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Estadão
Publicado em 7 de fevereiro de 2024 às 18:10
Daniel Alves prestou depoimento nesta quarta-feira ao Tribunal de Barcelona, na Espanha, sobre a acusação de estuprar uma mulher de 23 anos em uma boate da cidade. Ele chorou durante a sua fala e afirmou que a relação foi consensual. O jogador afirmou que consumiu bebida alcoólica e disse, ainda, que não forçou a denunciante a entrar no banheiro onde a suposta agressão sexual teria ocorrido. A audiência desta quarta-feira foi o último dia de depoimentos. Agora, a Justiça tem um prazo de 20 dias para anunciar a sentença. >
Preso preventivamente há cerca de um ano, Daniel Alves prestaria depoimento na segunda-feira, mas a juíza atendeu ao pedido da defesa para ele ser ouvido depois da mulher que o acusa, testemunhas e peritos. O jogador mudou sua versão sobre o caso por diversas vezes, trocou de defesa e teve três pedidos de liberdade provisória negados, com a Justiça citando risco de fuga do país.>
O Tribunal de Barcelona rejeitou pedido do Ministério Público da Espanha para que a audiência fosse realizada com portas fechadas As sessões aconteceram de forma aberta, com a presença da imprensa em sala à parte, mas captações de áudio e imagem estão vetadas. A mulher que denunciou Daniel Alves teve a identidade preservada e realizou o depoimento na segunda-feira, protegida por um biombo para que não tivesse contato visual com o jogador. A imagem dela foi reproduzida em vídeo para os presentes, com a imagem e voz distorcidas. A medida visou proteger a identidade da denunciante. Sua versão durou cerca de 1h30 e ela reafirmou ter sido violentada pelo atleta.>
VEJA O DEPOIMENTO COMPLETO DE DANIEL ALVES>
Me encontrei com meus amigos (três) para ir comer na Taverna del Clínic. Chegamos por volta das 14h30. A princípio, iríamos apenas comer, mas fazia muito tempo que não nos víamos e o encontro se estendeu até uma da manhã. Pedimos cinco garrafas de vinho e uma garrafa de uísque japonês.>
Bebi duas garrafas de vinho e um copo de uísque. Quando saímos do restaurante fomos para Nuba, passamos um tempo tomando uma rodada de gin tônica. Quando saímos de lá, pegamos o carro no estacionamento, Bruno estava dirigindo porque eu tinha bebido muito e não conseguia dirigir.>
Depois fomos para Sutton com Bruno. Chegamos por volta das 2h30 da manhã. Eles me acompanharam até a mesa sete. Pedi para mudar para a seis, sem qualquer impedimento. Apenas ao lado desta mesa a um banheiro próximo. Sou um cliente frequente do Sutton e sempre tenho essa mesa disponível para não ter que atravessar o clube para ir.>
A porta estava aberta. Chegamos ao estande, começamos a beber e dançar um pouco. As primeiras duas garotas vieram e ficaram dançando por um tempo. Depois, convidaram três meninas, a reclamante e suas amigas.>
Elas não ficaram nada incomodadas. Eles chegaram, começaram a nos cumprimentar. Começou uma conversa, nos mudamos, conversamos Sou uma pessoa muito próxima, mas com respeito. Acho que elas sabiam quem eu era.>
Ela colocou a mão para trás e começou a tocar nas minhas partes. Estávamos dançando, interagindo. Já estávamos mais próximos, ela começou a dançar mais perto de mim, esfregando suas partes nas minhas. Uma típica dança disco. Uma dança um pouco mais próxima. Ela colocou a mão para trás e começou a tocar minhas partes.>
Não precisei insistir para que ele fosse ao banheiro. Ela disse 'sim' para ir ao banheiro, não precisei insistir. Eu falei para ela que ia primeiro ao banheiro e esperei um pouco, pensando que ela não ia vir, que ela não queria. E quando abri a porta praticamente esbarrei nela na porta.>
Ela se ajoelhou na minha frente e começou a me fazer sexo oral. Baixei as calças e sentei no vaso sanitário. Alves imitou a posição perante o tribunal.>
A felação (sexo oral) foi praticamente toda a relação. Eu estava com as costas pressionadas. Depois ela sentou na frente das minhas pernas, quando fui ejacular, o fiz fora de sua parte íntima.>
Em nenhum momento ela me disse que não queria nada. Eu não dei um tapa nela, nem a joguei no chão. Não sou um homem violento. Ela não me disse que não queria fazer sexo.>
Nunca mais vi a reclamante e seus amigos. Quando saímos do clube, eu tinha bebido demais. Minha esposa estava dormindo na cama.>
É a mesma coisa que eu disse no segundo (depoimento à Justiça). No primeiro eu só disse sexo oral porque pensei que minha esposa poderia me perdoar. Recebi a notícia de que estavam me acusando de estupro na imprensa. Meu mundo desabou.>
Fiquei praticamente arruinado porque bloquearam minha conta no Brasil e quebraram todos os meus contratos.>
PRIMEIROS DIAS DE JULGAMENTO>
O julgamento é presidido por uma mulher, a juíza Isabel Delgado Pérez, que será acompanhada pelos magistrados Luís Belestá Segura e Pablo Diez Noval. Na segunda sessão, terça-feira, foram ouvidos três amigos do jogador que estavam na boate; três empregados da casa noturna; advogado convocado por uma amiga da denunciante; 11 policiais; policial que gravou o relato da vítima da suposta agressão do brasileiro com uma câmera na farda>
Joana Sanz, mulher de Daniel Alves, também depôs. A versão dela, dos amigos e do gerente mencionam o estado de embriaguez do jogador no dia do caso. Além deles, um sócio da boate foi ouvido e chegou a dizer que a mulher confessou a ele que entrou no banheiro da boate de maneira voluntária, mas foi impedida de sair depois. No terceiro dia, antes do depoimento, foram ouvidos peritos forenses, policiais científicos e peritos da defesa.>
A pena para este tipo de crime é de até 12 anos de reclusão, mas o Ministério Público pede nove anos de prisão. A tendência, contudo, é que o brasileiro, se condenado, permaneça recluso por no máximo seis. Isso porque no início do caso judicial, a defesa do jogador pagou à Justiça o valor de 150 mil euros (cerca de R$ 800 mil). A advogada da mulher contesta a possível redução da eventual pena. O MP solicitou, ainda, dez anos de liberdade vigiada após o cumprimento da pena em cárcere, e que ele seja proibido de se aproximar da vítima, assim como de se comunicar com ela, pelo mesmo período.>