Textor aponta Palmeiras beneficiado por manipulação de resultados há 2 anos: 'Provas pesadas'

O executivo ainda não apresentou as evidências que diz ter

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Publicado em 2 de abril de 2024 às 10:50

John Textor, dono da SAF do Botafogo
John Textor, dono da SAF do Botafogo Crédito: Vitor Silva/Botafogo

O dono da SAF do Botafogo, John Textor, voltou a afirmar ter provas de manipulação de resultados no futebol brasileiro. Em entrevista a uma live do Canal do Medeiros no YouTube, o mandatário do clube carioca disse que o Palmeiras tem sido beneficiado há pelo menos dois anos. Em resposta, o time alviverde apontou que está "adotando todas as medidas jurídicas cabíveis" contra o dirigente.

"Ano passado foi turbulento. Não vou deixar o que aconteceu ano passado passar impune, estamos em uma nova temporada. Temos provas pesadas, 100% confirmadas, de que o Palmeiras vem sendo beneficiado por manipulação de resultados por pelo menos duas temporadas", afirmou Textor na Live.

O executivo não apresentou as evidências que disse ter, mas garantiu que as provas "são concretas" e que vai enviá-las aos procuradores. "Desculpe se isso vai criar barulho. Estou aqui para defender a honra do meu clube", comentou o norte-americano, que também comentou se tratar de "uma luta" e garantiu que não haverá interferência em partidas do Botafogo neste ano.

Em nota divulgada posteriormente na segunda-feira (1º), Textor descreveu os jogos em que supostamente houve manipulação. Palmeiras x Fortaleza em novembro de 2022, em que o clube paulista venceu por 4 a 0, é o primeiro da lista. "O jogo foi, segundo grandes especialistas e inteligência artificial, manipulado por pelo menos quatro jogadores do Fortaleza", apontou ele em comunicado.

Outra partida que envolve a equipe Alviverde e teria sido corrompido é o confronto entre Palmeiras e São Paulo, em que o time tricolor foi goleado por 5 a 0, em outubro de 2023. De acordo com o texto do mandatário do Botafogo, ao menos cinco atletas são-paulinos teriam manipulado o resultado. "Um total de sete jogadores apresentaram desvios anormais em situações-chave de marcação de gols, embora apenas cinco tenham ultrapassado os limites que estabeleceriam provas claras e convincentes de manipulação do jogo", aponta o relatório.

O São Paulo se pronunciou por meio de nota oficial e repudiou as "graves e infundadas" alegações. "Tal afirmação sem nenhum vestígio de prova ataca a idoneidade de jogadores do elenco profissional masculino e a lisura da instituição São Paulo FC em seus 94 anos de história. O clube já acionou seu departamento jurídico, que estudará e tomará as medidas cabíveis na esfera legal", disse o clube.

Em resposta às declarações de Textor, o Palmeiras enviou uma nota afirmando que "vem adotando todas as medidas jurídicas cabíveis contra o dono da SAF do Botafogo, John Textor, e não pretende se manifestar novamente sobre a bizarra tentativa do caricato cartola de justificar a perda do título brasileiro de 2023. Confiamos que as autoridades competentes tomarão as providências necessárias com a urgência que o tema exige".

Não é a primeira vez que John Textor causa polêmica ao falar sobre corrupção no futebol brasileiro. Após a derrota por 4 a 3 para o Palmeiras no Campeonato Brasileiro de 2023, o executivo ficou na bronca com a arbitragem e declarou ter um relatório de 74 páginas com provas de manipulação de resultados.

Segundo Textor, esse relatório seria de um jogo entre Palmeiras e Fortaleza do ano de 2022, e não teria tido o envolvimento do clube paulista. Ele também disse que os documentos foram enviados ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e arquivados poucas horas depois.

No início de março deste ano, o mandatário do Botafogo voltou a falar em manipulação. Ao jornal 'O Globo', Textor salientou ter gravações de árbitros que reclamam o não recebimento de propinas prometidas, e afirma ter havido erro ou manipulação nas temporadas 2021, 2022 e 2023. Dias depois, o executivo comentou que nunca disse que as gravações que tem são de jogos da Série A ou Série B do Campeonato Brasileiro ou até mesmo do Botafogo.

Na ocasião, o STJD pediu que Textor apresentasse provas da acusação, mas ele declarou que mostraria os documentos apenas ao Ministério Público (MP) em um prazo de 30 dias. Até o momento, o mandatário não exibiu as evidências ao órgão.