Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Portal Edicase
Publicado em 13 de abril de 2024 às 20:25
Em 13 de abril é celebrado o ‘Dia do Beijo’, uma data que homenageia essa forma de demonstrar carinho. Neste contexto, entender como o cérebro processa o ato do beijo é adentrar em um fascinante território em que a ciência e a emoção se entrelaçam.
O neurocirurgião e neurocientista, Dr. Fernando Gomes, afirma que o simples ato de trocar olhares com alguém que desperta atração física e afetiva desencadeia um intricado jogo neurológico, que culmina na manifestação do desejo de beijar.
As imagens que vemos são analisadas pelos lobos occipitais e, em seguida, transmitidas para o sistema límbico, responsável pelas emoções. Esse fluxo de emoções compartilhadas entre casais desencadeia mudanças no comportamento cerebral, únicas para homens e mulheres, culminando na harmonia dos movimentos das bocas durante o beijo.
O médico conta que certas áreas do cérebro precisam ser “desligadas” para que outras áreas possam ser ativadas no momento que antecede o beijo . “Em especial as amígdalas nos lobos temporais, centro da ‘defesa’ de fuga ou luta, são ‘desligadas’ e os centros do prazer são ativados, como a área tegmental ventral do cérebro masculino”, detalha o especialista autor do livro Neurociência do Amor (Ed. Planeta/2017) que aborda mais sobre este tema.
Em especial nas mulheres, o cortex órbitofrontal lateral esquerdo, responsável pelo controle de desejos elementares, silenciam-se também. E, então, elas conseguem se despreocupar dospudorese simplesmente se deixam levar pela troca de sensações do beijo.
Um beijo é capaz de silenciar as amígdalas cerebrais, permitir a aproximação e aumentar a percepção da presença do parceiro. Os lábios e a língua têm grande representação sensorial no córtex cerebral, se comparados a outras partes do corpo. Além disso, o beijo na boca é muito bem aceito socialmente como primeiro contato físico íntimo e, nesse momento, o prazer é explorado por meio do contato entre os lábios e a língua.
“Áreas encefálicas profundas, como o tronco cerebral e o tálamo, são acionadas em conjunto com o córtex parietal e a ínsula e ainda, durante o beijo, movimentamos 34 músculos da face e acionamos, bilateralmente, cinco dos 12 nervos da cabeça. Assim, durante o beijo, o cérebro associa o cheiro e o gosto da boca da outra pessoa a demais informações, como o som da respiração e o barulho da saliva deslizando os lábios, além de muita imaginação do que pode estar por vir”, explica o médico.
O beijo já foi objeto de um estudo realizado no Lafayette College, nos Estados Unidos, pelo psicólogo Wendy L. Hill e um de seus alunos, que juntos compararam os níveis de ocitocina (“hormônio do amor”) e cortisol (“hormônio do estresse”) em 15 casais de homens e mulheres enquanto se davam as mãos e conversavam e nos momentos anteriores e posteriores a um beijo.
“Diferentemente do esperado, os pesquisadores observaram que o nível de ocitocina aumentou somente nos homens. Nas mulheres, houve uma queda desse hormônio após o beijo e enquanto conversavam de mãos dadas. A hipótese levantada pelos autores é a de que as mulheres provavelmente precisam de mais do que um beijo para se sentirem conectadas ao parceiro”, diz o Dr. Fernando Gomes.
Isso quer dizer que, talvez, elas necessitem de um clima mais romântico, diferente daquele em que o beijo aconteceu. No entanto, os níveis de cortisol, hormônio que ajuda o organismo a controlar o estresse, diminuíram em ambos os sexos, mostrando que o ato de beijar pode realmente reduzir o estresse.
Por Mayra Barreto Cinel