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Gabriel Rodrigues
Publicado em 17 de fevereiro de 2025 às 13:16
Nesta terça (18), o Bahia iniciará a sua jornada na Copa Libertadores. Em La Paz, na Bolívia, o Esquadrão enfrentará o The Strongest, às 21h30, pelo jogo de ida da segunda fase da competição internacional. Além da atenção ao adversário, um outro fator preocupa o tricolor no primeiro jogo: a altitude.>
Capital administrativa da Bolívia, La Paz é também a capital mais alta do mundo, fica a aproximadamente 3,6 mil metros de altitude. A localização costuma causar terror nos brasileiros que precisam jogar no local, uma vez que como a pressão do ar é mais baixa em altitudes elevadas, a disponibilidade de oxigênio também é menor. Assim, ao inspirar o ar, menos oxigênio passa dos pulmões para o sangue, e consequentemente os tecidos recebem menos oxigênio do que o normal.>
Ao portal do médico Dráuzio Varela, o professor do Departamento de Fisiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), Bruno Moreira Silva, explica ainda que por receber menos oxigênio, o corpo tenta compensar inspirando mais ar. Porém, o aumento da ventilação pode alterar o pH do organismo a partir da eliminação de dióxido de carbono (CO2).>
"Como o ar inspirado tem baixa pressão de oxigênio, o aumento da ventilação não é capaz de corrigir plenamente o problema. E ainda gera uma consequência importante que é a eliminação excessiva de dióxido de carbono pela expiração, o que torna o pH do organismo menos ácido que o normal, gerando desafio para o funcionamento de todas as células do corpo. Então, a redução do oxigênio e do dióxido de carbono geram múltiplos efeitos no organismo, exigindo compensações de outros sistemas além do sistema respiratório, entre eles o sistema cardiovascular, que precisa aumentar a circulação de sangue, e o sistema renal, que precisa manter o equilíbrio ácido-base no corpo”, conta.>
Entre os principais sintomas do "mal de altitude" estão a falta de ar, dor de cabeça, fadiga, tontura, perda de apetite e náuseas. “Em um primeiro momento, aparecem quando a demanda de O2 é maior, como durante o exercício físico. Depois, quanto mais alto, mais sintomas podem aparecer, inclusive em repouso”, detalha Bruno. >
O fisiologista diz ainda que os sintomas tendem a melhorar com o passar dos dias. Porém, a aclimatação varia de pessoa para pessoa. No geral, em altitudes entre 2 e 3 mil metros, a melhor adaptação ocorre entre três e cinco dias.>
ESTRATÉGIA DO BAHIA>
Para minimizar os efeitos durante o jogo contra o The Strongest, o Bahia adotou uma estratégia diferente. Ao invés de permanecer em La Paz em um período de tempo maior para fazer a adaptação dos jogadores, o tricolor chegará ao local do jogo apenas no dia da partida.>
A delegação ficará em Santa Cruz de La Sierra, cidade que praticamente não tem altitude, e terça-feira embarcará para La Paz. O elenco volta para Salvador logo depois da partida.>
A exceção foram os goleiros Marcos Felipe e Danilo Fernandes. A dupla viajou mais cedo para a Bolívia e está treinando no CT do Bolívar, clube parceiro do Grupo City, com o objetivo de se adaptar à velocidade da bola, que fica mais rápida por conta da menor resistência do ar.>
"Foi mais de um mês de alinhamento com o Grupo City, com os profissionais de Saúde e Performance, para a gente fazer o melhor plano de saúde e performance para os atletas, obviamente alinhado com Rogério Ceni e a diretoria do clube. Objetivamente o nosso plano está focado em três grandes áreas: nutrição, fisiologia e psicologia. Todo planejamento é visando a melhora do condicionamento cardiovascular e a melhora da capacidade aeróbica", explicou Natália Bittencourt, diretora de performance e saúde do Bahia.>
Durante os treinos no CT Evaristo de Macedo, o Bahia também utilizou máscaras que simulam o ambiente com menos oxigênio disponível.>
"As máscaras provocam benefícios ao sistema respiratório e também tem o componente psicológico que é o de se adaptar a esse tipo de estímulo que estamos provocando. Fizemos um protocolo de três semanas antes de viajar para La Paz”, disse Sebastian Burrows, coordenador de Ciências de Esporte.>