grave e hospitalização, mas sua eficácia pode variar dependendo do sorotipo viral, da idade e da exposição prévia ao vírus. >
Desde fevereiro, o Ministério da Saúde disponibiliza a vacina QDENGA no Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse momento, a estratégia inicial para a vacinação contempla indivíduos na faixa etária de 10 a 14 anos, 11 meses e 29 dias, que residem em localidades prioritárias, com critérios definidos a partir do cenário epidemiológico da doença no país. >
A vacinação, que aos poucos chega nos laboratórios particulares, também é recomendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria, que avalia o imunizante com um esquema vacinal rápido, visto que são somente duas doses em um intervalo de três meses, e não exige testagem prévia, pois pode ser aplicada em qualquer indivíduo de 4 a 60 anos . >
Segundo a Dra. Gláucia Finoti, existem algumas contraindicações para a vacina contra a dengue.“Pessoas que tiveram uma reação alérgica grave a uma dose anterior da vacina ou a algum componente da vacina não devem receber a vacina contra a dengue. Além disso, a vacina pode não ser recomendada para mulheres grávidas ou pessoas com doenças imunossupressoras”, alerta. >
Ainda conforme a médica, as autoridades de saúde geralmente avaliam os benefícios e os riscos da vacinação contra a dengue em diferentes grupos populacionais. “Em áreas onde a dengue é endêmica e representa um risco significativo para a saúde pública, a vacinação pode ser amplamente recomendada para reduzir a carga da doença”, diz. >
Os pais desempenham um papel fundamental na prevenção da dengue em seus filhos, adotando medidas como a eliminação de criadouros, uso de repelentes e observação atenta dos sintomas da doença nas crianças. Buscar assistência médica adequada ao primeiro sinal de suspeita de dengue é crucial para um tratamento eficaz. >
Distinguir os sintomas da dengue, de viroses ou gripe pode ser desafiador, pois há uma sobreposição significativa entre os sintomas dessas condições. No entanto, existem algumas características distintivas: “Inicialmente a dengue pode apresentar sintomas de virose e gripes, como febre alta, irritabilidade, desânimo e sonolência. Mas se surgirem manchas vermelhas na pele, os pais devem levar a criança para realizar o exame”, explica a médica. >
Por Dayane Martins >