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Estadão
Publicado em 29 de dezembro de 2023 às 23:14
Morreu nesta sexta-feira, aos 56 anos, o ex-piloto brasileiro Gil de Ferran, que fez sucesso no automobilismo entre as décadas de 1990 e 2000, com conquistas como as 500 Milhas de Indianápolis e o bicampeonato da CART, atual Fórmula Indy. Ele sofreu uma parada cardíaca nesta sexta-feira enquanto pilotava no circuito do Concours Club, um clube privado localizado na cidade americana de Opa-Locka, na Flórida. Não houve acidente, pois Ferran passou mal e encostou nos boxes a tempo de ser levado ao hospital com vida, mas não resistiu.
Nascido na França, filho do engenheiro mecânico Luc de Ferran, mas criado no Brasil desde os quatro anos, Gil de Ferran tinha nacionalidade brasileira e, embora nunca tenha alcançado a Fórmula 1, modalidade mais popular do automobilismo, viveu sua melhor algum tempo depois da morte de Ayrton Senna, falecido em 1994, por isso herdou um pouco do carinho que os fãs de velocidade tinham pelo tricampeão da F-1.
Ferran já havia vencido a Fórmula 3 em 1992, mas ficou mais conhecido ao chegar à Indy em 1995. O primeiro título veio cinco anos depois, em 2000, correndo pela Penske, assim como no bicampeonato, conquistado no ano seguinte. Em 2003, foi o vencedor da tradicional disputa das 500 Milhas de Indianapolis em uma edição histórica para o automobilismo brasileiro, pois o pódio foi completado por seus compatriotas Helinho Castroneves e Tony Kanaan.
No início da carreira, em 1993, depois de se destacar na Fórmula 3, chegou a participar de um teste da equipe Footwork para ingressar na Fórmula 1. A oportunidade, contudo, não se traduziu em uma vaga, até porque ele teve de lidar com uma batida na cabeça sofrida em meio a toda ansiedade e pressão da avaliação.
"Depois de 20 ou 30 voltas deu cãibra nas costas, câibra na bunda, no punho e disse 'meu Deus, eu preciso descer do carro’. Falei que precisava ir ao banheiro. Moral da história: saí pensativo, olhando para baixo, pensando em como ia administrar o dia e não vi a tampa do armário do caminhão e pimba! Arregaçou um pedaço da minha cabeça, tive que tomar 10 pontos e acabou o teste", contou em entrevista à jornalista Mariana Becker, em 2020.
Atualmente, Ferran vinha trabalhando nos bastidores da principal categoria do automobilismo, pois atuava como consultor para a McLaren, equipe na qual também já foi diretor esportivo e responsável pelo departamento de Fórmula Indy. Antes, exerceu cargos diretivos nas extintas Honda e British American Racing.