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Os mergulhos na Praia de Santana fazem parte da Campanha Balaio Verde, idealizada pela Secis
Da Redação
Publicado em 4 de fevereiro de 2016 às 06:09
- Atualizado há 2 anos
Espelho e imagem de Iemanjá que estavam no fundo do mar(Foto: Marina Silva/CORREIO)Com snorkel, máscara de mergulho e pé-de-pato, Bruno Souza mergulhou no mar do Rio Vermelho à procura de artefatos curiosos. Do fundo do oceano, pescou espelhos, perfumes, balaios, pentes e brincos.
Ele e outros sete mergulhadores retiraram, na manhã de ontem, 150 kg de lixo da Praia de Santana.
Quase todo o lixo era composto de oferendas para Iemanjá, depositadas desde segunda-feira. A ação foi uma parceria entre a Secretaria Municipal da Cidade Sustentável (Secis) e a Escola de Mergulho Galeão Sacramento.
Bruno, 38 anos, é instrutor e dono da escola de mergulho e faz parte do Projeto Fundo Limpo, que realiza limpezas na praia da Barra há 21 anos.
Acostumado a limpar a praia após períodos que acumulam muito lixo, como o Carnaval, foi a primeira vez que o projeto foi executado no Rio Vermelho.
“Algumas pessoas têm resistência, porque mexe com a religião. Por outro lado, o resíduo desse presente demora muitos anos para se decompor”, explica Bruno. A ação foi tão bem-sucedida que já está no calendário da escola para ser feita em 2017.
Os mergulhos na Praia de Santana fazem parte da Campanha Balaio Verde, idealizada pela Secis. O objetivo é conscientizar a população a ofertar presentes biodegradáveis à Rainha das Águas.
Agentes da pasta distribuíram panfletos durante a festa e conversaram com as pessoas que iam presentear Iemanjá. A Secis espera que os devotos levem ao mar pentes de madeira, bonecas de pano e perfumem o balaio em vez de depositar o frasco.
Além da conscientização, a campanha mobilizou a limpeza da praia antes e depois da festa. Ontem pela manhã, um dia após a festa, os mergulhadores receberam um incentivo a mais: quem tirou mais lixo levou uma premiação em equipamentos de mergulho.
A retirada dos presentes ainda não é consenso. Algumas pessoas acreditam que é um desrespeito às tradições religiosas. “Acho que (os presentes) não deveriam ser retirados, mesmo que seja para limpar. Se alguém deu um presente pra Iemanjá, é com ela que tem que ficar”, opinou a técnica de enfermagem Tânia Lúcia, 55. Católica, ela presenteou o orixá com flores.
Pedidos para que os presentes sejam biodegradáveis já são feitos há alguns anos por ambientalistas e associações. Mãe Stella de Oxóssi foi mais radical: orientou seu terreiro, o Ilê Axé Opô Afonjá, a presentear Iemanjá apenas com cânticos, a partir deste ano.
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Bruno explica que a intenção não é mexer nos presentes, apenas retirar materiais poluentes. “Tudo que era de plástico ou de vidro retiramos. Louça de barro se decompõe; sabonete esfarela. Nessas coisas, nem tocamos”, disse.
A tradição começou há 92 anos com os pescadores da região, que presentearam Iemanjá em um período escasso de peixes. A Colônia de Pescadores Z1 leva, todos os anos, um presente principal em um local a 5 km da praia, apelidado de Buraquinho da Iaiá. Este ano, o presente continha uma baleia feita em fibra de vidro oco. Os mergulhadores do Projeto Fundo Limpo não foram ao local.
Além da coleta de lixo localizada da Secis, a Limpurb realizou uma limpeza em todo o Rio Vermelho. Na madrugada de ontem, 263 profissionais recolheram cerca de 60 toneladas de lixo. Foram utilizados oito compactadores, nove caminhões, nove carros-pipa e dois carros de apoio na operação.