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Alan Pinheiro
Publicado em 2 de março de 2025 às 09:00
Em ritmo de Carnaval, o brasileiro não está precisando nem se rotular como "cinéfilo" para torcer pela atriz Fernanda Torres e o filme Ainda Estou Aqui na corrida pelo Oscar neste domingo (2). Apesar da premiação não ser certificado de qualidade, o prêmio de "Melhor Filme Estrangeiro" seria o primeiro de uma produção brasileira, já que Orfeu Negro - ganhador em 1960 - foi considerado como uma obra da França. O destaque, no entanto, foi o protagonista do longa: um brasileiro, jogador de futebol e ator.>
Breno Higino de Mello, mais conhecido como Breno Mello, foi campeão gaúcho pelo Renner em 1954, quebrando a hegemonia de Internacional e Grêmio. Além da equipe gaúcha, o jogador passou por São José, de Porto Alegre, Santos, Fluminense, Água Verde (hoje Paraná Clube) e Novo Hamburgo, onde terminou sua carreira. Na equipe paulista, foi companheiro do Rei Pelé. Apesar da divisão de vestiário com uma estrela do futebol mundial, os holofotes chegariam para Breno durante sua passagem pelo Tricolor das Laranjeiras.>
Quando defendia o Fluminense, Breno foi descoberto pelo diretor francês Marcel Camus para estrelar o filme "Orfeu Negro". Candidatou-se à vaga e bateu mais de 300 concorrentes. Baseado na peça de Vinícius de Moraes "Orfeu da Conceição", o longa foi filmado no Rio de Janeiro e ganhou inúmeros prêmios, como a Palma de Ouro em Cannes, em 1959, além do Globo de Ouro e o Oscar de filme estrangeiro em 1960. Breno interpretou o personagem Orfeu.>
O sucesso da produção franco-brasileira rendeu uma nova vertente para o brasileiro. Além de jogador, Breno Mello passou a conciliar a carreira nos gramados com a tela do cinema. Após Orfeu Negro, foram mais sete produções. São elas, Os Vencidos (1963), Rata de Puerto (1963), O Santo Módico (1964), O Negrinho do Pastoreio (1973) e Prisioneiro do Rio (1988). Além das obras ficcionais, o ex-jogador também foi convidado para aparecer em dois documentários: À Procura do Orfeu Negro (2005) e Renner, o Papão de 54 (2005).>