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Enem: técnica de mapas mentais vira febre entre estudantes no Instagram

Alguns mapas parecem verdadeiras obras de design gráfico e ajudam candidatos a fixar conteúdos

  • Foto do(a) author(a) Hilza Cordeiro
  • Hilza Cordeiro

Publicado em 30 de agosto de 2017 às 05:01

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: .

Baiana compartilha conteúdo no Instagram e já tem mais de 22 mil seguidores (Foto: Gabriela Rosa/Acervo pessoal) A estudante baiana Gabriela Rosa, 16 anos, coleciona mais de 22 mil seguidores no perfil Med Studies (@_medstudies), no Instagram, onde compartilha materiais de estudo como mapas mentais, simulados, exercícios e apostilas. Os mapas mentais, em especial, ganharam popularidade entre os vestibulandos por causa do apelo visual tanto da própria rede social quanto da técnica. Alguns esquemas parecem verdadeiras obras de design gráfico e podem ajudar quem está se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a aprender mais.

É que os tais mapas são uma forma visual de organização de ideias, resumidas por associações entre palavras dispostas num papel. São também “uma técnica de anotação que tem por finalidade organizar", como explica Renato Alves, recordista brasileiro de melhor memória pelo Rank Brasil e especialista em Aprendizagem Acelerada. "Nela, se recomenda transformar as informações em imagem para uma memorização mais fácil. A visualização é a chave para a memorização”, complementa.

Criada pelo escritor inglês Tony Buzan, a técnica aproveita toda a gama de habilidades que envolvem palavras, imagens, números, lógica, ritmo e cor.

Abusando da criatividade, das cores e das mensagens motivacionais, Gabriela entrou na onda e começou a dividir seus conteúdos com outros estudantes. “Nas aulas, faço um rascunho com tudo o que o professor fala, escrevendo o máximo. Quando chego em casa, resumo novamente o que escrevi fazendo mapas. Neles, coloco tópicos para me guiar, e a partir disso vou recuperando o que eu sei sobre o assunto”, conta a estudante, que quer ser médica.

Sem segredos No entanto, não precisa se intimidar com os dedicados mapas mentais dos instagrans afora. Victor Ribeiro, outro especialista em Aprendizagem Acelerada, afirma que alguns alunos têm receio de fazer seus próprios mapas, mas não existem segredos.“Não é necessário ter habilidades artísticas. É simplesmente anotar o tema central na página e deste centro puxar ramos que identifiquem as categorias e o conteúdo, usando palavras-chaves e complementando com cores e símbolos”, ensina Ribeiro.É justamente por causa dessa disposição visual das informações que Victória Cordeiro, 17, prefere essa técnica na hora de resumir o que aprendeu com os estudos. “Como eu gosto de tudo bonitinho, observo o jeito que eles organizam para fazer os meus e não uso os dos perfis para estudar”, adianta ela, que está no 3º ano do ensino médio. Segundo Ribeiro, a vantagem dos mapas é que eles utilizam os dois hemisférios do cérebro, associando o raciocínio e a emoção ao mesmo tempo.

“As anotações são feitas do jeito que o cérebro gosta de se lembrar das coisas. Os mapas são capazes de resumir 10 páginas em uma e permitem um estudo mais ativo e dinâmico”, argumenta ele. Mas o especialista alerta que o mapa não é uma fonte de estudo completa, mas uma forma de anotação. Os ingredientes para criar os mapas, como indica o site de Tony Buzan, o inventor da técnica, são apenas papel em branco, canetas coloridas, seu cérebro e sua imaginação.

Estudos de texto Renato Alves explica ainda que esse método é mais indicado para estudos de texto, especialmente os mais longos e técnicos, nos quais as informações são dispostas de forma linear. “O mapa ajuda o estudante a tirar o texto do livro e colocar a informação na folha de uma forma que ele possa visualizar melhor”, aponta o especialista. Victória usa os mapas mentais principalmente nas matérias de Biologia, História e Geografia, dispensando-os no caso das disciplinas exatas, nas quais prefere resolver questões.

Recompensas  Quanto à possibilidade de o uso do celular ser uma distração para os “cartógrafos do Instagram”, os especialistas se dividem. Ribeiro reconhece que as redes sociais tomam a atenção, mas acredita que existem recompensas sociais na prática. “Quando o aluno compartilha seus conteúdos e recebe comentários e curtidas nas publicações, tende a aumentar sua confiança na ferramenta”, defende ele, que também vê como positiva a disseminação da técnica dos mapas mentais. Já Alves, acredita que o compartilhamento não é tão útil para o conhecimento porque o ideal é que cada pessoa produza o seu a partir dos estudos.“O meu mapa mental é útil para mim, é a forma como eu interpreto um determinado texto. Dificilmente vai servir para o outro, é uma interpretação pessoal. Não resolve compartilhar na internet, a menos que você o explique. O compartilhamento só é válido como inspiração”, contrapõe o especialista em Aprendizagem Acelerada.Aliás, essa rede de compartilhamento das imagens “é gigantesca”, garante a estudante carioca Camille Bellas, 19, que também tem um perfil, o @estudacamille, com 14,9 mil seguidores. “Eu não uso os mapas feitos por outras pessoas. Acho que o propósito é mais inspirar mesmo. Quando a gente produz os nossos, aprendemos muito mais”, atesta.

Para ela, os mapas são ótimos na hora de revisar as informações, já que neles são colocadas as informações essenciais. “É muito bom para quem tem memória visual. Eu me lembro de ter feito um simulado e lembrado da resposta pela posição em que coloquei no mapa. Veio quase como uma fotografia na minha cabeça. Depois disso, levei a técnica a sério”, conta ela, que sonha em cursar Direito.Uma publicação compartilhada por Camille (@estudacamille) em Jul 8, 2017 às 8:07 PDTInspiradas O fato é que esse material segue inspirando e sendo levado a sério por inúmeros estudantes. A soteropolitana Iasmin Santos, 19, aluna do Colégio Estadual Senhor do Bonfim, descobriu os mapas mentais depois que uma colega lhe marcou numa publicação no perfil Sonho Med (@_sonhomed_), com 23 mil seguidores.

Ambas precisavam fazer um trabalho sobre a Era Vargas e viram um esquema disponibilizado pela alagoana Laura Alves, 18. “Nós usamos o mapa dela para facilitar a conexão entre os tópicos do assunto, e as palavras-chaves ajudaram muito. Depois disso, criamos alguns mapas mentais e até cartazes para apresentar”, lembra ela. “Gosto dessa técnica pela facilidade de compreensão e associação. Tá tudo bonitinho e relacionado, que dá até ânimo para estudar”, conta Iasmin, que quer cursar Engenharia Elétrica.

Já a alagoana, dona do perfil, conta que se sente muito feliz em ajudar as pessoas e que recebe agradecimentos de gente do Acre, Amazonas e outros tantos estados. “Comecei a fazer com base nos do meu amigo, mas peguei a prática e, hoje, faço nas aulas mesmo. Quando eu faço, consigo associar do meu jeito, de acordo com o que li, vi e ouvi”, diz. Agora, faltando cerca de dois meses para o Enem, ela pretende utilizar os mapas produzidos para revisar todos os assuntos estudados durante o ano inteiro.

Confira 13 perfis para seguir no Instagram:

@futurojaleco (56,5 mil seguidores)

@estudosemdia (50,2 mil seguidores)

@sonhodamedicina (33,5 mil seguidores)

@studyidiom (31,2 mil seguidores)

@_sonhomed_ (23,1 mil seguidores)

@studygabriel (22,6 mil seguidores)

@_medstudies (22,4 mil seguidores)

@creative.study (19,6 mil seguidores)

@maystudyplanner (19,6 mil seguidores)

@estudacamille (14,9 mil seguidores)

@medmindmaps (6,6 mil seguidores)

@resumogram (26,5 mil seguidores)

@luanacarolinastudies (32,8 mil seguidores)