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Economia circular: um movimento consciente

Entenda como o conceito gera oportunidades de empregos, novos negócios, eficiência das operações, menores custos de produção e redução dos impactos ambientais

  • Foto do(a) author(a) Estúdio Correio
  • Estúdio Correio

Publicado em 27 de dezembro de 2023 às 06:00

Economia circular
Na economia circular, tudo está baseado no reaproveitamento, com o objetivo de reduzir desperdícios na produção, que passa a ser mais sustentável Crédito: Shutterstock

Em um mundo no qual a consumismo e a geração de resíduos sólidos caminham em descompasso com o meio ambiente, afetando a saúde do planeta e provocando a escassez de recursos naturais, a economia circular representa um caminho para amenizar a ação humana e é cada vez mais comum empresas, em suas práticas de ESG, passarem a adotar ações neste sentido, buscando utilização de insumos renováveis.

Mas você sabe, de fato, como funciona esse modelo de economia? De forma simples, podemos afirmar que tudo está baseado no reaproveitamento, com o objetivo de reduzir desperdícios na produção, que passa a ser mais sustentável. Com isso, surgem oportunidades de mais empregos, novos negócios, eficiência das operações, menores custos de produção e redução dos impactos ambientais.

O conceito de economia circular passou a ficar conhecido em 1989, a partir da publicação do livro “Economics of Natural Resources”, traduzido como Economia dos Recursos Naturais. Os autores David W. Pearce e R. Kerry Turner, dois ambientalistas e economistas ingleses, trazem a proposta circular para substituir a economia linear, que ainda hoje é pautada por extração de recursos naturais, fabricação de produtos, consumo e descarte, o que invariavelmente vai parar nos lixões ou aterros, como já vimos notícias sobre a quantidade de roupas, por exemplo, que ganham essa destinação, após serem usadas por em média dez vezes apenas.

O conceito de economia circular passou a ficar conhecido em 1989, a partir da publicação do livro “Economics of Natural Resources”
O conceito de economia circular passou a ficar conhecido em 1989, a partir da publicação do livro “Economics of Natural Resources” Crédito: Reprodução

Iniciativas premiadas

No início desse mês ocorreu o Prêmio Fieb de Sustentabilidade, iniciativa que busca reconhecer, estimular e premiar o empenho de sindicatos, empresas, instituições acadêmicas e de pesquisa aplicada baianos pela adoção de práticas de gestão e tecnologias sustentáveis, que favorecem o aumento de produtividade, a otimização de recursos, o aprimoramento da gestão e a melhoria da qualidade de vida. Trata-se de uma ação alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), acordados no Pacto Global, do qual a FIEB é signatária.

Entre 94 projetos inscritos, o case de economia circular MNR – Minério Não Reagido, na categoria Tecnologias Sustentáveis, foi o grande destaque. A tecnologia apresentada tem como base pesquisas realizadas pelo Departamento de Engenharia de Materiais (LEDMa) da UFBA, em cooperação com a empresa Tronox Pigmentos do Brasil S/A. Atualmente, o MNR é utilizado pela construção civil, na produção de artefatos de cimento.

Além de valorizar a pesquisa, a conquista do prêmio representou para a Tronox o reconhecimento de uma grande transformação em seu processo industrial, desde quando optou, há alguns anos, por colocar a sustentabilidade como pilar estratégico no seu negócio. “A gestão com foco em sustentabilidade, considerando os aspectos ESG, envolve todas as unidades da empresa em busca de maior eficiência, segurança e credibilidade nas suas operações, levando a uma clima de engajamento público interno e de credibilidade para o público externo”, comenta Mário Bernardo, gerente de Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Qualidade da Tronox.

ECONOMIA CIRCULAR_PREMIO DA TRONOX
Mário Bernardo agradece pelo prêmio conquistado pela Tronox Crédito: Divulgação

Reuso do componente

Desde 2008 a empresa decidiu desativar sua unidade de fabricação de ácido sulfúrico, visando a melhoria da garantia ambiental das comunidades vizinhas, além de manter o foco na produção de dióxido de titânio (TiO2), que é o seu negócio, de fato. A Tronox passou, então, a comprar o ácido sulfúrico de uma indústria de metalurgia de cobre, situada no Polo de Camaçari, que para a obtenção desse metal, gera como subproduto o ácido sulfúrico. “Uma grande vantagem competitiva para uma produção de TIO2, na rota sulfato, é a proximidade do ácido sulfúrico. O reuso do ácido sulfúrico, oriundo da metalurgia de cobre, nos coloca em uma posição vantajosa no que diz respeito à sustentabilidade, eficiência, produtividade das nossas operações”, destaca Mário Bernardo.

A interrupção da fabricação de ácido sulfúrico pela Tronox foi um passo de extrema importância ambiental da operação, pois reduziu drasticamente as emissões de compostos gasosos e o eventual impacto destes nas comunidades vizinhas, além de provar que a economia circular pode e deve ser fortalecida em todos os âmbitos, seja em atividades comerciais de pequeno porte até os processos industriais.

“A premiação legitima a evolução responsável da gestão ambiental e a promoção do desenvolvimento sustentável da cadeia de produção do dióxido de titânio. A utilização do Minério não reagido (MNR) como insumo na indústria civil também promoverá a redução de gases de efeito estufa, agregando mais benefícios ambientais a sua reincorporação em outros processos industriais”, ressalta Gabriel Medina Ataíde, líder de Meio Ambiente da Tronox.

Salvador fortalece ações de economia circular

Promover e incentivar a sustentabilidade e a economia criativa é um dos grandes objetivos hoje da Prefeitura de Salvador. Para isso, por meio da Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-estar e Proteção Animal (Secis), tem desenvolvido uma série de iniciativas e ações, que envolvem incentivos, educação e parcerias.

De acordo com a titular da Secis, Marcelle Moraes, um dos principais passos do planejamento estratégico da secretaria foi a criação do projeto “Seja Circular”, que prevê a criação de incentivos e de um marco regulatório para permitir que soluções de economia circular tornem-se norma em todos os setores econômicos da capital, gerando novas oportunidades de negócios e também de emprego.

“A economia circular é o caminho para que a gente consiga minimizar esse modelo de desenvolvimento econômico baseado em extração, processamento, comercialização, distribuição e consumo de produto, que leva à escassez da matéria-prima e ao esgotamento dos recursos naturais e ampliação dos números voltados às mudanças climáticas”, frisa a secretaria. Ela defende, ainda, que somente atuando de forma circular e com foco no consumo consciente será possível gerar cenários verdadeiramente sustentáveis. Para tanto, as ações são pautadas também por uma pesquisa em inovação e novos usos de produtos, visando resultados grandiosos, como por exemplo diminuir a emissão de gases de efeito estufa, a desnaturalização de rios e o encharcamentos de aterros.

Como em qualquer outro lugar do mundo, os maiores desafios de Salvador para implantação definitiva de uma economia totalmente circular referem-se às formas de consumo e descarte de produtos, por parte da sociedade. Além disso, ressalta Marcelle Moraes, “ainda não existem marcos regulatórios, e quando existem iniciativas, por falta de fiscalização, a adesão da iniciativa privada ainda é pequena. Também falta coleta porta a porta do produto reciclável”.

Entre as principais ações sustentáveis e circulares da Prefeitura de Salvador, através da Secis, estão:

• Um projeto de lei de compras públicas circulares, que também institui o selo do produto circular;

• Um curso de transição da economia linear para a economia circular, que será oferecido para 50 empresas de Salvador gratuitamente;

• A plataforma “Seja Circular” já à disposição da sociedade no site da Secis, com constante atualização;

• Guia de transição que servirá de consulta para a sociedade sobre o tema.

• Aulas de educação ambiental ministradas nas escolas públicas municipais, além da inclusão da compostagem nas unidades de ensino, ajudando a construir uma agenda positiva entre as crianças;

• Ampliação dos espaços de coleta seletiva da Casa Soma, saindo de dez para 20.

• Recente anistia de dívidas dos tributos municipais concedida pela prefeitura às cooperativas de catadores, facilitando a atuação dessas organizações.

Este conteúdo integra o projeto Fatos e Cenários, realização do Jornal CORREIO com patrocínio da Tronox e Unipar, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e apoio da FIEB.

Por Márcia Luz

Assinantura Estudio Correio
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