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Estúdio Correio
Murilo Gitel
Publicado em 4 de junho de 2024 às 13:40
Com o objetivo de discutir estratégias e políticas de incentivo à reutilização de materiais, redução de resíduos e reciclagem, como forma de mitigar os impactos nocivos ao meio ambiente, promover oportunidade de emprego, inclusão social, inovação e novos modelos de negócios e produção sustentável, o III ESG Fórum abriu espaço para o painel Impacto Social, Economia Circular, Políticas de Redução de Resíduos.
A mediação foi do jornalista Donaldson Gomes, editor, colunista do jornal CORREIO e apresentador do programa Política & Economia, que começou sua fala destacando a relevância dos três pilares. “Cada um desses temas é riquíssimo e a agenda ESG propõe articular estratégias e, a partir daí, fazer a diferença verdadeiramente”.
Diretora da Aganju ESG & Impacto Social e sócia-investidora da Incentiv, Leana Mattei foi uma das participantes do painel e destacou que a economia circular nasceu nos anos 1980, com uma forte ligação com a questão ambiental e com uma proposta de romper o ciclo da economia tradicional, pautada nas etapas de extrair, produzir, consumir e descartar. No entanto, vale considerar que, por trás de cada ação, estão pessoas, e o fato que chama atenção é que, quando se pensa na economia circular, quem ocupa a ponta - a reciclagem - são mulheres negras, em sua maioria. Ou seja, isso ultrapassa a questão ambiental.
Ao contrário do que se pensa, impacto social não é processo ou resultado, e sim transformar a vida de pessoas. “Impacto precisa ser impacto na opinião de quem está na ponta; em quem se vê, de fato, transformado. E obviamente impacto é aquilo que a gente deixa, que pode ser bom ou ruim. Pensando nessa circularidade de conhecimento que precisa acontecer, foi que desenvolvemos a primeira publicação de ESG baiana (o e-book ESG com Dendê), pensando nessa necessidade de nos tornarmos protagonistas nessa agenda e na demanda que a gente tem de olhar para o nosso território; de dizer que a gente também pensa e acredita que a economia circular precisa fazer com que as pessoas tenham o direito de sonhar”.
A secretária de Fazenda do Município de Salvador, Giovanna Victer, também enriqueceu o debate ao ressaltar a importância da mobilização das entidades governamentais para criar políticas e integrar parcerias para cumprir ações na educação, saúde, assistência social e meio ambiente, e chegar a quem precisa.
“O Governo pode ser financiador e regulador em políticas públicas. Usar a autoridade regulatória e financeira para fomentar essa agenda”, salienta. Um exemplo prático disso é a nova regulamentação do código de obras de Salvador, que desobriga apartamentos de alto padrão serem entregues com piso. Isto porque foi percebido que os compradores sempre trocam o piso, gerando imensa quantidade de entulho. Outro exemplo dado por ela foi de autoridade financeira com a qual a prefeitura de Salvador isenta de impostos e taxas as cooperativas de catadores de recicláveis.
Para fortalecer ainda mais a cultura na sociedade, a prefeitura anunciou recentemente a substituição de sua frota para eliminar a utilização de combustíveis fósseis e passar a usar etanol ou energia elétrica. Também foram instalados comitês de sustentabilidade em todas as áreas da secretaria. E ainda: nos últimos dois anos foi feita a implementação da política de Compliance e Integridade, cujo comitê, sob coordenação da Casa Civil, foi instalado neste mês de maio.
Fundador da Arquivo, startup voltada à simplificação do reaproveitamento de materiais e à criação de um mercado de reemprego em Salvador, o arquiteto e artista visual Pedro Alban explicou a importância do trabalho e destacou que o reuso não pode ser confundido com reciclagem. O reuso destaca-se pela valorização da matéria-prima e, sobretudo, pelo valor do trabalho e pela preservação da memória.
A proposta integra a economia circular pelo baixo uso de transporte e pela geração de postos de trabalho para demolição ou desmontagem de imóveis. “O gargalo da Arquiva e de todas as empresas de economia circular é encontrar terrenos na zona metropolitana, pois são muito caros. Atualmente temos o apoio significativo da Civil , uma construtora grande que está cedendo um terreno no centro da cidade para a operação da Arquivo. Essa pequena ação é muito mais benéfica - do ponto de vista do ESG -, do que a maioria das construtoras está fazendo. Em três anos, a gente desmontou cerca de 170 toneladas. Quando penso que cinco quilos de material novo e industrializado significam 400 quilos de matéria extraída, essas 170 toneladas significam muita coisa”.
Salvador e muitas outras localidades do interior baiano são cidades de serviços e têm no turismo sua atividade principal. A boa notícia é que a economia circular cai como uma luva para tornar esta área cada vez mais sustentável e inovadora, garantindo crescimento aos municípios.
De acordo com o empresário André Sá, consultor de turismo e negócios sustentáveis, e diretor da Rede de Hotéis Lazar, a economia circular proporciona ao setor a minimização de desperdícios e isso já vem sendo observado por hotéis e resorts.
“O fato é que tanto o mercado quanto os próprios turistas estão cada vez mais exigindo ações de comprometimento dos empresários para amenizar os impactos que são gerados nos destinos. Lugares como Morro de São Paulo, Boipeba e Barra Grande são altamente sensíveis e se perderem sua atratividade, começarão a perder competitividade.”
A gestão do turismo a partir da economia circular pode ser beneficiada com: uso da energia renovável, maximização dos recursos hídricos, através do reuso da água ou da diminuição do consumo, educação ambiental e, principalmente, gestão de resíduos. Este é um problema real, porque a maioria dos destinos não têm aterros sanitários qualificados.
O III ESG Fórum Salvador é um projeto realizado pelo Jornal Correio e Site Alô Alô Bahia com o patrocínio da Acelen, Alba Seguradora, Bracell, Contermas, Grupo Luiz Mendonça - Bravo Caminhões e Ônibus e AuraBrasil, Instituto Mandarina, Jacobina Mineração - Pan American Silver, Moura Dubeux, OR, Porsche Center Salvador, Salvador Bahia Airport, Suzano, Tronox e Unipar; apoio da BYD | Parvi, Claro, Larco Petróleo, Salvador Shopping, SESC, SENAC e Wilson Sons; apoio institucional do Sebrae, Instituto ACM, Saltur e Prefeitura Municipal de Salvador e parceria do Fera Palace, Happy Tour, Hike, Hiperideal, Luzbel, Ticket Maker, Tudo São Flores, Uranus2, Vini Figueira Gastronomia e Zum Brazil Eventos.
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