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Marina Branco
Publicado em 24 de janeiro de 2025 às 10:08
Que a imagem da Seleção Brasileira atualmente incomoda muitos brasileiros não é novidade para ninguém - mas, uns dos mais incomodados, talvez sejam os que um dia fizeram parte dela. É o caso de Cafu, capitão do time que conquistou o penta, que sente que a imagem do futebol brasileiro foi "desconstruída desde 2002".>
Em entrevista ao Globo Esporte, Cafu deu declarações sobre o time, a presença (ou ausência de Neymar) e muitos outros tópicos que rondam a amarelinha. Para ele, a principal questão tem a ver com o respeito, perdido pelo Brasil tanto nacional quanto mundialmente. >
"O primeiro momento é fazer com que o Brasil volte a ser respeitado nas Confederações, na Fifa e mundialmente. Acho que esse é o principal de tudo, porque matéria-prima nós temos, jogador nós temos, talento nós temos. O que nós precisamos é dar tranquilidade para esses talentos, para que eles possam desenvolver o que eles sabem fazer, jogar futebol", comentou. >
Em uma seleção que conta com Vini Jr e Raphinha, dois dos melhores jogadores do mundo na atualidade, e completa o time com nomes como Rodrygo, estrela no maior clube do mundo, era de se esperar que tudo funcionasse bem, mas nem sempre os resultados acompanham as expectativas. Para Cafu, a justificativa pode estar justamente na organização e comunicação. >
"Depois de tudo que acabou acontecendo, a falta de transparência, anunciar um treinador que nós sabíamos que não viria para a Seleção Brasileira, a demora de anunciar um treinador depois que o Tite já tinha se desligado, acho que essa falta de informação, essa falta de comunicação e algumas comunicações que acabaram não acontecendo, geraram um desgaste na CBF", opinou.>
A troca de treinador pode até carregar um pouco mais da brasilidade que falta para a equipe, se escolhido da maneira certa: "Eu sigo o raciocínio de que precisa ser um treinador brasileiro. Nada contra os treinadores estrangeiros, pelo amor de Deus. Mas eu acho que o Brasil merece ganhar uma outra Copa do Mundo novamente com um treinador brasileiro. Nós sempre tivemos referências com treinadores brasileiros", completou.>
A solução, para Cafu, pode estar justamente onde esse brilho da seleção se perdeu: no penta. O ex-jogador enxerga a disputa de Ronaldo Fenômeno, campeão do mundo em 2002, pela presidência da CBF, como uma esperança de melhora na situação geral da amarelinha. >
"O fato dele se candidatar já demonstra que alguma coisa eles querem mudar. E nós esperamos que mude alguma coisa, porque sempre que você muda a diretoria, sempre que você muda o treinador, sempre que você muda o jogador, você tem aquela perspectiva de que algo vai mudar. Para melhor, a gente espera. Mas toda mudança requer um pouco de tempo, um pouco de paciência", comentou. >
"O Ronaldo é um cara visionário, é um cara inteligente. Ele já vem aí de uma experiência, de uma SAF que ele montou no Cruzeiro que acabou dando certo. A partir daí, as SAF’s começaram a se aperfeiçoar mais no futebol brasileiro. E a gente espera que, se der certo a candidatura do Ronaldo, se der certo que o Ronaldo possa vir a ser o presidente da CBF, possa abrir espaço para outros jogadores criarem uma comissão, que possa realmente fazer algo de bom para o futebol", completou.>
"Porque nós não queremos o mal do futebol. Ele não vai entrar lá para querer prejudicar o futebol brasileiro ou para querer prejudicar as pessoas. Ele vai entrar lá para querer promover mudanças, mudanças que a gente acha que são viáveis para o futebol brasileiro", finalizou.>
E aqui, entra o grande trunfo transformado em desilusão da Canarinha: Neymar. Desde que começou a se afastar pela série de lesões, o brasileiro se tornou uma saudade recorrente, transformando o "Neymar que poderia ter sido" em um jogador implacável. Cafu também comentou a dependência de um só jogador, em meio a outras estrelas na equipe. >
"Nós ficamos durante quase 14 anos dependentes de um único jogador, do Neymar. Nosso maior jogador, nosso maior ídolo, o jogador que nós sabemos que a qualquer momento poderia resolver o nosso problema. Me fala, qual que é o ídolo nacional hoje, depois do Neymar, no absoluto, mundial? Depois do Neymar nós não tivemos um ídolo", avaliou.>
"O Neymar foi o nosso último ídolo. E durante 14 anos nós ficamos dependentes do que o Neymar fazia. E a gente sabe que se você ficar dependente de um único jogador, você não vai ganhar uma Copa do Mundo. É impossível. Você não ganha a Copa do Mundo dependendo de um único jogador", completou.>