Mansão de R$ 27 milhões e amigos: como vive Daniel Alves após soltura

Atleta foi condenado por estuprar mulher em boate

  • Foto do(a) author(a) Alô Alô Bahia
  • Alô Alô Bahia

Publicado em 8 de abril de 2024 às 16:27

Daniel Alves Crédito: Reprodução

O ex-jogador baiano Daniel Alves é, há duas semanas, um homem livre. O Tribunal de Barcelona concordou com a sua libertação provisória — mediante o pagamento de uma fiança de 1 milhão de euros e outras medidas restritivas — enquanto aguarda uma sentença definitiva, depois da condenação a 4 anos e meio por agressão sexual.

De acordo com apuração do jornal O Globo, o ex-lateral do Barcelona verbaliza aos seus mais próximos a sua convicção íntima de que, mais cedo ou mais tarde, será absolvido e poderá restaurar a sua imagem pública. Ele acredita ainda que, com o tempo, poderá continuar trabalhando (embora não mais como jogador) no mundo do futebol. Seu último jogo como jogador profissional foi no dia 8 de janeiro, pelo Pumas do México, contra o Juárez.

Nestes primeiros dias de liberdade, o baiano passa a maior parte das horas na sua casa em Esplugues de Llobregat, onde vive com a mulher, a modelo Joana Sanz. O local é muito diferente do presídio Brians 2, onde ficou durante 14 meses até 25 de março.

Alves comprou a mansão por cerca de 5 milhões de euros (R$ 27 milhões, na cotação atual) na época em que jogava pelo Barcelona. O imóvel o ajudou a provar à Justiça que tem raízes na cidade espanhola. Os juízes levaram este fator em consideração ao concluírem que o risco de fuga — motivo pelo qual estava em prisão provisória — foi mitigado.

Alves poderia ficar em liberdade se pagasse a fiança, concordasse em permanecer na Espanha e ficasse longe da vítima.

Isolado do ruído gerado pelo seu caso, o ex-atleta baiano recebe esporadicamente amigos enquanto avalia o seu futuro. Embora seus bens estejam bloqueados no Brasil devido a uma disputa com a ex-mulher, ele conta com um colchão financeiro mais do que generoso — é um dos jogadores de futebol mais bem-sucedidos da história — e, além disso, está recebendo retornos milionários em processos fiscais na Espanha.

Alves, porém, ficou sem emprego e sem renda após ser condenado por agressão sexual. Depois do contrato com o Pumas, também caíram os contratos de patrocínio e publicidade, que rendiam quantias significativas em direitos de imagem.

A preocupação com o seu futuro corre paralela à luta que mantém para conseguir não apenas uma redução da pena, mas uma absolvição. Ele afirma sua inocência, embora a Justiça, por enquanto, diga o contrário. A sentença proferida pelo Tribunal de Barcelona considera ter ficado comprovado que Alves estuprou a jovem de 23 anos sem o seu consentimento e com “uso de violência” num banheiro da área VIP da boate Sutton.

A pena foi baixa (4 anos e meio) porque os juízes aplicaram uma medida atenuante depois de Alves ter pagado os 150 mil euros de indenização que o Ministério Público reclamava pelos danos morais causados ​​à vítima. A vítima, porém, foi atacada no julgamento e durante todo o processo; dados pessoais dela foram divulgados nas redes sociais de parentes do jogador.

DNA e digitais: o que diz o recurso de Alves

Os juízes deram credibilidade ao depoimento da vítima sobre a penetração não consentida no banheiro, mas admitiram que o seu relato da meia hora anterior, na área VIP de Sutton, não corresponde ao que mostram as câmeras de segurança. A vítima descreveu uma situação de medo e repulsa ao jogador de futebol, mas as imagens mostram uma aproximação entre eles.

Alves quer usar este descompasso para atacar a sentença e pede, no recurso que já apresentou ao Superior Tribunal de Justiça da Catalunha, a absolvição.

“Apenas entre 10 e 20% do que foi declarado pela vítima foi aceito como verdadeiro”, afirma a defesa, realizada por Inés Guardiola, a advogada criminal que concretizou o desejo do jogador de sair da prisão. Segundo ela, não se trata tanto de haver duas versões conflitantes e inconciliáveis, mas sim, de que a história do acusado é “verificada através de provas”, como os restos biológicos e os vestígios lofoscópicos (pegadas) encontradas no interior do sanitário.

O recurso contra a sentença, com quase 200 páginas, pede a absolvição do jogador e aponta que, além das histórias concorrentes, “as provas objetivas ratificam a versão de Alves”. Sobre o alegado uso de violência, o documento destaca que não foram encontrados ferimentos de qualquer natureza, além de um “pequeno” nos joelhos da mulher, compatível com a prática da felação. Três horas depois dos acontecimentos, foi encontrado DNA na cavidade oral da jovem.

Apesar de não ter havido lesões vaginais, a sentença do ex-jogador lembra que, “para a configuração de agressão sexual, não é necessário que ocorram lesões físicas, nem que haja provas de oposição heroica da vítima ao estabelecimento de relações sexuais”. A defesa, no entanto, insiste na sua argumentação e considera que também é fundamental a posição das impressões digitais da mulher no banheiro. Segundo a defesa, elas são incompatíveis com a versão da vítima. “Alves foi condenado com declaração de denunciante incompatível com evidências científicas”, finaliza a defesa.

Para o tribunal, entretanto, ficou claro que a questão principal, o consentimento, não ocorreu. Mais ainda, a Justiça considerou comprovado que o jogador “subjugou a vontade da vítima com o uso da violência”. A acusação também entrou com recurso para que a pena de Daniel Alves seja aumentada.

A nova sentença ainda pode demorar entre seis meses e um ano para ser proferida e, em caso de nova condenação, Alves ainda poderá recorrer ao Supremo do país. Enquanto isso não acontecer, e se continuar a cumprir as medidas restritivas, permanecerá em liberdade provisória.