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De volta à Libertadores: O 2024 do Bahia

Em um ano sem títulos em que a sensação não foi de derrota, o tricolor baiano começa a traçar seu caminho de volta ao protagonismo do futebol brasileiro

  • Foto do(a) author(a) Marina Branco
  • Marina Branco

Publicado em 31 de dezembro de 2024 às 03:00

Ônibus do Bahia sendo recebido para o jogo pela vaga na Libertadores
Ônibus do Bahia sendo recebido para o jogo pela vaga na Libertadores Crédito: Rafael Rodrigues I EC Bahia

“Vamos para a América”. Esse é o grito que estava preso na garganta do torcedor tricolor há 35 anos, e que em 2025, finalmente preencherá as arquibancadas de todos os estádios que receberem o Bahia. Mas a realização desse sonho só será possível pelo 2024 cheio de lutas, crescimentos e ressurreições feito pelo clube.

Não foi um ano fácil. O Bahia termina a temporada deste ano sem nenhum título anotado, ficando como vice-campeão do Baianão, parando nas semifinais da Copa do Nordeste - onde a expectativa era vencer - e nas quartas de final da Copa do Brasil. Ainda assim, a sensação que fica para o tricolor não é de derrota nesta temporada.

Em 2023, apenas uma temporada atrás e na primeira com o Grupo City, a luta do Bahia era constante contra o rebaixamento. Apenas na última rodada o tricolor conseguiu se salvar, conquistando a última posição antes da zona.

Se antes o desafio era não cair, neste ano tudo foi diferente. Com o Z-4 transformado em uma realidade distante, o tricolor chegou a disputar os primeiros lugares da tabela, alcançando primeira e segunda posição na primeira metade do campeonato. O futebol brasileiro não esperava ter o Bahia brigando por título, e no início do ano, foi o que pareceu, em uma temporada que vinha se igualando à de 2019, ano de melhor campanha do Bahia em pontos corridos.

elenco do Bahia
Bahia Crédito: Letícia Martins/EC Bahia

O azar do tricolor foi, talvez, a ordem dos acontecimentos. Vindo de uma primeira metade surpreendente, o Bahia caiu em um segundo turno muito mais sofrido, com etapas em que o elenco não estava bem conectado, e a torcida frustrada pela queda de desempenho, que agora disputava entre sexta e oitava posição.

A segunda metade, com 22 pontos, acabou por ‘atropelar’ os bons momentos da primeira, com 31, resultando em dores entre time e torcedor. Boneco de Rogério Ceni pendurado no viaduto pelas escalações e trocas confusas, gritos de revolta nas arquibancadas da Fonte Nova, time cansado pelo calendário exaustivo, e tricolores falando que o clube não merece a torcida que tem.

Ainda assim, a frustração não trouxe o abandono. Em 2024, a “torcida que canta e vibra” teve a quarta melhor média de todo o Brasileirão, com mais de 36 mil pagantes e um público total de 684.409 em 19 jogos disputados em casa.

Stéfani Coutinho, líder de torcida feminina do Bahia
Stéfani Coutinho, líder de torcida feminina do Bahia Crédito: Reprodução

Caso os turnos do Campeonato Brasileiro tivessem se invertido, e o Bahia tivesse vivido uma crescente ao longo ano, talvez menos brigas entre torcedor e clube tivessem acontecido, já que a saída da luta contra o rebaixamento seria substituída por um sonho de vaga tranquila para a Sul-Americana e, posteriormente, pela meta da Libertadores.

Não foi o que aconteceu, mas ainda assim, é justo dizer que o Bahia deu um final feliz a 2024. Consolidando seu destino no Brasileirão na última semana, assim como em 2023, o Bahia conseguiu a tão sonhada oitava colocação, que o mandou direto para a segunda fase da Pré-Libertadores. O primeiro brasileiro a disputar o torneio finalmente retorna, 35 anos depois.

Protagonistas do ano

Em meio aos campeonatos, é impossível não comentar os jogadores que chegaram neste ano, e fizeram a temporada do Bahia de bola em bola. Lá em janeiro, no dia 24, os ares de renovação já começavam a despontar, com a estreia de Everton Ribeiro contra o Jacobina, em que o ex-flamenguista marcou gol no triunfo por 5 a 0. Nos 61 jogos disputados, foram seis gols e nove assistências para o recém-chegado que cumpriu as expectativas.

Everton Ribeiro celebra classificação do Bahia à Libertadores
Everton Ribeiro celebra classificação do Bahia à Libertadores Crédito: Rafael Rodrigues/EC Bahia

Quem acabou por ir ainda além do esperado foi o agora saudoso Thaciano, que deixa o Bahia para jogar no Santos, vendido por 30 milhões de reais. No Bahia, foram 15 gols anotados, garantindo a artilharia do clube. Um deles, foi ainda mais especial, quando em 12 de março o atacante cravou o gol de número 10 mil da história do clube contra o Caxias, pela Copa do Brasil.

O principal garçom foi Biel, que deu 10 assistências na temporada, frente a 9 de Cauly e Everton Ribeiro. Outro destaque fica na conta de Jean Lucas, também recém-chegado de 2024 e dono do recorde de 4.846 minutos jogados pelo tricolor. Foram também neste ano a compra de Caio Alexandre, e a negociação mais cara de todo o futebol nordestino, quando o tricolor levou o uruguaio Lucho Rodríguez por 65,3 milhões de reais - e não se arrependeu.

Lucho Bahia
Lucho pelo Bahia Crédito: Paula Fróes/CORREIO

Já para o grande mandante do time, o técnico Rogério Ceni, foi um ano no mínimo turbulento. Em 66 jogos, foram 34 vitórias, 20 derrotas e 12 empates, com 57% de aproveitamento conquistado por meio de 102 gols marcados e 67 sofridos. As estatísticas não são alarmantes, mas a ordem dos fatores as tornou.

Nunca antes o treinador teve um ano tão instável no tricolor. Com faixas escritas pela torcida o incriminando pela ‘fase ruim’ vivida na segunda etapa do Brasileiro e muita insatisfação, Ceni precisou se provar jogo após jogo ao longo de toda a temporada.

Foram tentativas incessantes de proteger o grupo das críticas que chegavam a dar a sensação de que ele não percebia os problemas, ideia que só foi desconstruída na última coletiva do ano, quando Ceni falou abertamente sobre a situação pela primeira vez, após conquistar a vaga da Libertadores contra o Atlético-GO por 2 a 0.

Rogério Ceni
Rogério Ceni em coletiva Crédito: Rafael Rodrigues/EC Bahia

Apesar de tudo, foi neste ano que Ceni se consagrou como o primeiro técnico em mais de 15 anos a começar e terminar uma mesma temporada com o Bahia, que vinha de uma sucessão de treinadores que não se adaptaram ao clube.

Entre brigas e alívios, a evolução do técnico no tricolor é, além de possível, provável, precisando apenas de mais flexibilização para repensar decisões de elenco e identidade de jogo, que atualmente para o Bahia é concentrada quase que inteiramente no meio campo. Com um time mais rotacionável e aberto a testar possibilidades, talvez as pazes sejam feitas e 2025 venha de maneira mais tranquila para o treinador.

O significado de 2024 para o Bahia

Entre altos e baixos, o que o ano de 2024 deixou claro é que o Bahia está construindo seu caminho de volta ao protagonismo no futebol brasileiro. A médio ou longo prazo, a nova ascensão já começa a despontar, marcada pela grande mudança que transforma a Libertadores no maior campeonato disputado pelo clube no ano, no lugar do Brasileirão.

Se adaptando a um time, com sorte, mais rotacionado, e a partidas internacionais, que não eram parte da rotina tricolor há muito tempo, o maior desafio para o ano que vem seja, talvez, o calendário.

Apertando Campeonato Baiano, Copa do Nordeste, Copa do Brasil, Brasileirão e Libertadores em um calendário enxuto, o clube precisará jogar algumas vezes sem o time titular, utilizando reservas ou até mesmo base pelo menos na primeira fase de Baiano e Nordeste.

Elenco do Bahia
Elenco do Bahia Crédito: Letícia Martins/EC Bahia

Precisando de um título para renovar a relação com o torcedor, seja em uma eventual Copa do Nordeste para ressuscitar a emoção da rivalidade com o Vitória - já que o Baiano deve usar mais jovens da base, para que sejam desenvolvidos e fiquem conhecidos pela torcida -, ou em um torneio de maior peso, o desafio é consolidar o crescimento que o tricolor vem testemunhando nos últimos dois anos.

É possível sonhar em avançar na Libertadores, e quem sabe até com um G4 no Brasileirão. Mas, para isso, muito ainda precisa mudar - e que a resolução de ano novo do Bahia seja, finalmente, reconhecer e investir nisso.