Após vencer a Inglaterra, Brasil pega a Espanha em amistoso contra o racismo

Jogo será disputado nesta terça-feira (26), no Santiago Bernabéu; estádio é a casa do Real Madrid, onde atua o brasileiro Vini Jr, alvo de frequentes ataques

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  • Giuliana Mancini

Publicado em 26 de março de 2024 às 05:00

Vini Jr deve ser um dos titulares no amistoso
Vini Jr deve ser um dos titulares no amistoso Crédito: Rafael Ribeiro/CBF

O primeiro ato de Dorival Júnior no comando da Seleção Brasileira deixou uma ótima impressão: vitória por 1x0 sobre a forte Inglaterra, em Wembley. Agora, é a hora da Amarelinha embalar de vez com o treinador. E, para isso, terá um outro importante rival pela frente: a Espanha.

As equipes medem forças nesta terça-feira (26), às 17h30, no Santiago Bernabéu, a casa do Real Madrid. Será um amistoso entre duas seleções que passam por uma reformulação. Mas, mais que isso, o jogo será palco de uma campanha de combate ao racismo, intitulada ‘Uma só pele, uma só identidade’.

A ação, promovida pela CBF e pela Real Federação Espanhola de Futebol, acontece diante dos constantes ataques sofridos por Vinicius Junior. Atuando no Real Madrid desde 2018, o camisa 7 do Brasil tem sido obrigado a conviver com frequentes ataques no futebol espanhol. Incluindo múltiplos gritos de ‘macaco’ e um boneco com a camisa do craque sendo ‘enforcado’ em ponte em Madri.

Não à toa, Vini foi quem concedeu entrevista coletiva ontem, na véspera do amistoso. Em lágrimas, o brasileiro fez um forte desabafo, e revelou que os frequentes ataques estão afetando sua disposição para entrar em campo.

“É cada vez mais triste. Cada vez eu tenho menos vontade de jogar. Acredito que seja muito triste tudo que eu venho passando a cada jogo, a cada dia, a cada denúncia vai aumentando. É muito triste, não só eu, mas todos os negros que sofrem no dia a dia. O racismo verbal é minoria perto de tudo que os negros passam no mundo”, disse Vini, que também afirmou ficar frustrado com a falta de punições na Espanha contra os torcedores racistas.

“Tenho lutado bastante por tudo que tem acontecido comigo. É desgastante por estar meio sozinho. Já fiz tantas denúncias e ninguém é punido, nenhum clube é punido. A cada dia, luto por todos que passam por isso. Se fosse só por mim e pela família, não sei se continuaria. Mas fui escolhido para defender uma causa bem importante e que eu estudo a cada dia para que no futuro meu irmão de cinco anos não passe pelo que estou passando”, completou.

Escalação

Em campo, o Brasil chega confiante após a partida sobre a Inglaterra. Em Wembley, as seleções fizeram um jogo equilibrado, com os dois lados com boas chances. O gol da vitória foi marcado por Endrick, que aproveitou rebote após finalização de Vini Jr. e empurrou para o gol vazio, aos 34 minutos do segundo tempo.

Foi o primeiro gol do jovem de 17 anos do Palmeiras - já negociado com o Real Madrid - pelo Brasil. Apesar de ter garantido o resultado à favor da Seleção, ele não estará na formação inicial diante da Espanha.

“Não, o Endrick não inicia como titular. Com certeza, ele dará muitas alegrias à torcida madrilenha, não tenho dúvidas. É um garoto com um futuro brilhante pela frente. Tudo é questão de tempo, um amadurecimento um pouco maior”, adiantou Dorival. A tendência é que o treinador repita a escalação que enfrentou a Inglaterra.

A Espanha, por sua vez, vem de uma derrota por 1x0 para a Colômbia, na sexta-feira. Mas a equipe atuou bastante desfalcada, sem titulares absolutos como o goleiro Unai Simón, o lateral-direito Carvajal e o meia Rodri. Todos devem ser escalados contra o Brasil.

Ao todo, as equipes se enfrentaram nove vezes até aqui. São cinco vitórias canarinhas, duas para a Espanha e dois empates.