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Gabriel Rodrigues
Estadão
Publicado em 21 de janeiro de 2025 às 18:22
A Justiça de São Paulo condenou o atacante Willian Bigode e mais quatro réus a pagar cerca de R$ 4,5 milhões para Mayke e sua mulher, Rayanne de Almeida, como ressarcimento pelo valor investido pelo casal em criptomoedas. O aporte foi indicação da empresa do jogador do Santos, a WLJC Consultoria e Gestão Empresarial, e operado pela Xland Holding Ltda. O Estadão procurou a defesa de Willian, que ainda não respondeu. A decisão cabe recurso.
O pedido de Mayke e sua mulher era pelo recebimento de R$ 4.583 789,31 (valor investido), somado de R$ 3.250.443,30 (rentabilidade prometida). O juiz Christopher Alexander Roisin, do Tribunal de Justiça de São Paulo, indeferiu o pagamento de R$ 7.834.232,61, mas definiu que o casal seja ressarcido com a quantia aplicada, mais uma correção.
A razão para não conceder o ressarcimento pedido é que, por ser reconhecida a fraude no negócio, o contrato entre as partes é anulado, o que invalida a rentabilidade prometida. O magistrado ainda apontou para a falta de cautela das vítimas.
O juiz lembrou que foram deferidos pedidos de apreensão de bens dos réus durante o processo. Em março de 2024, por exemplo, Roisin determinou o bloqueio de R$ 7,8 milhões das contas de Willian Bigode e suas sócias na WLJC (sua mulher, Loisy Marla Coelhi Pires de Siqueira e Camila Moreira de Biasi Fava). As duas também foram condenadas, assim como Jean do Carmo Ribeiro e Gabriel de Souza Nascimento, sócios da Xland.
O argumento dos réus tenta desconsiderar a relação de consumo no acordo firmado entre as partes. É alegado que o lateral e a mulher seriam "investidores qualificados" (com capacidade de aplicar valores altos). Os réus ainda apontaram para o alto risco do investimento em criptoativo como algo natural.
Isso não foi suficiente para convencer o juiz, que tomou como base para a decisão o Código de Defesa do Consumidor, mantendo o entendimento de que Mayke e a mulher não tinham conhecimento técnico sobre o mercado financeiro e não se tratavam de investidores profissionais.
Além do ressarcimento, os três sócios da WLJC (Willian, Loisy e Camila) deverão pagar 10% de multa do valor da condenação por litigância de má-fé.
SCARPA DEBOCHA APÓS DECISÃO
Esta decisão se refere apenas aos pedidos feitos por Mayke, mas Gustavo Scarpa também processa os mesmos réus. Ambos apontam que partiu de Willian e de sua sócia Camila Moreira de Biasi a sugestão de investimentos na XLand, que ofereceria uma rentabilidade de 2% a 5% sobre o valor investido. Scarpa aplicou R$ 6,3 milhões, enquanto Mayke e sua mulher, Rayanne de Almeida, investiram R$ 4.583.789,31.
Após a divulgação da decisão, Scarpa se manifestou no seu Instagram. Ele foi irônico dizendo que "continuaria orando", em referência a uma mensagem de Willian sobre quando os valores não puderam ser sacados. "Agora é orar, Scarpinha", disse Willian, na época.
"Uma coisa que me deixa decepcionado demais é ver pilantra usando o nome de Deus para justificar as suas pilantragens", escreveu Scarpa. "Seja homem e assuma suas responsabilidades. Seja homem e assuma seus BO", concluiu.
Os problemas com a XLand começaram em meados de 2022, quando os jogadores do Palmeiras tentaram resgatar a rentabilidade, mas não tiveram sucesso após seguidas negativas e adiamentos da XLand. Mais tarde, eles tentaram romper o contrato, novamente sem receber o valor devido.
Após seguidos contatos com os sócios da XLand, Jean do Carmo Ribeiro e Gabriel de Souza Nascimento, com Willian e Camila e um coach de gestão financeira, Marçal Siqueira, que tinha parceira com a empresa acriana, Scarpa e Mayke procuraram seus advogados e registraram um boletim de ocorrência. Desde então, o processo corre na Justiça paulista, ainda sem decisões proferidas sobre culpabilidade dos réus.