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Alan Pinheiro
Publicado em 18 de setembro de 2024 às 05:00
Para uns, ‘arcanjo’ pode estar relacionado a figuras protetoras, descritas em livros religiosos. Mas, fora do ambiente sacro, é interpretado pelos torcedores do Vitória como o sobrenome do goleiro formado nas divisões de base que, há quatro anos, crava sua importância no clube. No entanto, o Leão não vai poder contar com o seu principal arqueiro na 27ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Lucas Arcanjo recebeu o terceiro cartão amarelo durante o jogo contra o Atlético-GO e está suspenso da partida contra o Juventude, no próximo sábado (21), às 16h, no Barradão. Outros dois desfalques para o confronto serão os atacantes Alerrandro, pelo mesmo motivo, e Osvaldo, que está fora do restante da temporada após diagnóstico de tromboembolismo pulmonar.
Sem Arcanjo, a tendência é que Muriel seja escolhido para ocupar a função. O técnico Thiago Carpini também tem Alexandre Fintelman (que chegou nesta temporada e ainda não fez sua estreia com a camisa vermelha e preta) e Yuri, que retornou após empréstimo.
Esta, aliás, será a primeira vez em que o Vitória não vai contar com Lucas Arcanjo na Série A. O defensor esteve em campo em todos os 2340 minutos jogados pelo time no Brasileirão 2024, sem levar em conta os acréscimos. É um dos poucos que disputaram todas as rodadas do torneio, ao lado dos também arqueiros Marcos Felipe (Bahia) e João Ricardo (Fortaleza) .
Arcanjo é o goleiro mais vazado da Série A, com 39 gols sofridos ao longo das 26 partidas disputadas. O número está aliado à fragilidade do Leão ao longo do torneio, já que o time carrega o título de terceira pior defesa da Série A. Está atrás apenas do Atlético-GO, com 42 gols, e do Criciúma, com 40.
Apesar da estatística negativa, o camisa 1 do clube vermelho e preto não é o goleiro mais vazado por jogo no Brasileirão. Gustavo, do Criciúma, ocupa a primeira posição dessa lista, com 37 gols sofridos em 22 partidas - média de 1,7 por compromisso. Arcanjo aparece empatado com Ronaldo, do Atlético-GO, Walter, do Cuiabá, e Léo Linck, do Athletico-PR, com média de 1,5 por partida.
Por outro lado, pela alta exposição aos chutes adversários, o dono das redes rubro-negras está entre os dez goleiros com mais defesas no Campeonato Brasileiro. Com 83 finalizações defendidas, Lucas Arcanjo é o 8º dessa lista. Ainda ocupa a mesma colocação em relação às defesas em chutes dentro da área (44 no total), e é o 5º nas defesas de finalizações de fora da área (37 até aqui). Os números foram fornecidos pela plataforma de estatísticas Sofascore.
Direto da fábrica
Estabelecido como o titular do Vitória no gol, Arcanjo é mais um produto formado na Fábrica de Talentos, como ficou conhecida a base do clube. Com sucesso na revelação de craques como Bebeto, David Luiz, Rodrigo Chagas e outros nomes de sucesso no cenário nacional, o Leão também é referência na formação de goleiros. Dida é o maior expoente dessa leva de bons arqueiros.
Na atual Série A, três atletas da posição foram formados na equipe vermelha e preta. Além de Lucas Arcanjo, tanto Gustavo, do Criciúma, quanto Ronaldo, do Atlético-GO, passaram pelas categorias de base rubro-negras.
Arcanjo fez sua estreia como profissional em 2019, quando entrou em campo pela Série B na derrota por 3x1 para o São Bento. A sequência, no entanto, só viria em 2021, justamente na última temporada de Ronaldo pelo time de Salvador.
Entre quatro competições, o goleiro fez 47 jogos naquele ano e, mesmo com o rebaixamento do time para a terceira divisão, o sentimento era de que a luta em 2022 teria um dono do gol rubro-negro definido.
A temporada até começou com constância, mas, após 26 partidas realizadas - sendo metade delas na Série C -, o arqueiro lesionou o ombro direito e foi submetido a cirurgia para reparo da lesão. Assim, ficou fora da competição até os últimos jogos, quando Dalton já havia se estabelecido na posição.
O grande momento de Arcanjo aconteceu justamente em um ano histórico para o Vitória, em 2023. Foram 47 partidas disputas naquela temporada, incluindo duas assistências e o título de campeão da Série B, levando o clube de volta à elite do futebol brasileiro e mudando a condição do jogador de promessa à realidade.