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Marina Branco
Publicado em 17 de fevereiro de 2025 às 17:50
O som dos tambores batendo, das palmas sincronizadas e do vento que sai dos bandeirões balançando. As vozes unidas gritando “vai perceber que o Bahêa é, um time a mais de mil, e meu amor pelo Esquadrão, é o maior que já se viu”, e a prova viva desse amor aos olhos de quem quisesse ver. Essa foi a atmosfera que tomou conta do Aeroporto Luís Eduardo Magalhães em uma tarde que foi tudo, menos comum. >
Nesta segunda-feira (17), às 12h, quase 500 torcedores já haviam atendido ao chamado do clube e colorido a área de entrada dos ônibus no aeroporto de vermelho, azul e branco. Com o batuque nos tambores da torcida organizada Bamor e os gritos a volume máximo, foi como se as arquibancadas da Fonte Nova estivessem improvisadas atrás de uma faixa com a bandeira do Brasil, o escudo do Bahia e o nome da torcida.>
Nelas, torcedores de todos os tipos. Estavam, é claro, os que nunca faltam nenhum compromisso com o time do coração, como Matheus Silva, da Cidade Baixa. Balançando os bandeirões, ele se juntava aos vários veteranos de Bahia na liderança dos gritos e nas músicas da torcida que entoava uma após a outra, comemorando o torneio depois de tanto tempo. “Há muito tempo que a gente vinha esperando isso acontecer. Aconteceu, e ainda bem que eu tô vivo para estar aqui vivendo isso. Meu pai não está mais, mas eu tô aqui pra ver no lugar dele”, comentou.>
Tinha também quem vivia uma das suas primeiras lembranças com o Bahia já em uma Libertadores, como o pequeno Anthony, que foi ao aeroporto com seu pai e viu a festa de dentro da multidão. Com apenas nove meses de idade, o pequeno já foi em dois jogos na Fonte Nova e aprende desde que nasceu a amar o clube. “A gente leva ele em tudo que envolve o Bahia para ele entender o que é o amor pelo Esquadrão, que já vem de berço mesmo, de avô para pai e neto. Eu vou dando seguimento ao que eu aprendi”, conta Marcos, pai de Anthony.>
Mas se tinha quem aprendeu a amar o tricolor de aço de berço, teve também quem desafiou tudo pelo clube. É o caso de Biel Carvalho, nascido em uma família formada inteiramente por torcedores do clube rival, o Vitória. Ainda assim, sempre frequentou a Fonte e diz ter se apaixonado à primeira vista pelo Bahia. “Sou o único tricolor da família toda. Minha história foi de amor e paixão mesmo, algo natural, conexão, bateu, pegou”, conta. A ligação é tanta, que ele leva na perna uma tatuagem do escudo tricolor: “A Fonte Nova hoje é minha segunda casa, o lugar onde eu me sinto bem, minha terapia. Então eu resolvi enraizar em mim para a minha vida toda”. >
Entre as várias declarações de amor, se destaca também a de quem faz de tudo para não deixar de estar com o time. Em meio a um mar de camisas tricolores, Leonardo Lago estava de blusa, calça e sapato social. No intervalo de almoço do trabalho, o bancário foi do Alphaville até o aeroporto para encontrar com o Bahia com o pouco tempo que tinha. “Desde pequeno, eu sou Bahia, vou pra todos os jogos, sou sócio há mais de cinco anos. Não pude ir agora, mas nas próximas etapas da Libertadores vou viajar para prestigiar o time. Na Fonte, já estou garantido”, contou.>
A emoção da “torcida que ganha jogo” levou o Bahia à Libertadores pela primeira vez em 36 anos, elevando o nível das competições disputadas em Salvador. “O esporte nordestino, os times do Nordeste merecem viver isso aqui. Isso é uma coisa que não tem que ficar só no eixo. A gente merece viver isso aqui. E nada melhor do que o Bahia pra poder viver isso aqui”, afirmou Tainá Sena, torcedora presente na recepção do time.>
Juntos, todos esperaram a chegada do ônibus, marcada pelo próprio Bahia para 13h30. Com mais de uma hora de atraso, o elenco chegou às 14h50, com a festa ainda em polvorosa para recebê-lo. Comissão técnica, delegação e jogadores desceram do buzu em festa, ao som do hino do clube cantado pela torcida.>
Cada um à sua maneira, todos os jogadores cumprimentaram a multidão. Um dos mais animados, sem dúvidas, foi Caio Alexandre, que já desceu do ônibus pulando, sorrindo e gritando, direto para os braços da torcida. O capitão Everton Ribeiro também fez questão de falar com os torcedores, além de Gilberto, que após entrevista com os jornalistas presentes, voltou para abraçar a massa tricolor. >
Sobre o jogo desta terça-feira (18) contra o The Strongest, Gilberto deixou claro o plano para o sucesso: “O trabalho vem desde o ano passado, quando a gente conseguiu essa classificação histórica. Agora é levar toda essa energia, toda essa história pra dentro de campo, fazer um grande jogo. A gente sabe que vai ter alguns torcedores nos apoiando lá também, e eles vão levar toda essa energia de hoje pra lá. Agora é a gente fazer o nosso trabalho e trazer essa classificação”.>
A ajuda da torcida, o Bahia sempre vai ter. A cada passo que o time dá, a massa do Esquadrão deixa isso mais claro, torcendo, apoiando, comemorando e estando presente em todos os altos e baixos do time que encara um dos maiores desafios de sua história em 2025.>