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Estadão
Publicado em 24 de dezembro de 2024 às 08:49
Não só de talento se faz um grande tenista. É preciso também profissionalismo e estrutura sólida nos bastidores para um jovem atleta brilhar no circuito. E também neste aspecto o jovem João Fonseca vem se destacando no circuito, após brilhar nesta temporada. Aos 18 anos, ele já conta com uma equipe consolidada para cuidar da sua preparação técnica e física. Tem patrocinadores de peso e o apoio incondicional dos pais, que atuam ainda como seus empresários com suas bagagens de gestores profissionais.
Fonseca ganhou as manchetes ao longo da semana passada, principalmente no domingo, ao se sagrar campeão do Torneio Next Gen Finals, competição que reúne os oito melhores do mundo até 20 anos. O carioca tem 18 e se tornou apenas o terceiro desta idade a levantar o troféu. Os outros foram o italiano Jannik Sinner, número 1 do mundo, e o espanhol Carlos Alcaraz, ex-líder do ranking - os dois dividiram os quatro troféus de Grand Slam de 2024.
O título conquistado de forma invicta em Jeddah, na Arábia Saudita, com performances elogiadas no mundo do tênis, colocou Fonseca definitivamente na lista de promessas mundiais. Ele já tinha do título juvenil do US Open, no ano passado, e o posto de número 1 do mundo da categoria.
Se Fonseca conseguirá igualar títulos e status de Sinner e Alcaraz no futuro, é impossível prever. O presente do tenista, por outro lado, já conta com estrutura incomum para atletas desta idade no tênis nacional. Fonseca tem uma equipe consolidada, encabeçada pelo técnico Guilherme Teixeira, com o apoio do fisioterapeuta Egídio Magalhães Júnior e do preparador físico Emmanuel Jimenez.
Pelo menos dois deles acompanham Fonseca em todos os torneios do calendário, o que é quase um luxo no tênis brasileiro. Para feito de comparação, Beatriz Haddad Maia, número 1 do Brasil e Top 20 do mundo, precisou de anos de circuito para ter uma equipe que a acompanhasse em quase todas competições.
Os impedimentos são, como de costume, os custos elevados de bancar dois ou três profissionais em torneios pela Europa, Ásia e Estados Unidos. O tenista precisa bancar passagens aéreas, diárias de hotel, alimentação, transporte local, além do próprio salário, dos membros de sua equipe. E tudo isso com um câmbio nada favorável.
Com seu técnico, Fonseca já tem uma relação estabelecida no circuito. Guilherme Teixeira trabalha com o adolescente desde os 12 anos da idade. "O Guilherme é quase um pai pra mim. Tive a sorte de conhecê-lo quando eu tinha 12 anos e treinava no Country Club (de Ipanema, no Rio de Janeiro)", conta o tenista. "Converso com ele sobre qualquer coisa, só tenho a agradecer por tê-lo na minha vida. Essa relação entre técnico e jogador é muito importante para os dois, não só para o atleta."
Em razão da idade do seu pupilo, Teixeira orienta até mesmo a relação de Fonseca com as redes sociais. "Normalmente nos torneios, em um combinado com o meu treinador, eu fico sem muito acesso ao Instagram e fico só falando no WhatsApp com as pessoas mais próximas da minha equipe, alguns amigos e a família", disse o tenista em entrevista ao Estadão.
Juntos, eles definem também como será calendário e projeções de ranking - o brasileiro é o atual 145º do mundo. "Sei que tem muita coisa pela frente. Tenho metas de ranking, de títulos mas isso é mais pessoal e converso com meu treinador. Não gosto de falar porque vai criar expectativas."
A equipe técnica é respaldada pelos pais de Fonseca, que sempre foram esportistas amadores e tem larga experiência em gestão profissional. Christiano Fonseca Filho é do mercado financeiro e é sócio cofundador da IP Capital. Roberta Fonseca, a mãe do tenista, já organizou evento esportivos.
Eles cuidam da gestão da carreira de Fonseca, com presença constante nos torneios. No domingo, viram in loco a vitória do filho na final do Nex Gen, o que rendeu ao jovem atleta a incrível soma de US$ 526.480,00 (premiação equivalente aos grandes torneios do circuito), cerca de R$ 3,3 milhões.
Ao ser informado sobre o valor que receberia, por ter sido campeão invicto, Fonseca não escondeu o sorriso. "Não posso dizer que isso é ruim", brincou o brasileiro de 18 anos. "Eu sou jovem. Felizmente, tenho os meus pais para me ajudar com o dinheiro, que é bastante coisa."
A gestão familiar ganhou um novo integrante no segundo semestre deste ano. Fonseca passou a ser agenciado também pelo empresário Gustavo Abreu, que também tem larga experiência no mercado financeiro e é próximo da família. Abreu fará a conexão mais fina de Fonseca com os torneios e eventos esportivos.
PATROCÍNIOS
A boa gestão familiar da carreira de Fonseca já rendeu bons contratos com patrocinadores de peso. O primeiro grande parceiro é a empresa suíça ON, de produtos esportivos e que tem como sócio ninguém menos que Roger Federer. O brasileiro foi um dos três primeiros tenistas a receber tal apoio, com apenas 16 anos. Os outros foram a polonesa Iga Swiatek, então número 1 do mundo, e o americano Ben Shelton, maior promessa dos Estados Unidos nos últimos anos.
Fonseca tem o apoio também da tradicional Rolex, sempre presente nos grandes torneios e no currículo dos maiores tenistas do circuito, e da JF Living, construtora especializa em empreendimentos de luxo e que tem como um dos sócios Jorge Felipe Lemann, filho do bilionário, ex-tenista e mecenas do esporte Jorge Paulo Lemann.
O jovem brasileiro conta em seu portfólio com o suporte da XP Investimentos. Fonseca foi escolhido a dedo por Guilherme Benchimol, fundador e ex-CEO da empresa, antes mesmo de despontar no juvenil - não por acaso foi figura constante nas redes sociais do empresário nos últimos dias. O adolescente carioca tem ainda o apoio da Yonex Tennis, que fornece o material esportivo do atleta.