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Rolou a festa? Imagina as tretas de um encontrão pelos 40 anos da Axé Music

Teve tensão no reencontro de rivais históricos e recentes, mas também a ‘reconciliação’ de grandes estrelas

Publicado em 5 de março de 2025 às 05:00

Conto bem-humorado imagina as tretas  de um encontrão  pelos 40 anos  da Axé Music
Conto bem-humorado imagina as tretas de um encontrão pelos 40 anos da Axé Music Crédito: Thainá Dayube/@tdayube

Os primeiros convidados começam a chegar, mas quase nada está organizado no aniversário de 40 anos da Axé Music. Contratada de última hora, Lícia Fábio só teve tempo de colocar na mesa a tubaína e o bolo quadrado cercado por balas em papel crepom com franjas. Um níver retrô, pra lembrar os bons e velhos tempos do movimento.

Luiz Caldas, um dos anfitriões, animadão, puxa uma língua de sogra e sopra no ouvido de Sarajane, que se atrapalha ao colocar o chapéu-cone, largando o elástico no queixo. São só os primeiros inconvenientes da grande noite. “Ô, Luizinho, eu tô ligado em você-ê”, avisa, repreendendo.

De repente, chega um bando de gente, e a ideia de Sara é manter a turma o mais próxima possível. “Vamos abrir a roda”, diz, chamando todos para o mesmo círculo. Compadre Washington responde com um “lá ele” enquanto se justifica dizendo que não deu pra trazer os dez filhos, porque não tem o contato de todos. Bell Marques, que ainda mora e cuida dos rebentos, trouxe os dois. “Eles vão cantar hoje!”

Alguns torcem o nariz para o aviso do homem da bandana. Margareth Menezes, política e polida, percebe o mal estar e tenta reverter. “Não precisa incomodar os meninos”, e sugere uma apresentação dos Filhos de Jorge. “Quem é Jorge?”, questiona Carla Perez.

A família Axé está reunida pela primeira vez, com alguma boa vontade, desde a gravação do clipe ‘We Are The World Of Carnaval’, naquela campanha que ajudou as Obras Sociais Irmã Dulce a levantar uns trocados. Todos estão muito bem, exceto alguns.

Netinho botou atestado, mas não viria para a festa mesmo se pudesse. Anda dizendo por aí que “o axé morreu” e que só sobrevive nele e em mais alguns da velha guarda. Russo Passapusso, de safra recente, chega na hora que alguém cita o comentário e reprova: “Tô virado numa goteira, traçando vários planos pra poder contra-atacar”. Saulo, da turma do deixa-disso, põe panos quentes: “Vem cá, pode chegar, deixa de besteira…”.

Mas nem todo mundo chega com paciência, especialmente pela demora na distribuição dos petiscos. Proativo, um pássaro voa até a cozinha, solta uns grãos de milho na panela, mas calcula errado o tempo de estouro. A pipoca do Kannário queima e Ricardo Chaves, crocodilo que é, ri da situação. O rapaz do buffet finalmente chega e é recebido por Tatau: “filho, onde você estava, o que foi que aconteceu?”

Rango entregue, Xanddy passa o rodo nos salgados, Gilmelândia pula em cima dos doces, e a briga por brigadeiro levanta poeira. Ivete Sangalo, aconselhada pelo maridão, é a única que se mantém fora do arerê. Durval Lelys, preocupado com os que ainda estão a léguas e podem ficar sem papar, tenta botar ordem na casa: “Que galera é essa, mermão?”

Mas a confusão, que parecia ficar restrita à parte gastronômica, começa a escalar com a chegada dos demais convidados. Buja Ferreira, com uma fantasia de beija-flor, na entrada, oferece uma pintura de Timbalada a Denny. Sem reconhecer o parceiro de banda, ele aceita e sai do local com uma inscrição nas costas: “chute minha bunda”.

Tuca Fernandes quase volta pra Minas Gerais depois de enxergar Manno Góes tomando um príncipe maluco, na saída, mas este se antecipa e diz “tchau, I have to go now”. Menos mal. Enquanto isso, Tony Salles e Daniela Mercury, em corners opostos, se encaram enquanto recebem massagem nos ombros de Malu e Scheila.

Nessa hora, pra aliviar a tensão, as cortinas de um palco se abrem e começa um show surpresa. “Quando Deus te desenhou, ele tava namorando…” são os versos iniciais da apresentação, que expõe mais uma vez a falta de organização geral. “Ih, chamaram o Armandinho errado”, exclama Márcio Victor, no megafone.

Carlinhos Brown, diligente, interrompe o show, pede desculpas e dispensa o artista, já emendando a convocação de outra estrela, sem necessariamente dizer quem era. Ligeiro receio de vaias.

“Chegou Claudinha bagunceira, ôôô. Vou descendo a madeira, madeira, madeira, madeira”, entoa Claudia Leitte ao abrir o setlist em grande estilo. O problema é que é o mesmo estilo de Ivete no quesito figurino: as duas vieram com roupas muito parecidas. “Acho que compraram na C&A”, comenta Alline Rosa num grupo de zap com Débora Brasil e Katê, estas ausentes por falta de convites, mas sorridentes com os inconvenientes.

Alobêned, Márcia Freire e Cid Guerreiro, sentados numa mesa mais afastada, também fofocam sobre a coincidência fashion.

Ao perceber a gafe no figurino, Claudinha decide quebrar o gelo e, assim que corta o bolo, joga as armas pra lá e entrega o primeiro pedaço a Ivete. Depois de tanto empurra-empurra e quebraê, a raiz de todo bem parece ter sido plantada no coração dos convidados, que aplaudem a atitude.

Veveta se sente tocada, sobe no palco, dá um abraço em Claudinha e faz um anúncio bombástico: “Vou voltar a te seguir no Instagram”.

Todos se emocionam, se abraçam, e antes de começar a tocar a banda dos meninos de Bell a galera, como eu, diz “já fui, Bamdamel!”

O projeto Correio Folia é uma realização do jornal Correio com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador

Tags:

Carnaval