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Alan Pinheiro
Publicado em 7 de setembro de 2024 às 05:00
Como era o mundo em 2017? Usain Bolt despediu-se das pistas, Felipe Massa correu pela última vez em Interlagos, Neymar foi buscar protagonismo no PSG após sair do Barcelona e o Vitória disputou mais uma Série A em sua história. Há uma semana antes de enfrentar o Atlético-GO, pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro, o rubro-negro baiano reencontra-se em um cenário vivido há sete anos, exatamente na última oportunidade em que os dois times se enfrentaram pela última vez na primeira divisão.>
Apesar dos mais de 1600 quilômetros que separam Salvador de Goiânia, os clubes das duas cidades estão conectados no tempo e espaço do futebol. Ambos rubro-negros, as equipes entraram em campo para disputar os três pontos pela última vez pelo Brasileirão no dia 29 de outubro de 2017. Na época, o roteiro antes do jogo era praticamente o mesmo. O Leão lutava contra o rebaixamento e o Dragão amargava a lanterna do campeonato, de onde não conseguiu se desvencilhar ao final das 38 rodadas.>
Dentro de campo, era a época em que jogadores como Neilton, Santiago Tréllez e David comandavam o ataque do Leão da Barra, enquanto o folclórico Walter ainda tinha espaço na primeira divisão e vestia a 14 dos goianos. Foi dele, inclusive, o passe para o gol do Atlético-GO logo aos 11 minutos do primeiro tempo. Autor do gol, Luiz Fernando é um dos dois únicos jogadores, dentre todos os 43 atletas relacionados para aquela partida, a poderem viver o ambiente do jogo novamente, desta vez no estádio Antônio Accioly. O meia Jorginho também esteve na ocasião.>
“A torcida rubro-negra apoiou o time da casa, que tentava atacar pelo lado direito, mas a defesa adversária dificultava que o rubro-negro chegasse à área. Restava ao Vitória arriscar de longe, chutando de fora da área ou cruzando, na esperança de que o gol saísse pelo alto”, diz um trecho da crônica do jogo escrita pelo CORREIO.>
Precisando vencer, o técnico Vagner Mancini promoveu a entrada de José Welison (hoje no Fortaleza) no intervalo. A substituição mostrou-se uma decisão correta do treinador, já que o volante foi o responsável por empatar a partida na etapa final. O colombiano Tréllez ainda teve a oportunidade de virar a partida em uma cobrança de pênalti, mas parou em Marcos - que voou no canto direto para impedir que mais de 13 mil torcedores pudessem comemorar uma vitória no Barradão.>
Além das situações parecidas na tabela do Brasileirão, outra coincidência conecta o Vitória de hoje ao rubro-negro de 2017. Todos sabem que o torcedor baiano se apoia em místicas, superstições e na criatividade para justificar o rendimento do time em campo. Se antes o culpado era o Barradão, a atual temporada encontra o torcedor do Leão desconfiando do uniforme vermelho e preto.>
Há sete anos, o estádio do clube de Salvador não conseguia impôr a mesma força que já tinha conseguido imprimir no passado e voltou a mostrar nos anos recentes. Apesar de 2024 não ter o Vitória chegando perto de suas melhores campanhas dentro de casa, o campeonato como um todo se mostra abaixo, em comparação com outras temporadas. Desta vez, no entanto, a presença da torcida em Canabrava e o apoio vindo das arquibancadas não deixam a desejar.>
Antes da partida contra o Dragão, o treinador Vagner Mancini já tinha adiantado como o estádio do Leão estava aquém do que deveria ser para o clube. “O que mais tem me dado dor de cabeça é jogar no Barradão. Fora de casa, o nosso time tem uma concentração muito grande. (...) É o ambiente que tem jogado contra a gente”, avaliou o treinador rubro-negro na época.>
Entre frases repetidas pelo senso comum como “o Vitória não sabe jogar com estádio cheio” ou “o Leão gosta de reviver defunto”, a nova sentença é de que a camisa número um está “fedendo a azar”. Na última rodada, por exemplo, o rubro-negro entrou com suas cores assinatura contra o Vasco e, apesar de fuzilar as metas de Léo Jardim no primeiro tempo, saiu de campo mais uma vez derrotado.>
Além do confronto contra a equipe carioca, o Vitória jogou 11 jogos vestindo o primeiro uniforme e ainda não conseguiu vencer. O cenário fica ainda pior quando se considera o desempenho, já que foram apenas 3 pontos conquistados em 33 disputados, o que equivale a 9% de aproveitamento. O único triunfo com vermelho e preto no peito veio com o lançamento do terceiro uniforme.>
A mística negativa fez o clube preferir usar o branco no Campeonato Brasileiro. Foram quatro jogos no Barradão usando o segundo uniforme e mais oito nas partidas fora de casa. Dessa forma, o Leão conseguiu conquistar 16 de seus 22 pontos na competição. Ou seja, mais de 70% da pontuação atual da equipe aconteceu enquanto o Vitória não jogou com suas cores principais.>