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Em clima de cordialidade, primeiro Ba-Vi durou 20 minutos e teve triunfo do Bahia

No dia 10 de abril de 1932, primeiro embate entre Bahia e Vitória acontecia no Campo da Graça

  • Foto do(a) author(a) Alan Pinheiro
  • Alan Pinheiro

Publicado em 1 de fevereiro de 2025 às 09:00

O primeiro 'Ba-Vi' foi disputado no Campo da Graça, em 1932
O primeiro 'Ba-Vi' foi disputado no Campo da Graça, em 1932 Crédito: Paulo Leandro/Acervo Pessoal

O dia primeiro de fevereiro de 2025 vai ficar para a história como o dia em que Bahia e Vitória se enfrentaram pela 500ª vez na história. Se dentro de campo, cada um dos 22 jogadores vai encarar a oportunidade como única para entrar para a história do confronto, os torcedores estarão acompanhando das arquibancadas ou de casa mais um clássico Ba-Vi embalados pelo espírito da rivalidade. Celebrar o marco também é relembrar os outros 499 jogos que moldaram o fenômeno futebol para fora do campo, principalmente o dia que deu início a tudo.

O que hoje é encarado como um evento que move paixões e multidões teve seu início - ainda embrionário - no ano de 1932. Apesar da fundação do Vitória datar do século 19, mais precisamente em 1899, a instituição começou como um clube de cricket. Os anos se passaram e os Leões da Barra tinham os esportes aquáticos como prioridade. Da junção do Clube Bahiano de Tênis e da Associação Atlética da Bahia, surge o que chama-se hoje de Esquadrão de Aço em 1931.

Um ano após a fundação do Esporte Clube Bahia ocorreu o primeiro confronto entre as duas equipes. No dia 10 de abril de 1932, perfilados no gramado do Campo da Graça, na Avenida Euclydes da Cunha, os dois times se enfrentavam pela primeira vez, pelo Torneio Início do Estadual. Como a competição servia como uma partida de exibição, preliminar do Campeonato Baiano, a duração não passou dos 20 minutos.

Apesar do pouco tempo, foi o suficiente para que o pontapé inicial na relação entre as duas equipes fosse dado. Na partida apitada pelo árbitro Vivaldo Tavares, Raúl marcou duas vezes e Gambarrota deu números finais ao jogo. Logo de cara, 3x0 para o Bahia. Placar elástico nos dias atuais seria sinônimo de gozação para uns e dor de cabeça para outros, mas a rivalidade ainda estava em estágio embrionário, além de que o clima do evento era de cordialidade entre as duas equipes.

Escalação do Bahia: Teixeira Gomes; Leônidas e Odilon; Mílton, Canoa e Gia; Bayma, Wanderley, Raúl, Rubinho e Gambarrota.

Escalação do Vitória: Walter; Gilberto e Alencar; Raymundo, Zezito e Carneiro; De-Vecchi, Manelito, Romeu, Coutinho e Zelito Magalhães.

Sentimento de paz

O jornalista Paulo Leandro explica que o sentimento de hostilidade relacionado à rivalidade não existia. Antes, as relações entre os times eram de fraternidade, que pode ser vista na fotografia com as duas equipes. "Você vê na foto jogadores do Bahia deitados próximos aos do Vitória e todos posando juntos. É uma imagem emblemática de como o jogo entre Bahia e Vitória nasceu na paz. Sem violência, sem estresse, sem rusgas", explicou.

Em sua dissertação do doutorado, nomeada como "Ba-V: da assistência à torcida: a metamorfose nas páginas esportivas", Paulo Leandro descreveu o ambiente entorno do Campo da Graça. "Os capitães dos dois times trocam corbeilles e flâmulas. Posam juntos para fotografias. Os melhores lances são recebidos com aplausos moderados pelos discretos fãs vestidos em traje de domingo, acompanhado por chapéu tipo panamá. Os mais elegantes usam paletó. A arrecadação não é divulgada e os cracks não recebem qualquer remuneração nem têm seus nomes gritados como heróis. Silêncio e moderação à saída do estádio", escreveu.

Essa atmosfera pacífica nos primeiros anos de jogos entre Bahia e Vitória também era disseminada pelos próprios jogadores fora da área de exercício. Vencedores e derrotados jantavam juntos. Aqueles que perdiam aprendiam nas derrotas e a trapaça não tinha vez. "Era um momento da vida e do desporto no qual o olimpismo ainda era muito forte e era predominante. Nós não tínhamos, nesses primeiros anos do confronto entre Vitória e Bahia, o que a gente tem hoje, esse ânimo exaltado", diz o jornalista.

Apesar do primeiro jogo em 1932, Paulo Leandro rejeita o termo "rivalidade" para se referir às primeiras partidas entre as duas equipes e explica que o termo "Ba-Vi" só veio a surgir com o advento da Fonte Nova, quando o jornalista Carlos Libório se inspirou no Fla-Flu para criar a abreviação, "poupar espaço" no papel do jornal e marcar para sempre a história das maiores multidões de aficcionados pelo futebol na Bahia.