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Alan Pinheiro
Publicado em 23 de agosto de 2024 às 05:00
A rotina de um jogador de futebol no Brasil convive com um calendário apertado durante toda a temporada, o que pode ocasionar desde lesões mais leves a casos onde o atleta fique meses ausente dos treinos. No cotidiano desses profissionais, é comum a procura de tratamentos para auxiliar a recuperação da condição física. Três jogadores do Vitória acharam esse reforço na terapia hiperbárica.
Willian Oliveira, Willean Lepo e Luan Santos realizam sessões de tratamento antes e depois dos jogos do Leão, como forma de auxiliar o recovery e melhorar o desempenho nos jogos. Desses, somente Luan já fazia o tratamento antes de chegar à equipe baiana. De acordo com o médico hiperbarista Gabriel Mendes, responsável pelas sessões, os jogadores relataram não sentir mais câimbras durante os jogos.
Segundo Gabriel, o ar respirado em condições normais contém 21% de oxigênio em uma pressão de 1 atmosfera ao nível do mar. Ao entrar na câmara hiperbárica, o paciente respira oxigênio a 100% em uma pressão de duas a três vezes a pressão atmosférica. Isso faz com que o fluxo de oxigênio na corrente sanguínea aumente em até 20 vezes, estimulando a formação de novos vasos sanguíneos e atuando diretamente na cicatrização.
A Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) é um tratamento médico empregado no Brasil há mais de 30 anos, regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) desde 1995. É indicado para tratamento de infecções, inflamações, isquemias, tais como: feridas de diabéticos, complicações de cirurgias, osteomielites, úlceras crônicas de pele, lesões pós-radioterapia e outras especificadas na resolução 1.457/95 do CFM.
No mundo dos esportes, os atletas optam pela hiperbárica pela melhora da irrigação sanguínea, o que leva mais sangue, células anti-inflamatórias e nutrientes para áreas carentes, otimizando a cicatrização. Além disso, essa terapia age como um anti-inflamatório, reduzindo inchaço, edema, inflamação e, consequentemente, a dor.
A redução na inflamação, consequentemente, diminui a fadiga muscular do atleta. Segundo explica o médico, essa fadiga pode ser um dos fatores que explicaria um desempenho abaixo de um jogador que não costuma errar e a hiperbárica funcionaria para prevenção. No entanto, Gabriel ressalta que a terapia não é uma solução para o problema, mas uma ferramenta que deve ser uma aliada no processo de recuperação.
“Digamos que um atleta como Matheuzinho começa a errar passes, perder divididas e parece lerdo no jogo. Não é que eu esteja querendo defender, mas uma das justificativas é que o atleta está com a fadiga central elevada. Ele recuperou a musculatura, mas a mente dele ainda está fadigada. O cérebro consome cerca de 20% a 30% da nossa energia diária. Ele pode ter dormido pouco, se alimentado mal, se hidratado mal e essa fadiga central interfere na própria percepção do paciente, na noção de espaço e de força. Ele toca a bola errado e pode parecer meio aéreo em campo”, explica.
Ideal para tratar lesões comuns, como entorses e fraturas, a OHB promove uma cicatrização mais rápida e eficiente. “Essa recuperação otimizada acontece porque a OHB estimula a regeneração celular, possui propriedades anti-inflamatórias, promove a cicatrização de lesões musculares e trata dores crônicas e agudas. Assim, o atleta consegue participar da competição respeitando os limites do próprio corpo e continua realizando sessões para alcançar uma recuperação plena”, destaca Gabriel.