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Emerson Ferretti: 'Queremos um sócio satisfeito com a condução do clube'

Ex-goleiro e ídolo tricolor é um dos candidatos à presidência do Bahia

Publicado em 30 de novembro de 2023 às 16:35

Emerson Ferretti, candidato à presidência do Bahia
Emerson Ferretti, candidato à presidência do Bahia Crédito: Divulgação

A torcida do Bahia conhece muito bem o jogador Emerson, como ídolo e goleiro que mais vezes vestiu a camisa do Esquadrão: 266 vezes, com um bicampeonato de Copa do Nordeste e uma conquista de Campeonato Baiano. Agora, ele se apresenta à nação tricolor como Emerson Ferretti, candidato à presidência do clube, em eleição que acontece no próximo sábado (2).

Para além das quatro linhas, Emerson é formado em administração e pós-graduado em Gestão Esportiva, desenvolveu projetos junto à Prefeitura de Salvador e ao Governo do Estado da Bahia, e foi presidente do Ypiranga de 2010 a 2017, local que serviu para trazer aprendizados para a oportunidade de estar à frente do tricolor. “Não se passa oito anos resolvendo problemas sem aprender nada”, comenta o candidato, aos risos.

No sábado, cerca de 7,8 mil sócios do Bahia poderão escolher o presidente e o Conselho Deliberativo do clube para o triênio 2024-2026 que, como associação, detém 10% dos direitos da SAF e tem o dever de fiscalizar e garantir o cumprimento do contrato assinado com o Grupo City.

Confira abaixo a entrevista de Emerson Ferretti ao CORREIO.

O Bahia Associação tem muito menos sócios que a SAF. De que forma você pretende trabalhar para alavancar esse número?

Esse é um grande desafio, que esse plano de sócio se torne atrativo para os torcedores. Em um primeiro momento, um diálogo com o Bahia SAF para que a gente possa trazer a rede de benefícios para os nossos sócios também. Se não for possível, criar a nossa própria rede de benefícios para que o sócio tenha vantagens. O segundo projeto é que o torcedor entenda em uma comunicação direta e clara que, se associando, fortalece o clube, que é dono do futebol, também dono do Bahia SAF, e que precisa estar fortalecido para poder atuar junto ao Grupo City para desenvolver o futebol do clube. Paralelo a isso, existem as modalidades olímpicas, quando tivermos inserido o Bahia neste ambiente. Nós teremos eventos esportivos das nossas equipes, produtos relacionados a essas modalidades, e o sócio terá vantagem em relação aos torcedores, assim como já funciona nos modelos tradicionais do futebol.

Como você avalia a gestão da Associação, principalmente nesse primeiro ano de SAF?

A gestão da Associação ficou comprometida por conta do fechamento do negócio. O closing (fechamento com o City) só aconteceu em maio, então durante todo o primeiro semestre do ano, os responsáveis ficaram trabalhando nisso, que era prioridade. A partir daí, houve apenas a espera desse momento de eleições para entregar para o próximo presidente. Então a gente praticamente começa o trabalho do zero, com o quadro de funcionários reduzido, uma sede pequena, que também temos o projeto de levar para dentro da Arena Fonte Nova.

Qual é a principal ação a ser tomada de imediato na gestão da Associação?

São várias. Montar uma equipe de trabalho qualificada, se aproximar do Grupo City para poder trabalhar junto no desenvolvimento do futebol do clube, trabalhar para trazer a sede do clube para a Fonte Nova, criar a Fundação Esquadrão, elaborar projetos na área olímpica para que possamos captar recursos e inserir o Bahia num ambiente olímpico e, por último, mas não menos importante, fortalecer o nosso plano de sócios para cuidar de nosso torcedor, e atuar junto à Arena Fonte Nova para que tenham benefícios e vantagens na nossa casa. Antes disso, montar a equipe de trabalho e fazer um planejamento estratégico para que o Bahia possa iniciar seu trabalho.

Sem a gestão do futebol, o trabalho da Associação fica um pouco mais longe dos holofotes. De que maneira você pretende comunicar o trabalho da diretoria para o torcedor sem que pareça algo chato e burocrático?

O interesse não são os holofotes, e sim fazer um bom trabalho para o Bahia. Fazendo esse trabalho bem feito, a percepção vai chegar até a sociedade. A comunicação é importante, porque a gente precisa comunicar ao nosso sócio o que está sendo realizado. Uma das grandes conquistas do Bahia foi a transparência, e ela se dá através da comunicação. Existem várias frentes de trabalho. O futebol dá mais holofotes, mas todas as outras são importantes e relevantes para o clube. Vamos montar uma boa equipe de comunicação para que se mostre o que está sendo feito no clube nas outras áreas que estamos nos propondo a trabalhar.

Quais outros esportes estão em pauta como prioridade de desenvolvimento do clube?

Todos os possíveis. Claro que não dá para abraçar todos em um primeiro momento, são 32 esportes e 48 modalidades olímpicas. Primeiro, temos que fazer escolhas, e para isso faremos um estudo de viabilidade para saber quais esportes abraçar inicialmente. Existem os esportes individuais, que necessitam de menos recursos iniciais, aqueles que já temos um trabalho muito bem feito aqui na Bahia, como o boxe, natação, já temos atletas de referência, e existem os esportes coletivos, que demandam mais recursos financeiros e tempo para implementar. Nossa ideia é que nos primeiros seis meses, nós já tenhamos cinco modalidades olímpicas sendo trabalhadas, pelo menos duas ou três individuais. Temos um universo grande porque já existe estrutura na cidade para a prática de skate, vôlei de praia, basquete 3x3, tênis, remo, vela, entre outros. São todas modalidades que o Bahia pode abraçar em um primeiro momento, trazer atletas de referência, montar suas equipes e participar das competições.

De que forma você imagina que o fomento a esses esportes pode aproximar o torcedor do clube?

Acho que a marca “Bahia”. Quem ama o Bahia, onde estiver a marca inserida, um atleta ou uma equipe do clube, naturalmente o torcedor se motiva. Contamos com a paixão do torcedor para torcer pelo boxe do Bahia, basquete, surfe, tênis, vôlei de praia do Bahia. Logicamente que precisa ser feita uma boa comunicação, e a entrada do Bahia no ambiente olímpico local vai fortalecer essas modalidades. Um clube com uma marca forte, em condição de buscar parcerias de empresas com capacidade financeira grande, e isso vai estimular o esporte local, onde ele estiver. Com isso, vai estimular o público a participar, praticando e assistindo esse esporte, consumindo produtos relacionados a ele.

Por falar em torcida, há anos se fala da relação do Bahia com o interior do estado. Como você planeja uma melhor difusão do clube pelo território baiano?

A gente conta muito com o estreitamento de relacionamento com as embaixadas. Essa comunicação precisa ser estreitada, precisamos ouvir deles quais são as necessidades para poder trabalhar junto e atendê-las, mas é fundamental para a interiorização da marca uma comunicação aberta e franca com essas embaixadas, para fazer um trabalho em conjunto.

Você estabeleceu metas macro para cada ano de sua gestão? Quais são elas?

No primeiro ano, a ideia é fundar a Fundação Esquadrão, levar a sede do clube e da fundação para a Fonte Nova, ter pelo menos cinco modalidades olímpicas já sob o trabalho do Bahia, e criar uma rede de benefícios para os nossos sócios que seja muito vantajosa, junto com o trabalho das embaixadas, de fortalecimento da marca em outras cidades e estados. Conseguindo fazer isso no primeiro ano, já é um grande avanço. Nos outros anos, é a sequência do trabalho. A partir do momento que tivermos modalidades olímpicas, expandir o trabalho de acordo com o que observamos. A fundação também criar projetos, para cuidar do nosso povo, de nossa torcida, e o plano de sócios sempre estar fortalecendo.

De que forma seu plano de gestão será afetado com um eventual rebaixamento do Bahia?

Quando os resultados de campo não aparecem, isso impacta na motivação de todo mundo, mas é momentâneo, porque o amor não desaparece, assim como a vontade de que o clube volte forte. Pode dar uma frustrada, mas independentemente de estar na Série A ou na B, vamos iniciar o trabalho com muita vontade.

Qual você considera o maior aprendizado quando foi presidente do Ypiranga e que pretende trazer para o Bahia?

Ypiranga foi a primeira experiência prática de gestão. Quando eu cheguei, estava numa situação de quase fechamento completo de suas portas. Foi a recuperação de um clube, de oito anos resolvendo problemas. Não se fica esse tempo todo resolvendo problemas sem aprender nada (risos). Eu aprendi muito a gestão na prática, o que eu já tinha na teoria como acadêmico eu pude aplicar, testar no Ypiranga e avaliar se os resultados foram positivos ou não, e fomos aprendendo no dia a dia. Foi um trabalho num outro cenário do que eu vou encontrar agora no Bahia, de uma marca forte, com orçamento, receita, estrutura e torcida, mas que me deu um aprendizado muito grande para estar qualificado a não cometer erros que todos os gestores cometem. É normal quem tem o poder de decisão cometer erros, mas é importante que os acertos sejam muito maiores.

Um dos seus planos de gestão é a Fundação Esquadrão. Explique como será o funcionamento dela.

A Fundação vai ser criada sob a tutela do Esporte Clube Bahia. Vai ser nos moldes da Fundação Barcelona e Fundação Benfica, que são referências no mundo de clubes que usam o esporte como ferramenta de transformação social. A Fundação vai ser o fortalecimento do legado social que o Bahia já iniciou com o Núcleo de Ações Afirmativas, das ações de um clube socialmente responsável. Vai ser criada para cuidar do nosso torcedor, de nosso povo e da sociedade, através de vários projetos nas áreas esportiva, cultural e social. São quatro metas a serem atingidas. Um trabalho social muito consolidado com a Fundação Esquadrão, um Bahia forte no ambiente olímpico e em outras modalidades, um sócio satisfeito com a condução do clube, orgulhoso, e um futebol forte e campeão, que também somos sócios e donos, e vamos participar da gestão junto ao Grupo City.