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Fã de Jackie Chan e Dragon Ball, baiano chegou ao UFC com menos de um ano de treino

André Mascote entrará no octógono pela quarta vez neste sábado (15)

  • Foto do(a) author(a) Marina Branco
  • Marina Branco

Publicado em 14 de março de 2025 às 10:04

André Mascote, lutador do UFC, com o chapéu de cangaceiro
André Mascote, lutador do UFC, com o chapéu de cangaceiro Crédito: Divulgação I UFC

O Ultimate Fighting Championship, o UFC, é o maior campeonato de luta do mundo. Lá, os maiores lutadores do planeta se enfrentam, passando de octógono em octógono rumo ao cinturão. A luta no tatame é assistida por espectadores do mundo inteiro - mas, talvez, a que leva um lutador até lá seja ainda maior.

Com uma mistura de dedicação, sorte e amor, o baiano André Mascote saiu de Feira de Santana, interior da Bahia, e chegou ao UFC. Com um ano de treino em MMA e apenas seis lutas, a estrela alcançou a elite mundial, onde se mantém invicto até então. O resultado e o presente são inegavelmente impressionantes. Mas o caminho até aqui é muito mais.

Assistindo Jackie Chan e Dragon Ball na infância, André decidiu sair da Bahia e passar as férias da escola em São Paulo, com o irmão de sua mãe. Lá, ele visitou uma academia onde os amigos do tio treinavam, e se apaixonou. No dia seguinte, já era ele treinando no tatame.

“Não teve jeito. Liguei para a minha mãe da Bahia e falei que ia ficar em São Paulo, em Guarulhos. Que ia virar lutador”, conta. Aos dez anos de idade, com seis meses de treino, lutou e venceu o primeiro confronto. Única criança na academia de luta, ele se tornou o “mascote” da equipe, apelido que foi dado naquela época e o acompanhou até o UFC. Desde então, a paixão só cresceu, se desenvolvendo ao longo de cinco anos de muita luta.

Foi então que, quando André tinha 15 anos de idade, o tio que o abrigava em Guarulhos, SP, foi preso. O sonho de lutar chegava ao fim, e a volta para a Bahia parecia certa. Antes de voltar, ele foi se despedir do melhor amigo, que conheceu lutando, e da família com que passava os finais de semana e feriados.

“O meu irmão de criação foi o primeiro amigo que eu tive em São Paulo, o Dodô Douglas. A Carla é mãe do Dodô, e foi a primeira pessoa que eu tive contato em São Paulo. Desde criança, nos finais de semana, eu ia para lá. Final de ano eu já estava passando com eles. Eu já estava predestinado a morar com eles”.

“Eu falei, ‘ó tia’. Na época eu chamava ela de tia, nem chamava ela de mãe. ‘Estou voltando para a Bahia’. Ela falou, ‘não, vem, mora aqui. Você já vive aqui, vai continuar seu sonho lutando. Se sinta em casa. Você é meu filho também, do coração. Eu não te tive, mas você é meu filho. Fica aqui, continua lutando’”, conta.

Ele ficou. De treinos em treinos, chegou aos 17 anos, quando a equipe em que lutava fechou, e ele decidiu parar de lutar trocação, no que define como uma “época de rebeldia”. Por um ano e meio, ele parou, e passou a lutar Jiu-Jitsu.

Aos 18, começou a dar aula na academia para ganhar dinheiro. Foi então que conheceu um aluno que queria muito vê-lo lutar, e decidiu atender ao pedido. Outro amigo deu a ideia de criar uma nova equipe com os lutadores que restavam da antiga. Entre as insistências, decidiu tentar.

“Treinei um mês e pouco e fui fazer uma competição. Por coincidência do destino, eu lutei contra um atleta do meu mestre hoje em dia, meu head coach principal, o Lucas Mineiro. Ele tinha acabado de sair do UFC na época. Acabei vencendo, e despertou aquela chama de voltar a lutar novamente”, relata.

Mascote voltou para trocação, se tornou melhor do Brasil no kickboxing de 2019 a 2023, melhor atleta do país de kickboxing, três vezes campeão brasileiro e campeão pan-americano - mas ainda não conseguia se sustentar financeiramente. “A vida padrão de atleta brasileiro”, avalia.

“Não tinha um carro, não tinha uma moto, e era um objetivo meu. Você sai da Bahia, quer conquistar suas coisas em outra cidade, ajudar sua família”. Por isso, decidiu fazer uma competição de Muay Thai valendo dez mil reais, para pegar o dinheiro e ir para a Tailândia. Na luta, levou um corte na sobrancelha, e ficou pelo caminho.

“Como eu não vou ser o melhor atleta de Muay Thai do Brasil, vou voltar para o MMA”, pensou. Mandou mensagem para o antigo professor, e começou a treinar em agosto de 2021. Daí em diante, a história começou a ser escrita.

A chegada ao UFC

André Mascote, lutador do UFC
André Mascote, lutador do UFC Crédito: Divulgação I UFC

Em outubro de 2022, Mascote estreou no MMA profissional. Um ano depois, foi para o Contender Series, reality show de luta do Dana White, presidente do UFC. Lá, ele fez seis lutas, venceu cinco por nocaute, e conquistou Dana.

“Eu estava indo treinar quando vi seis ligações do meu mestre, o Head Coach Lucas Mineiro. Quando atendi, ele falou ‘você vai ter uma luta muito dura, mas eu acredito que você pode vencer’. Eu topei, falei que ia pra cima. Aí ele me disse que seria fora do Brasil, eu achei melhor ainda”, conta.

“Só então ele disse que seria o Contender. Quase caí pra trás. Não sabia se eu gritava, se eu chorava. Liguei para minha mãe, pros amigos mais próximos, com meu treinador de boxe que sempre me falava que minha hora ia chegar, que eu era atleta internacional, que estava errado lutando no Brasil de graça… ele falava ‘pacote, sua hora vai chegar’. Ainda vou tatuar isso. Depois, subi no monte e agradeci a Deus”.

“Foi um mix de emoções, porque muita gente comentava nas minhas coisas, não vejo a hora de te ver no UFC, e na minha cabeça eu tava muito longe, porque eu tava com seis lutas só, não tinha nem um ano de MMA, completei um ano de MMA lutando no UFC”.

Contratado, chegou o grande momento de lutar na elite do MMA mundial. “Quando entrei no UFC, veio aquela sensação. Eu cheguei mesmo, igual na TV, com todas aquelas lendas na parede. Uma sensação maior do que essa, dessas que você fala ‘eu fiz acontecer’, só quando eu for campeão do UFC”, projeta.

André Mascote volta ao octógono neste fim de semana, durante o UFC Vegas 104. Invicto no MMA, com dez vitórias em dez lutas, cinco delas por nocaute, ele busca estender essa sequência com um novo triunfo contra o espanhol Daniel Barez, neste sábado (15).