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Marina Branco
Publicado em 1 de fevereiro de 2025 às 13:00
Todo Ba-Vi, de algum jeito, carrega consigo a sensação de ser histórico. Ao ir a um estádio para assistir o clássico Bahia e Vitória, cada torcedor leva no coração a emoção de quem está vendo um espetáculo. Ainda assim, em alguns deles, capítulos mais marcantes, importantes e impactantes de uma das maiores rivalidades do futebol são escritos, sob aviso prévio ou não. Neste sábado (1), o Ba-Vi de número 500 já promete a história. Mas muitos outros antes dele a escreveram sem nem prometer. >
O início de tudo foi em 1932, quando no dia 10 de abril, um jogo de 20 minutos no Campo da Graça foi disputado entre as duas equipes. Curto, o duelo foi válido pelo Torneio Início da Bahia, uma espécie de pré-Campeonato Baiano, com eliminatórias compostas por dois tempos de dez minutos. O duelo teve um triunfo tricolor por 3x0: dois gols de Raúl, e um de Gambarotta, um dos fundadores do clube. >
Mas se engana quem pensa que, dali, surgiu alguma dinastia. Os dois times se alternaram ao longo da história, com goleadas de ambos os lados e jogos dominados por equipes diferentes a cada vez. Do lado do Bahia, o placar mais elástico foi o de 8 de dezembro de 1939, por 10x1, no Campo da Graça. Para o Vitória, foi no dia da Independência do Estado, em 2 de julho de 1948, pelo tão famoso placar de 7x1. >
Falando em goleada, é impossível não relembrar um 7x3 específico, que em 2013 rendeu ao rubro-negro o título estadual. Vindo de uma goleada de 5x1 conquistada sobre o maior rival no jogo que inaugurou a casa adversária, a Arena Fonte Nova, o Leão da Barra já chegou como favorito ao primeiro jogo da final do Baianão, e fez valer a pena. >
Dito e certo - com quatro gols de Dinei, e um de Gabriel Paulista, Fabrício e Max Biancucchi, os sete gols do Vitória se empilharam em cima do tricolor, contra os dois de Fernandão e um de Adriano. Para perder a final, seria preciso tomar cinco gols no jogo seguinte, disputado dentro do Barradão. Ajudando seu dono, a casa rubro-negra testemunhou apenas um empate em 1x1, garantindo o Baiano do Vitória sem pestanejar. >
Do lado do Bahia, outras glórias ficam marcadas em Ba-Vis que até os tricolores que não eram nascidos na época ouvem falar. Um deles tem dono, nome e herói: Raudinei, o ex-atacante que marcou um gol no 1x1 de 1994 e desde então nunca mais saiu da história do clube. >
Se alguém ensinou o Bahia a acreditar até o último segundo, esse alguém foi Raudinei. Desde o tento aos 46 minutos do 2º tempo, ele nunca mais deixou de ser mencionado em cada sofrimento do time, na frase que diz que “o Bahia é um eterno gol de Raudinei”. O balançar das redes que originou essa história garantiu o Campeonato Baiano tricolor ao ser marcado em um Ba-Vi, em 7 de agosto, quando 97.240 pessoas acompanhavam o clássico de maior público até os dias atuais. >
O Bahia recebia um Vitória quase inteiramente composto pelo time que tinha levado o vice no Brasileirão somente um ano antes. Mas o grande trunfo azul, vermelho e branco não estava em campo. Do banco, assistia Raudinei, que pisou na grama no 2º tempo como substituto de Maciel e trilhou seu caminho para a glória. >
Começando quase como vilão, o atacante fez uma falta em Dourado aos 42 minutos, recebendo um cartão amarelo e uma visita da Polícia Militar acompanhada de jornalistas dentro de campo. Com os ânimos à flor da pele, aos 46, ele salvou o título do Bahia ao marcar o gol de empate. >
“Olha onde tá o Jean, em sua intermediária! Vai cutucando com Missinho na direita. Torcida do Bahia que saía voltou…China e…Raudinei. Gol! Gooooooooooool! Pode ser do título!”, gritava a narração de Chico Queiroz quando a bola foi finalizada pela perna esquerda de Raudinei. >
Ba-Vis terminam no último segundo, ou acabam até mesmo antes do tempo normal, como no dia 18 de fevereiro de 2018, quando o rubro-negro forçou expulsão e tomou um W.O. Ou como em 1999, quando o tricolor entrou na Justiça para não jogar no Barradão. >
Vai Ba-Vi, vem Ba-Vi, e as histórias do confronto nunca deixam de ser escritas. Fica no torcedor, desde sempre, a emoção e expectativa para assistir aos próximos pedaços da maior rivalidade do Nordeste, que de alegria em angústia, está mais perto do que nunca do seu tão esperado meio milésimo.>