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Giuliana Mancini
Publicado em 2 de agosto de 2023 às 09:09
O sonho do primeiro título do Brasil na Copa do Mundo Feminina acabou. E veio de forma decepcionante e precoce, ainda na fase de grupos. Para avançar às oitavas, a Seleção precisava de uma vitória simples contra a Jamaica. Mas não fez sua parte. Jogou muito mal e ficou no empate sem gols na manhã desta quarta-feira (2), em Melbourne, na Austrália. Com isso, a equipe comandada por Pia Sundhage deu adeus à competição.
O desempenho vexatório entra para a história. Foi apenas a terceira vez que o Brasil caiu na etapa inicial da competição, em nove participações. A eliminação precoce só havia acontecido nas duas primeiras edições, em 1991 e 1995. Desta forma, quebrou uma boa sequência que já durava 28 anos.
A partida marcou a despedida da maior jogadora brasileira da história. Aos 37 anos, Marta foi titular pela primeira vez nessa edição do Mundial, mas não conseguiu evitar a eliminação verde-amarela. Foi substituída nos minutos finais e, do banco, sofreu e torceu por um gol salvador, que não saiu. A camisa 10 deixa a Copa como a maior artilheira da história entre homens e mulheres, com 17 gols, mas sem títulos.
O primeiro tempo brasileiro foi esforçado, ainda que marcado por muitos erros. Mas a etapa final foi pior. A Seleção penou diante de uma marcação forte da Jamaica e, mesmo precisando vencer, quase não ofereceu perigo à goleira rival.
A Amarelinha ainda tinha chances de se classificar caso o eliminado Panamá ganhasse da França. Mas o improvável resultado também não veio: vitória por 6x3 das europeias, que avançaram em primeiro com sete pontos. As 'Reggae Girlz', com cinco, conseguiram garantir uma participação inédita nas oitavas de final da competição. O Brasil, por sua vez, encerrou sua participação com quatro pontos, em terceiro no Grupo F.
O jogo
O Brasil foi escalado para enfrentar a Jamaica com duas mudanças. A principal novidade foi a presença de Marta entre as titulares, formando a dupla de ataque com Debinha. Em sua 6ª participação em Copa do Mundo, a camisa 10 havia começado as partidas contra Panamá e França no banco. Na zaga, Kathellen entrou no lugar de Lauren.
Precisando vencer para avançar, a Amarelinha começou a partida pressionando. Com controle e posse de bola, criava chances, mas pecava muito nos últimos momentos, faltando qualidade para definir o gol. A Jamaica, por sua vez, focava em se livrar da bola e sair em contra-ataque.
A primeira chance do Brasil veio aos 4 minutos, quando Debinha escapou de duas marcadoras e tocou para Marta. Ary Borges estava sozinha na direita, mas a Rainha optou por finalizar, buscando o canto esquerdo. O chute saiu fraco, e a goleira Spencer defendeu com tranquilidade.
Aos 10, Rafaelle surgiu em jogadaça. A zagueira baiana carregou a bola pelo meio, fintou duas marcadoras e tocou à frente para Debinha, que passou para Marta. A camisa 10 chutou, mas foi travada. Mais uma vez, Ary estava livre na segunda trave.
Pouco depois, Adriana e Luana arriscaram, mas Spencer defendeu os dois lances. Aos 19, Debinha recebeu pela direita e tentou o passe para Marta, dentro da área. A bola escapou da Rainha e ficou com Kerolin. Depois de um bate e rebate, chegou em Tamires, que chutou rasteiro para a defesa da goleira jamaicana. A veterana lateral voltou a ter chance aos 38, quando bateu de primeira em bola alçada por Ary Borges. De novo, Spencer impediu o gol.
Terminar o primeiro tempo sem marcar afetou de maneira evidente as jogadoras canarinhas. A equipe seguia errando muitos passes, o que travava as ofensivas. Com dificuldades na criação, além da forte marcação das jamaicanas, o Brasil não conseguia chegar com perigo ao gol das Reggae Girlz.
A rival, por sua vez, assustou aos 4 minutos, quando Shaw recebeu a bola e saiu em contra-ataque. Encarou Kathellen, invadiu a área e cruzou para o meio, mas ninguém surgiu para completar, para alívio brasileiro.
O Brasil só voltou a ter boa chance aos 33 minutos - graças a um erro da Jamaica. Allyson Swaby tentou cortar o cruzamento de Luana e acabou mandando a bola na direção do gol. Spencer, porém, defendeu. Três minutos depois, foi a vez do troco da adversária. Khadija Shaw saiu em contra-ataque, ganhou de Kathellen e Tamires e arriscou, por cima do gol.
Aos 41, Debinha arrancou pela esquerda, invadiu a área e chutou, em cima da goleira jamaicana. No fim, Andressa Alves tentou em cobrança de falta e Debinha arriscou de cabeça, mas o gol não saiu. O Brasil era, desta forma, eliminado da Copa.
Ficha técnica
Jamaica 0x0 Brasil - 3ª rodada da Copa do Mundo Feminina (Grupo F)
Jamaica: Spencer, Blackwood, A. Swaby, C. Swaby e Wiltshire; Sampson, Spence, Primus e Brown (Washington); Matthews (Cameron) e Shaw. Técnico: Lorne Donaldson.
Brasil: Letícia, Antônia (Geyse), Kathellen, Rafaelle e Tamires; Luana (Duda Sampaio), Kerolin, Ary Borges (Bia Zaneratto) e Adriana; Marta (Andressa Alves) e Debinha. Técnica: Pia Sundhage.
Estádio: Melbourne Rectangular, em Melbourne, na Austrália
Cartão amarelo: Matthews, da Jamaica;
Público: 27.638 pessoas
Renda: não informada
Arbitragem: Esther Staubli (Suíça), auxiliada por Katrin Rafalski (Alemanha) e Susann Kung (Suíça).