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Da Redação
Publicado em 3 de abril de 2024 às 20:07
Não há como negar: Mateus Gonçalves é um dos principais personagens dos jogos entre Vitória e Bahia em 2024. Depois de ter uma boa participação no primeiro clássico, com uma assistência, o atacante foi ao inferno no segundo Ba-Vi, com expulsão em apenas dois minutos em campo na Fonte Nova. Mas a redenção veio logo: no duelo seguinte, marcou dois gols e foi essencial para a virada rubro-negra na primeira final do Campeonato Baiano.
Prestes a enfrentar mais um clássico, o jogador quer manter seu faro de artilheiro contra o tricolor. Afinal, já são cinco gols sobre o rival. A conta inclui a passagem pelo Ceará, em 2020, quando Mateus Gonçalves deixou três bolas na redes tricolores.
Ao todo, em 10 confrontos disputados contra o Esquadrão, ele venceu seis vezes, empatou duas e perdeu apenas duas. Números muito bons, certo? O atacante, porém, recusou o título de carrasco.
"Não digo carrasco, mas tem algumas equipes que, inevitavelmente, acabam sendo suas maiores vítimas. O Bahia é uma delas, tenho cinco gols marcados contra eles. Mas tem outras, como o Internacional, onde já marquei dois gols contra eles. Eu não me intitulo como carrasco, são coisas do futebol, é natural. Não posso dizer que sou carrasco de alguma equipe", afirmou, durante entrevista coletiva nesta quarta-feira (3).
O atacante também assumiu que está um pouco ansioso para deixar de lado, por completo, a expulsão sofrida na Fonte Nova. No clássico válido pela 6ª rodada da Copa do Nordeste, no dia 20 de março, ele entrou em campo aos 18 minutos do segundo tempo e levou o cartão vermelho aos 20, após lance bobo com Caio Alexandre. Àquela altura, o Vitória já perdia por 2x1, resultado que se manteve até o fim da partida.
“Eu penso que sim, um pouco de ansiedade. O futebol é muito lindo porque te dá oportunidade de dar a volta por cima muito rápido. Todos estamos sujeitos a falhas. E o mais importante é como vamos reagir. Sempre trabalhei muito, com pés no chão. Sabia que uma hora a colheita iria chegar. Vou tranquilo para esse jogo, cabeça tranquila. Não tenho que provar nada para ninguém. A minha expulsão foi fato isolado. Vai ser interessante estar no mesmo estádio para, mais uma vez, dar a volta por cima”, disse.
O reencontro com o Bahia está marcado para domingo (7), às 16h, na Fonte Nova. Como ganhou na ida, no Barradão, o Vitória tem a vantagem do empate para conquistar seu 30º título estadual. Mateus Gonçalves ressaltou a força da defesa rubro-negra, a melhor do Campeonato Baiano, com apenas oito gols sofridos.
“O nosso grupo é muito forte, principalmente nossa defesa, que está bem consolidada. Temos um gol de vantagem. E se a gente empata, nós somos campeões. Costumo dizer que é todo um grupo, não só a defesa. É um grupo coeso e confiante para fazer um excelente jogo”.
O jogador, porém, quer atenção redobrada. Afinal, em caso de derrota por um gol de diferença, a disputa vai para os pênaltis. E, se perder por dois gols ou mais, o troféu irá para o rival.
“Sempre falo com pessoas próximas que, no momento ruim, nem tudo está perdido. E que, no momento bom, nem tudo está certo. Acho que os elogios são positivos pela fase que estamos vivendo. Mas pés no chão sempre, o lado de lá tem equipe forte. É manter o equilíbrio. Então é não deixar se levar, a soberba tomar conta. E pés no chão”, comentou.
'Pastor'
O atacante também comentou sobre o apelido de 'pastor', que ganhou da torcida do Vitória. Afinal, seja no vestiário, em entrevistas ou nas redes sociais, Mateus Gonçalves sempre deixa clara sua fé, e tenta transmitir mensagem de devoção. Ele diz aprovar a brincadeira.
“Eu penso que, se eles estão vendo isso, é algo positivo. Com certeza estou comunicando coisas boas. Porém, eu não ligo. Eu acho que é positivo pelo fato de que o pastor tem função de cuidar das ovelhas, se olhar pela Bíblia. Gosto muito de cuidar das pessoas. Fico feliz por ser reconhecido como pastor, homem de Deus. É benéfico. Vivemos em um mundo muito caótico. O jogador tem uma fama que não é das melhores. E fico feliz por poder ir na contramão disso para mostrar que o jogador é pai de família, o cara trabalhador, que serve a Deus. Associam jogador de futebol com farra, bebida. Mas a grande maioria é temente a Deus. Fico feliz com esse apelido”.
Veja outros trechos da entrevista coletiva de Mateus Gonçalves:
Força mental do time
Jogar aqui no Barradão é sempre muito difícil. Nós conversamos com os jogadores que vêm jogar aqui, e eles falam que é difícil. Chega o segundo tempo, e o campo parece que fica mais pesado, a energia do Barradão. É uma arma que nós sabemos usar muito bem. A gente sempre treina no limite com muito foco, e isso reflete nos jogos. O nosso mental está bem preparado porque, quando toma um gol, sabemos que não tem nada perdido. É manter a tranquilidade que está dando certo. Estamos conseguindo usar ao nosso favor o fator casa.
Entrar no decorrer do clássico
Costumo dizer que, o que é preciso, é muito trabalho, esforço, disciplina. Eu sou um cara que trabalho bastante. O torcedor vê os 90 minutos, mas existe todo um trabalho, na minha casa também. É muito foco para conseguir entrar no mesmo ritmo dos companheiros, manter o nível ou até melhorar e conseguir fazer excelentes jogos. Passa pela preparação e trabalho.
Gols
Poucos gols depende muito. Ano passado eu estava voltando do doping, onde eu tive minha suplementação contaminada. Então, eu posso dizer que ano passado foi de reestruturação, recomeço, porque fiquei 12 meses inativo. Já passou. Três gols marcados em jogos importantes. É muita seriedade para ajudar a equipe, e manter o mental forte.
Sentimento após os gols
Na hora do segundo gol não passa nada na cabeça. A comemoração estou agradecendo a Deus. E também pedido de desculpas pelo acontecimento lá. Meu único sentimento era que nós iriamos virar a partida.