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Marina Branco
Publicado em 27 de dezembro de 2024 às 11:10
Na lista de metas do Bahia para o ano novo, fazer uma campanha bonita na Libertadores da América está, sem dúvidas, escrita em letras garrafais. Trinta e cinco anos depois de sua última participação, em 1989, o primeiro clube brasileiro a disputar a competição se classificou mais uma vez, e fará a quarta campanha de sua história no torneio.
Na nova competição do calendário, o caminho não promete ser fácil, mas com certeza muito interessante. Para alcançar a fase de grupos da competição, o tricolor baiano precisará vencer dois adversários na chamada Pré-Libertadores.
O clube brasileiro chega na segunda fase do torneio, em que enfrentará o boliviano The Strongest em jogos de ida, fora de casa, e volta, na Arena Fonte Nova. Caso consiga a classificação, o Bahia encontrará o vencedor da partida entre Boston River (Uruguai) e Ñublense (Chile).
Quando se pensa no primeiro confronto do Bahia, o que mais assusta não está em um jogador, na técnica ofensiva ou no peso da camisa. Está, na verdade, no estádio em que o jogo de ida será realizado.
Para vencer o aurinegro boliviano na casa deles, o Bahia precisará superar as dificuldades impostas pela altitude, que marca 3.600 metros acima do nível do mar em La Paz, cidade em que a disputa será realizada.
O problema da altitude ganhou proporção internacional em 2013, quando Lionel Messi e seus parceiros da Seleção Argentina precisaram usar máscaras de oxigênio em jogo contra a Bolívia na capital.
Os jogadores do The Strongest já estão mais do que acostumados, mas não é possível dizer o mesmo do tricolor. No histórico de clubes brasileiros que já encararam esse desafio, os dados são desanimadores, sem uma vitória há mais de dez anos, desde que o Atlético-MG venceu em 2013, ainda com Ronaldinho Gaúcho.
Desde então, São Paulo, Athletico, Internacional, Santos, Fluminense e Grêmio tentaram, mas todos falharam. O problema não é dos brasileiros - é a dificuldade que se coloca muito alta, já que, como mandante, o clube tem um histórico excelente.
Presente na Libertadores desde 2012 sem falta, o clube só passou um jogo sem fazer gol em casa, perdendo de 1 a 0 para o Boca Juniors em 2021, última vez em que perdeu no próprio estádio. No ano passado, o Tigre foi até as oitavas de final, caindo para o Peñarol, mas não perdeu em La Paz nenhuma vez, marcando oito gols e não sofrendo nenhum.
Assim, a expectativa é que o Bahia sobreviva no jogo de ida, em 18 de fevereiro, no Estádio Hernando Siles, e vença a volta em casa, na Fonte e em pleno carnaval, dia 25 de fevereiro.
Em 2024, foram 30 jogos vencidos dentre os 50 disputados, com oito empates e doze derrotas. Até então, o clube não tem contratações na janela de transferências, contando apenas com a saída do goleiro Guillermo Viscarra.
Com isso, é provável que o time que enfrentará o Bahia seja composto por Johan Gutiérrez, Maximiliano Caire, Ronald Bustos, Darío Aimar, Adrián Jusino, Jaime Arrascaita, Michael Ortega, Joel Amoroso, Jeyso Chura, Luciano Ursino e Enrique Triverio, artilheiro do time em 2024 com 12 gols marcados.
Já no estilo de jogo, os clubes são bem parecidos. O Tigre costuma focar no meio de campo, assim como o Bahia, abusando dos passes e ocupando o espaço central. Assim, o duelo entre os dois promete muita marcação e jogo físico, deixando a diferença entre ambos para as finalizações.
Se o The Strongest é velho conhecido da Libertadores, o Ñublense é o contrário. Estreante em 2023 e ex-adversário do Flamengo na competição, o chileno teve um empate e uma derrota quando enfrentou o rubro-negro brasileiro.
Sem grandes títulos no currículo, contando apenas com premiações de segunda e terceira divisão, os ‘diabos vermelhos’ jogam no Estádio Municipal Nelson Oyarzún Arenas, que pertence à prefeitura de Chillán, pequena cidade de 200 mil habitantes.
A principal peça do clube atualmente é o centroavante Patrício Rubio, acompanhado de Gabriel Graciani e Bayron Oyarzo.
Para o Bahia, a outra opção é o Boston River, tão calouro quanto o Ñublense. Jogando sua primeira Libertadores também em 2023, o clube uruguaio também não tem títulos de destaque em sua história, disputando a primeira divisão de seu país pela primeira vez em 2016, apesar dos 85 anos de história.
Em 2022, o time alcançou a quarta colocação do Campeonato Uruguaio, se classificando para a Libertadores de 2023. Lá, venceu o clube venezuelano Zamora na primeira fase, mas caiu para o argentino Huracán já na segunda, não alcançando a fase de grupos do torneio.
Assim, o desafio enfrentado pelo tricolor baiano na segunda fase promete ser maior do que o da terceira. Dentre todos os clubes, jogadores e duelos, o maior a ser superado para chegar à fase de grupos é o grande algoz do Bahia na Libertadores - a altitude.