Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Daniela Leone
Publicado em 15 de novembro de 2023 às 11:03
Feriado, sol bombando em Salvador, mas a faixa convidativa "Borde aqui a sua estrela" ditava o movimento na loja. Torcedor do Vitória, o dono Adelmo Almeida já exibia a estrela de campeão nacional na camisa e recebia todo rubro-negro que chegava com um sorriso orgulhoso no rosto.
"Para nós torcedores é indiscutível que tem que ter estrela e dourada. É um título de projeção nacional", vibrou na manhã desta quarta-feira (15), um dia depois do Vitória conquistar o primeiro título nacional de sua história. O tropeço do Criciúma diante do Guarani no fechamento da 36a rodada garantiu a taça da Série B do Brasileiro ao Leão.
O policial militar Gabriel Lima, 37 anos, foi um dos primeiros torcedores a chegar à loja. Estava ansioso para ver a estrela no peito. "Trouxe só duas porque são as mais novas e as que vou usar no final de semana, mas tenho mais 18 para trazer", avisou.
Emocionado, ele acompanhou de perto os dois minutos em que a máquina levou para bordar a estrela no manto rubro-negro. Pagou R$ 15 por camisa e conheceu uma sensação que não tem preço.
"É um orgulho muito grande, ainda mais nessa era de pontos corridos, que é bem mais difícil", afirmou Gabriel após colocar a camisa no corpo. "A torcida rival tenta diminuir por ser Série B, mas a gente sabe que em pontos corridos conquistar qualquer título é muito mais difícil do que era antigamente", cutucou.
"Tô com esperança de chegar na Série A e colocar mais uma estrela aqui", projetou o policial.
O agente de viagem Marcos Augusto Vasconcelos, 62 anos, compartilhava a mesma emoção e não economizou. Levou de uma vez o enxoval rubro-negro que tinha no guarda roupa. Uma camisa pra cada dia da semana. "Trouxe logo as sete. Vou usar uma hoje, outra amanhã... Esse título tava na garganta, entalado. Vou botar estrela em todas e sábado eu tô lá".
No sábado (18), torcida e time se unirão num só coro para comemorar o acesso, o título e se despedir do Barradão em 2023. A bola rola às 17h, contra o Sport, em jogo válido pela penúltima rodada da Série B. O jogo marcará a entrega da taça ao Vitória.
Nesta quarta-feira, Adelmo prevê bordar cerca de mil estrelas na loja. No sábado, ele e uma equipe de 10 funcionários estarão no estacionamento do Barradao, com cinco máquinas. Se na loja leva dois minutos para bordar a estrela direto na camisa, no estádio o processo vai durar 10 para prensar cada estrela ao custo de R$ 10.
É a segunda vez que Adelmo vai montar a estrutura no Barradão. Em 2010, ele levou 40 mil estrelas e oito máquinas de prensa ao Barradão para a final da Copa do Brasil contra o Santos. O Vitória perdeu o título e ele precisou guardar as estrelas.
"A ideia naquele dia era virar a noite até o último torcedor sair de lá com sua estrela. Não aconteceu, mas o sonho ficou guardado no nosso coração", contou Adelmo. "Esse sonho não morreu, ficou apenas adormecido. Eu tinha a esperança de um dia ver o Vitória ser campeão nacional". Sonho e negócio realizados.