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Marina Branco
Publicado em 22 de abril de 2025 às 19:08
Se algo foi comentado ao longo de toda a temporada, em todas as coletivas de imprensa do time desde janeiro, foi o calendário exaustivo que o Bahia vem enfrentando em 2025. Equilibrando Brasileirão e Libertadores toda semana, o time tem recorrido a alternativas para rotacionar a equipe titular, ou mesmo conter os danos das muitas lesões causadas pela frequência de partidas. >
Uma das soluções veio de dentro do próprio Bahia - os meninos da base. Em momentos em que o time titular não está disponível, seja por lesões combinadas como as de Kanu e Gabriel Xavier, de fora da zaga tricolor, ou mesmo por necessidade de descanso, os jovens do Esquadrão têm recebido oportunidades no time titular e entrado cada vez mais nos holofotes do futebol.>
Com isso, vêm os elogios e críticas que acompanham todo e qualquer jogador do início ao fim da carreira, e com eles não é diferente. Os três principais nomes vindos da base, Fredi Lippert, Ruan Pablo e Tiago, têm sido defendidos por Rogério Ceni, e ganhado cada vez mais espaço no Esquadrão. >
Os atletas de categorias de base marcaram presença nos dois últimos jogos do Bahia no Brasileirão, com a entrada do zagueiro Fredi, de apenas 18 anos, como titular contra o Cruzeiro, formando dupla de zaga com Ramos Mingo, e dos atacantes Tiago, de 20, e Ruan Pablo, de apenas 16 anos de idade, no segundo tempo contra o Ceará. >
O destaque mais delicado talvez tenha sido o de Fredi, que chegou ao time justamente na goleada para o Cruzeiro. No entanto, para Ceni, isso em nada se relaciona com o novato: "É difícil avaliar um defensor quando o jogo termina 3 a 0. Mas, analisando friamente o jogo do Fredi, acho que ele teve personalidade. Jogou, deu bons passes, tentou bolas longas — que a maioria dos jogadores colocaria para a lateral — e tentou dar o passe. É um jovem promissor. Não tem absolutamente nenhuma culpa individual no jogo de hoje. Foi um problema coletivo, e a responsabilidade é toda nossa", disse.>
"Ele já fez dois jogos com a gente, se não me engano. Entrou no Campeonato Baiano, começou jogando também. Tem como principal característica a construção. Vai se desenvolver, tem 18 anos apenas. Infelizmente, perdemos dois zagueiros por um período maior. Ele vai continuar com a gente. E, se preciso for, vai jogar outras vezes. Hoje o que não funcionou foi o todo. Não teve absolutamente nada a ver com a participação individual que ele teve", comentou.>
Nos jogos, os jovens não têm passado despercebidos - foi justamente Tiago quem sofreu o pênalti que salvou o Bahia nos acréscimos, com Everton Ribeiro convertendo e abrindo o placar do primeiro triunfo do Bahia no Brasileiro. Apesar disso, os espaços conquistados ainda são dados com cautela, utilizando a base de acordo com a necessidade. >
“Eu seria hipócrita se falasse que eles jogariam mesmo com os outros em condições. O Fredi tem muito potencial de crescimento, acho que futuramente tem potencial para ser titular do Bahia. Mas a gente usa mais garotos hoje porque nos faz falta os atletas lesionados”, comentou Ceni em coletiva após vencer o Ceará na última segunda-feira (21).>
Para Ceni, os atletas ainda estão amadurecendo em relação ao nível de cobrança e excelência de jogar no profissional, com destaque para o mais jovem de todos, Ruan. “O Ruan Pablo tem 16 anos, agora que está jogando partidas mais fortes, Sul-Americana, mas ninguém está pronto com 16 anos. Se a gente tiver jogador lesionado, a base vai ter mais oportunidade. Todos enfrentam essa realidade”, comentou.>
O costume da equipe é testar os mais jovens especialmente em jogos do Baianão, campeonato estadual menos priorizado pelo Bahia. No entanto, o professor não vê tanta evolução no estadual quanto nos torneios de mais destaque. “Os confrontos do estado não amadurecem os jogadores tão rápido. Com o passar do tempo queremos oferecer mais minutos para que eles possam dar retorno financeiro também. É o futuro do Bahia, são os jogadores jovens jogando, mas hoje ainda não é possível”, avaliou.>
Aos olhos do professor, todos são promissores, mas cada um à sua maneira e no seu devido tempo. “Se eu tivesse Kanu e Gabriel Xavier em condições, eles jogariam. Fredi teve oportunidade porque os outros estão fora. Mas ele tem muito potencial. Pode se desenvolver e, com tempo e trabalho, virar titular do Bahia, como aconteceu com o Beraldo no São Paulo”, avaliou Ceni.>
Sobre o caçulinha da equipe, ele foi realista: "“Não vou ser hipócrita. O Ruan Pablo tem 16 anos. Ele ainda não enfrentou tantos confrontos de alto nível na base. É normal que não esteja pronto ainda. Quem está pronto aos 16 ou 17 anos? Talvez só o Estevão. O resto, precisa de tempo e minutos”.>
Ainda assim, para ele, o futuro tricolor pode estar dentro do próprio Esquadrão, com alguns jovens promissores para o futuro do clube. “Hoje usamos mais a base por necessidade. Mas também é assim que se forma o futuro do clube. Jogadores como Jampa, Ruan Pablo e Del, que estão indo para a Seleção de base, vão amadurecendo jogando em alto nível. Futuramente, mas eu acho que não estão prontos”, avaliou.>
A ideia de Ceni, então, é planejar um calendário que dê a eles a oportunidade de se desenvolverem da melhor maneira possível em passagens pelo time titular. “A ideia é fazer um Fredi jogar 300, 400, 600 minutos por ano. É nisso que está o retorno do investimento. Revelar jogadores é parte do projeto. No futuro, teremos muitos jovens jogando com regularidade. Hoje, ainda não é possível sustentar isso como base da equipe principal”, afirmou.>
No entanto, é justamente o calendário que pode tornar essa intenção uma exigência, já que o mercado de transferências está fechado no Brasil até julho, com Brasileirão, Libertadores e Copa do Brasil se intercalando até lá. A última janela, no final de 2024 e início de 2025, não representou uma solução muito grande para Ceni, que tenta trabalhar com o que tem na equipe.>
"Não contratamos nenhum jogador bombástico, de renome. São todos muito bons jogadores e que colaboram. E é preciso que eles tenham minutos para jogar e que a gente possa confiar nesses jogadores também", afirmou.>
“Estamos com seis jogadores fora. Se você começa a repetir demais, a tendência é aumentar o número de lesões, e chega um momento que você não consegue formar o time sem improvisar. Ainda não chegamos nesse ponto, por isso cuidamos e monitoramos bastante a minutagem dos atletas”, completou.>
Quanto às lesões, ele admite que alteram muito a personalidade e o jogo do Bahia em campo, formando times muito diferentes a cada troca necessária. “Jean Lucas, Caio e Everton são diferentes de Erick, Nico e Nestor. Mas a alternância é necessária. Cada lesão puxa outra, porque aumenta o tempo de campo dos demais. Distribuir os minutos é essencial”, analisou.>
A próxima chance dos jogadores de base do Bahia pode ser nesta quinta-feira (24), contra o Atlético Nacional da Colômbia. No entanto, é provável que eles não sejam priorizados, pelo peso que carrega um jogo de Libertadores, com mais chances de escalação para os novatos contra o Palmeiras, no próximo domingo (27), pela sexta rodada do Brasileirão.>