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Rafael Stucchi: Conheça o técnico que disputa a Copinha lutando contra um câncer raro

Com coração, pulmões e crânio afetados, o treinador do Novorizontino não desistiu dos campos frente à doença

  • Foto do(a) author(a) Marina Branco
  • Marina Branco

Publicado em 8 de janeiro de 2025 às 16:29

Rafael Stucchi, técnico do Novorizontino sub-20
Rafael Stucchi, técnico do Novorizontino sub-20 Crédito: Higor Basso/Novorizontino

“O maior título da vida é poder viver bem. Viver saudável, sem dor, sem ter que estar em um hospital, sem ter que estar com dúvidas, incertezas, esperando os resultados dos exames. Isso é algo assustador”.

Esse é o ideal que guia o Novorizontino na Copinha de 2025. Com seu técnico, Rafael Stucchi, lutando contra um câncer raro e agressivo no pulmão, o time equilibra a briga pelo título com a luta pela vida até o final da temporada.

Foi em 2022, aos 38 anos, que ele recebeu a notícia. De lá para cá, os requisitos esportivos de rendimento impecável e saúde sempre firme tomaram uma nova forma para o técnico, que passou a viver com uma doença que atingiu seu coração, seus pulmões e seu crânio.

Mesmo com o câncer, continuou vivo no jogo. Campeão paulista sub-20 com o Novorizontino, ele não decidiu seguir tentando desde o primeiro momento, mas desistiu de abandonar a carreira por conta da doença.

Rafael Stucchi, técnico do Novorizontino sub-20
Rafael Stucchi, técnico do Novorizontino sub-20 Crédito: Higor Basso/Novorizontino

“Eu falo que quem me segurou foi minha esposa, era a única que falava para eu continuar: ‘Você trabalhou tanto tempo e não é o câncer que vai fazer com que você deixe de sonhar’”, conta ele em entrevista dada ao Globo Esporte.

Vivendo a realidade do câncer de perto, Rafael é casado com uma profissional de saúde do Hospital do Câncer, e decidiu continuar no mundo do futebol pela saíde mental: “Acho que ela lidar com esse tipo de pessoa o tempo inteiro, tem esse lado humano onde ela tenta, além de tratar, mas tratar o mental, manter essas pessoas vivas de modo mental. Então, o quanto é importante, independentemente da doença, nós tentarmos manter esse sonho, porque é o que nos move”.

A descoberta

Vivo pela mente e pelo esporte, Rafael descobriu o câncer no primeiro dia de férias após uma temporada treinando o sub-17 do Novorizontino. Ele havia acabado de alcançar a promoção para o sub-20 quando sentiu os primeiros sinais.

“Eu não tinha sintoma nenhum. Acordei durante a madrugada para beber água e acabei desmaiando, aquilo ali me chamou bastante atenção. Você não sabe nem o que pensar, na verdade você não tem onde colocar o pé, não tem chão. É um momento difícil de explicar”, conta.

De lá, seguiu direto para o médico, receber atendimento e investigar as causas do episódio. Foi um ecocardiograma que identificou um líquido no pericárdio do coração do técnico, que já estava derramando para outros órgãos. O próximo passo, então, foi um raio-x.

95% do pulmão tomado, câncer raro diagnosticado, e afastamento dos campos determinado: “É um choque gigantesco. Eu sempre falo que o câncer está atrelado com a morte. São duas palavras muito próximas”.

Rafael Stucchi, técnico do Novorizontino sub-20
Rafael Stucchi, técnico do Novorizontino sub-20 Crédito: Gustavo Ribeiro/Novorizontino

Rafael foi direto para a UTI, e retirou um litro de líquido do coração, frente aos 35 mL comuns em pulsões. “O médico tirou e falou: ‘Não sei como você está vivo, se estivesse hoje dando treino, você apitaria e ia morrer, teria uma parada cardiorrespiratória’. Foi Deus, né? Porque é inexplicável”, contou.

O retorno

Na Copinha de 2023, o técnico não pôde conduzir seu time sub-20 recém-conquistado, deixando seu retorno para a reta final. Foi nas quartas de final da Copinha que ele retornou, alcançando com seu time a classificação inédita para as semifinais.

Ainda assim, era difícil comemorar. O câncer se espalhava do tórax para o crânio, já atingindo quatro pontos e piorando seu quadro. “Acho que ali, pra mim, foi o processo mais difícil que eu passei. O diagnóstico da primeira vez nem se compara ao da segunda. Gerou muita revolta e um susto gigantesco, aquela correria de novo”, conta.

Mais um diagnóstico, mais uma cirurgia, mais 750 mL retirados do pericárdio. E um título sub-20 conquistado com o Novorizontino, primeiro da história do clube. Entre o sucesso profissional e a luta pessoal, Stucchi seguiu em tratamento, mas também seguiu nos campos.

Desde então, são dois quimioterápicos orais os grandes responsáveis por controlar o câncer de Rafael, e permitir que ele realize mais sonhos com seu time na Copinha de 2025.

Rafael Stucchi, técnico do Novorizontino sub-20
Rafael Stucchi, técnico do Novorizontino sub-20 Crédito: Bruno Schamoski/Novorizontino

“Não que eu não seja 100% focado, mas minha vida continua a mesma. Acho que a vinda desse tipo de tratamento, dessas terapias novas, terapia-alvo, entre outras que têm, é dar qualidade de vida para o ser humano. Nós sabemos o quão difícil é fazer uma quimioterapia, uma radioterapia. E esses tratamentos ajudam. Graças a Deus os meus efeitos colaterais são os mínimos possíveis”, comenta.

“Eu vejo que hoje reclamo e sofro menos com algumas coisas que não controlo, sempre fui um cara que sofria muito e reclamava muito de onde não consigo controlar. E hoje vejo de forma diferente. Então preciso atuar, ter atitude, ter coragem pra fazer. Mas tem coisas que nós não controlamos. Não tem como ficar quebrando a cabeça, ficando nervoso. Na verdade, nós achamos que nós vamos controlar o mundo, mas somos tão pequenininhos nesse mundo”, completa.

O sonho

Hoje, seu time é um dos favoritos na Copinha, e atual campeão estadual de sua categoria. Até então, o Tigre lidera sua chave, com quatro pontos em dois jogos que o colocam à frente de Votoraty, Genus-RO e ABC-RN.

O sonho, então, é a conquista do título aliada à melhora do professor que não desistiu do time ou do esporte mesmo enfrentando a disputa mais difícil de sua vida. De qualquer forma, uma coisa é certa - torcedor do Novorizontino ou não, todo amante do esporte torce pela saúde de Rafael como título maior da temporada.