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Portal Edicase
Publicado em 12 de julho de 2024 às 16:49
O recesso escolar de meio de ano chegou, proporcionando às crianças vários dias de tempo livre. Esse período oferece uma chance para as famílias aproveitarem ainda mais a companhia dos pequenos. No caso das crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista), alguns cuidados, dicas e sugestões podem tornar esse momento ainda mais divertido, feliz e agradável.
“As férias são um momento em que a criança tem oportunidade de descansar, generalizar habilidades que vinha exercendo no contexto escolar e ser exposta, com seus cuidados, a novos contextos. Sendo um momento de descanso, é legal que a criança possa ter acesso aos seus interesses”, explica Alice Tufolo, diretora clínica da Genial Care, rede de cuidados de saúde atípica e especializada no cuidado e desenvolvimento de crianças com TEA.
Alice Tufolo enfatiza a importância de os cuidadores reconhecerem que a interrupção nas atividades escolares e a alteração na rotina podem ser confusas para a criança autista. Assim, pode ser necessário o uso de suportes para dar contexto a essas mudanças.
“Uma dica importante que os cuidadores devem ter em mente é sobre o planejamento da rotina, considerando as particularidades da criança. É possível aproveitar situações em que a criança pode se expor a diferentes estímulos, desde que respeitando suas sensibilidades e cuidando para que ela tenha maior previsibilidade do que pode acontecer, além de ter estratégias fáceis para auxiliar na autorregulação, caso algo saia do esperado”, ressalta.
A seguir, selecionamos oito atividades para aproveitar melhor as férias com as crianças. Confira!
Atividades com massinha e argila podem ser uma escolha adequada, desde que a criança demonstre interesse e não se sinta desconfortável. Explorar jardins sensoriais , desfrutar de piscinas aquecidas ou de bolinhas também são opções interessantes.
As habilidades motoras essenciais incluem locomoção (andar, correr, saltar, rolar, escalar), estabilidade (equilibrar, flexionar, girar) e manipulação (arremessar, chutar, pegar). É importante que a criança tenha um ambiente rico de estímulos motores e sensoriais que favoreçam no seu desenvolvimento, como circuito motor, túnel, caminho de almofadas, pulos, carrinho de mão e carrinho de pano.
Parques, praças, jardins e praias oferecem uma excelente alternativa, proporcionando uma variedade de estímulos visuais, táteis e auditivos, além do contato direto com a natureza. Permita que a criança explore esses ambientes conforme suas habilidades e interesses.
A interação entre crianças com TEA e animais promove a expressão afetiva e a manifestação de emoções. Além de interagir com os animais de estimação da família e amigos, a visita a locais como aquários e sítios se mostra geralmente enriquecedora para as crianças; sempre considerando, é claro, o limite individual dos pequenos.
Crianças interessadas em arte, ciências e outras atividades culturais podem encontrar diversão e entretenimento ao visitar museus, centros culturais e estações de ciência. É uma excelente oportunidade, considerando os limites individuais de cada uma delas.
Que tal envolver a criança na preparação das refeições? É viável transformar esse momento em algo divertido ao propor brincadeiras que envolvam a adivinhação de sabores. Por exemplo, a criança pode fechar os olhos e tentar identificar qual alimento está provando ou reconhecendo o sabor específico, como doce, salgado ou azedo.
É importante sempre considerar as preferências das crianças na escolha dos alimentos, mas essa abordagem pode ser uma maneira excelente e divertida de introduzir novos sabores e texturas. Também deve-se adaptar receitas para imagens, para a criança conseguir exercitar a autonomia e a coordenação no preparo supervisionado.
Uma noite de filme em casa pode ser relaxante e estimulante para pessoas autistas, oferecendo estímulo visual e auditivo e incentivando a imaginação. É uma atividade que pode ser feita sozinha, proporcionando descanso após brincadeiras agitadas. No entanto, é importante limitar o tempo de exposição a telas de televisão, tablet e celular, oferecendo previsibilidade sobre quando o uso será permitido e incluindo essa orientação na rotina.
É necessário estimular o uso de brinquedos, por envolverem a conexão tanto do pequeno com o objeto como a criança com outra pessoa. Esse tipo de brincadeira exercita a exploração do objeto e do ambiente e é uma excelente oportunidade de estimular a habilidade de imitação.
O ideal é que o cuidador chame a criança para brincar e demonstre como ela pode fazer isso. Itens simples, como uma bola, caixa de sapato ou balde, podem ser instrumentos perfeitos para você criar um momento de diversão.
“Cada criança é única , e é muito importante respeitar os limites e as experiências de cada uma. É fundamental considerar os gostos e escolhas dela na hora de decidir quais atividades realizar durante as férias. Além disso, o ideal é planejar qualquer uma das atividades com antecedência, comunicando à criança quais são os planos, o que ela encontrará, mostrando imagens relacionadas à atividade e reforçando o quanto será divertida a experiência”, conclui a diretora clínica da Genial Care.
Por Letícia Carvalho