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Bahia e Vitória assinam manifesto contra declaração racista de presidente da Conmebol

Documento foi divulgado pelos clubes que fazem parte da Libra

  • Foto do(a) author(a) Gabriel Rodrigues
  • Foto do(a) author(a) Estadão
  • Gabriel Rodrigues

  • Estadão

Publicado em 20 de março de 2025 às 14:48

Presidente da Conmebol fez comparação com macaco ao falar do Brasil na Libertadores
Presidente da Conmebol fez comparação com macaco ao falar do Brasil na Libertadores Crédito: Divulgação/Conmebol

Após o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez ter usado a expressão "Tarzan sem Chita" ao ser questionado sobre a possibilidade dos clubes brasileiros deixarem a Libertadores, as equipes que fazem parte da Libra (Liga do Futebol Brasileiro) divulgaram um manifesto de repúdio contra o dirigente. Bahia e Vitória, que fazem parte da Libra e estão envolvidos em competições internacionais, assinaram o documento. 

O Flamengo foi o único time do grupo a não assinar o comunicado. O Estadão apurou que o presidente Luiz Eduardo Baptista, também conhecido como Bap, não tem interesse no tema, e que o desinteresse no assunto causou desconforto entre os membros da liga.

Procurado pela reportagem, o clube rubro-negro disse, em nota oficial, que, embora "lute contra qualquer forma de racismo e discriminação há muito tempo", entende que "as relações institucionais com a Conmebol devam ser conduzidas pela CBF, entidade que representa oficialmente os clubes brasileiros nos torneios sul-americanos."

"No Flamengo, o combate ao racismo vai muito além do discurso. Além do manual interno de Combate ao Racismo, finalizamos os ajustes jurídicos para incluir em nosso estatuto uma cláusula antirracismo. O Flamengo tem plena consciência de sua enorme responsabilidade social e busca, todos os dias, ações estruturais que tragam impacto positivo real para o futebol e para a sociedade", conclui o comunicado.

Palmeiras, São Paulo, Santos, Red Bull Bragantino, Atlético-MG, Grêmio, Bahia, Vitória, Ferroviária, Paysandu, Remo, Volta Redonda, ABC, Brusque, Guarani e Sampaio Corrêa foram os signatários.

"A gravíssima declaração de Dominguez traz à tona o evidente preconceito enraizado no ambiente do futebol, reforça estereótipos racistas, perpetua a desumanização de pessoas negras, além de demonstrar total insensibilidade em relação a temas de extrema urgência, como o combate ao racismo e a promoção da diversidade no futebol", diz trecho da nota da Libra

"Os clubes brasileiros reafirmam seu compromisso com a luta contra o racismo e com a promoção de um futebol inclusivo e respeitoso. Não aceitaremos calados nenhum tipo de discriminação, seja em campo, nas arquibancadas ou nas declarações de dirigentes", conclui.

A fala de Alejandro Domínguez aconteceu na segunda-feira, em conversa com jornalistas na zona mista do evento que definiu os grupos da Libertadores e Copa Sul-Americana. Durante o evento, poucas horas antes da polêmica, o dirigente discursou em português e afirmou que a Conmebol é sensível à dor de Luighi e está empenhada no combate a casos de racismo.

Na terça-feira, após a repercussão negativa do episódio, Alejandro Domínguez pediu desculpas e afirmou se tratar de "uma frase popular" e que "não teve a intenção de menosprezar nem desqualificar ninguém", apenas que a Libertadores seria impensável sem a participação dos países filiados à entidade.