ESG em experiências inspiradoras

O painel Cases apresentou ao público do III Fórum ESG iniciativas de sucesso que transformam quatro áreas distintas

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Publicado em 6 de junho de 2024 às 11:23

Convidados do painel Cases apresentam iniciativas que podem inspirar outras empresas e corporações em suas políticas Crédito: Foto: Jefferson Peixoto

Para fomentar as iniciativas do ESG, nada pode ser mais inspirador e educativo do que mostrar como empresas e corporações aplicam isso na prática, promovendo transformações do dia a dia na vida das pessoas. Para isso, o III Fórum ESG apresentou um painel específico sobre cases, que contou com a medição de Isaac Edington, presidente da Saltur, e apresentações de Thayara Paschoal, gerente de Sustentabilidade do Grupo JCPM; Paulo Henrique Oliveira, sócio da STARTEI, Hub de Inovação; Bianca Barreto, professora da rede municipal de Salvador e São Francisco do Conde, finalista do Prêmio Educador Transformador do Sebrae e Daniel Sampaio, diretor superintendente da OR na Bahia. Conheça um pouco mais sobre essas quatro experiências!

Daniel Sampaio, diretor superintendente da OR na Bahia Crédito: Foto: Jefferson Peixoto

Construção civil sustentável

“A OR é o braço imobiliário do grupo Norberto Odebrecht, que já pensava em sustentabilidade desde 1944. Norberto tinha uma frase que virou mantra para nós: ‘O desenvolvimento precisa ser sustentável, se não for, não pode ser chamado de desenvolvimento’. Para falar de ESG e ter consistência, a gente entende que precisa de política e a nossa prática é baseada em nove ODS da ONU. Antes de fazer qualquer obra, fazemos um planejamento, um diagnóstico social e estudos prévios para vermos as necessidades do entorno e o que podemos agregar à qualidade de vida das pessoas. No Monvert, lançado em 2018, no Horto Florestal, tivemos uma cooperação de parceiros para plantar 1.200 mudas para melhorar o nosso entorno. O Monvert tem 11 mil metros de área e a gente preservou grande parte da vegetação dele e plantou mais 400 mudas de árvores frutíferas para voltar a fauna e devolver a consciência ambiental das pessoas. Outra coisa que preocupava a gente era a questão de mulheres na obra, que é um ambiente muito masculino. Além de ter um emprego formal, com todos os direitos trabalhistas, café da manhã e almoço, elas têm a oportunidade de se desenvolver; ajudantes podem virar pedreiras, encarregadas e até engenheiras. Fazemos treinamentos e os homens sabem que têm um papel fundamental no respeito e no convívio com essa diversidade. Já na Reserva Sauípe, em contato com a prefeitura, sentimos o desejo de fazer mais pela comunidade e identificamos as artesãos da Associação Mãos Nativas, que usavam tintura em palha para fazer bolsas, mas era feito de forma amadora. Então, incentivamos o uso de tinta natural , fizemos um programa de gestão financeira com elas, que se qualificaram para ter rendas maiores, também fizemos uma sede e hoje elas conseguem vender as bolsas no complexo turístico com muito mais valor”.

Daniel Sampaio - diretor superintendente da OR na Bahia

Bianca Barreto, professora da rede municipal de Salvador e São Francisco do Conde, finalista do Prêmio Educador Transformador do Sebrae Crédito: Foto: Jefferson Peixoto

Educação física e letramento

“Sou professora de educação física, engenheira, mestra em educação, doutoranda em dança e trabalho na perspectiva de reorganizar essa sociedade para que ela se torne minimamente pautada na equidade. Faço isso em qualquer ambiente em que eu esteja. Enquanto educadora faço isso diariamente na escola, mas enquanto engenheira levo isso para todas as empresas com as quais trabalho com consultoria. ESG, que para muitos é uma sigla, vem para mim como um mecanismo de gerenciamento, porque fazer uma grande empresa entender o que ela precisa pensar, não só para os fatores lucrativos, mas também os fatores sociais, ambientais, de governança, não é fácil. Quando levo para uma grande empresa que um dos fatores sociais são as questões étnico-raciais, isso há 10 anos, não era lá muito bem recebido. Mas parar, para mim, nunca foi uma opção. Já como educadora, chego às salas de aula e percebo que as minhas crianças ainda estão com os mesmos déficits que eu tinha lá atrás, no sentido da formação. O que está faltando para as pessoas entenderem que essas questões estão em todos os espaços e que ESG está também em sala de aula? Quando a gente entende isso, fica mais fácil pensar estratégias. Os princípios do ESG estão pautados no que a gente vive diariamente e nas escolhas que a gente faz. Pensando em escolha, como professora da rede municipal de Salvador e em São Francisco do Conde, eu compreendo todas as dificuldades, mas isso jamais vai fazer eu ser a professora, que vai cruzar as pernas e dizer ‘se eu não vou valorizada, meu estudante não vai ter acesso’. Isso nunca, porque os princípios do ESG estão comigo todos os dias, inclusive na sala de aula. E é assim que nasce o Afrobeto, a sequência afro didática; é assim que meus estudantes da escola pública fazem um tour pela cidade de Salvador a partir do corpo, porque muitos deles não conhecem os pontos turísticos da cidade, mas já ouviram falar. Uma das dinâmicas é representar o Porto da Barra, por exemplo, ele nunca foi lá, mas sabe representar com o corpo. Se o corpo é capaz de nos movimentar para tantas coisas, é também pelo corpo que a gente pode afrobetizar. Não é possível que a gente normalize a ideia de que crianças são intolerantes, racistas, transfóbicas. Crianças não são! Estão em formação e a gente pode reorganizar isso. Como estratégia de enfrentamento, o afrobeto vem com um recurso afro didático e todos os elementos são as minhas crianças que trazem para mim. Então, o A não é mais de avião, mas de atabaque, de agogô, de acarajés e de abará. Por que o A pode ser de avião e não pode ser atabaque? A gente começa a experimentar isso em sala e revoluciona a escola. O B é de berimbau e a gente tem essas coisas na escola, pega, toca, sente. O menino entende que O é de orixá e que entidade não é satanás. As coisas começam a mudar na escola com educação física, que nem é aula de religião, porque eu estou pautada em uma outra forma de gerenciar a administração da educação física. O afrobeto está agora concorrendo a alguns prêmios e eu estou tentando publicar com ajuda de alguma empresa ou editora; é um livreto, muito simples e que cabe na bolsa. Ele alfabetiza crianças e todo mundo que está disposto a se reorganizar”.

Bianca Barreto - professora da rede municipal de Salvador e São Francisco do Conde, finalista do Prêmio Educador Transformador do Sebrae

Paulo Henrique Oliveira, sócio da STARTEI, Hub de Inovação, e autor do Planeta ODS Crédito: Foto: Jefferson Peixoto

Tabuleiro da inovação

“Não existe ESG na teoria. ESG é prática. Muitas empresas nasceram há dez, 20 anos , já têm um modus operandi de fazer e aquela zona de conforto é o que agrada, então, vendo outras pessoas fazerem é uma inspiração. A Startei é o primeiro hub de inovação do Brasil com foco em ESG , a gente surgiu quando ninguém falava em ESG e as pessoas achavam que fazer sustentabilidade em organizações era assistencialismo. Mas a gente consegue mostrar que ESG tem uma potência maior que isso. Nosso papel desde o início sempre foi facilitar a vida de pessoas e empresas nessa construção da sustentabilidade com um olhar na inovação. Dentro de todas as soluções e facetas que a gente tem, existe uma que eu acho super interessante trazer aqui, que é o Planeta ODS, uma plataforma gameficada que utiliza como base os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para ajudar as organizações a construirem suas estratégias e políticas de ESG de modo colaborativo. Nesse tempo em que a gente estudou todo esse mercado de ESG, percebeu como isso era top-down (de cima para baixo). Quando a gente fala jogo, vai para um lugar de conforto no pensamento, um joguinho onde as pessoas vão sentar e se divertir, é também, mas este é um jogo construtivista e a ideia é que se jogue em seis pessoas do modo mais diverso possível. Podem jogar CEOs, líderes empresariais, colaboradores, clientes, fornecedores, todo mundo na mesma perspectiva e utilizando essa inteligência coletiva para construir um desenho único de ESG, envolvendo todas as partes no processo de construção. A chance de errar e ser incoerente é menor, porque você tem ali todas as partes interessadas nesse processo. É uma ferramenta ativa que os colabores utilizam dentro das organizações como um treinamento e letramento sobre o tema e, a partir do jogo, a gente consegue transformar esses colaboradores em embaixadores do ESG dentro da organização. Nós estamos em negociação com a ONU para essa possa ser a ferramenta oficial de assinatura do Pacto Global das empresas do Brasil. Imagine o tamanho do nosso orgulho, uma empresa baiana, poder conduzir um processo de transformação como esse!”.

Paulo Henrique Oliveira - sócio da STARTEI, Hub de Inovação, e autor do Planeta ODS

Thayara Paschoal, gerente de Sustentabilidade do Grupo JCPM Crédito: Foto: Jefferson Peixoto

Jovens embaixadores do ESG

“Imagine como é fazer ESG em um shopping center! É muito complexo e um desafio grande fazer com que as pessoas - não só os colaboradores que atuam com a gente diretamente, mas os nossos parceiros de negócios, que são os lojistas e os colaboradores dos lojistas - entenderem quais são as iniciativas que estão ali para facilitar. O Salvador Shopping teve uma ideia que foi replicada para outras operações de shoppings centers do grupo. A gente conseguiu fazer um contato com 100% dos lojistas e o shopping, junto com o instituto, selecionou jovens, a partir de 16 anos; preparou esses jovens para eles fossem agentes ambientais, que é a profissão do futuro - pessoas que conseguem passar as informações de sustentabilidade para outras pessoas e isso é uma forma de desenvolvimento. Então, esses jovens começaram a fazer o aculturamento loja a loja, explicando as iniciativas de sustentabilidade que aquela operação tinha, como o lojista poderia contribuir e identificando quais as dúvidas que poderiam surgir nesse processo. Tudo isso gerando renda para essa juventude, dando a ela oportunidade de trabalhar com sustentabilidade, porque muitas vezes a sustentabilidade não se apresentava como uma oportunidade de trabalho e alternativa de desenvolvimento. A gente tem feito isso continuamente e vê que o resultado é muito positivo, porque sustentabilidade a gente faz de forma conjunta. Eu preciso me inspirar com a sua história e inspirar alguém com a minha, para juntos construir de forma coletiva e que faça sentido para todo mundo”.

Thayara Paschoal, gerente de Sustentabilidade do Grupo JCPM

O III ESG Fórum Salvador é um projeto realizado pelo Jornal Correio e Site Alô Alô Bahia com o patrocínio da Acelen, Alba Seguradora, Bracell, Contermas, Grupo Luiz Mendonça - Bravo Caminhões e Ônibus e AuraBrasil, Instituto Mandarina, Jacobina Mineração - Pan American Silver, Moura Dubeux, OR, Porsche Center Salvador, Salvador Bahia Airport, Suzano, Tronox e Unipar; apoio da BYD | Parvi, Claro, Larco Petróleo, Salvador Shopping, SESC, SENAC e Wilson Sons; apoio institucional do Sebrae, Instituto ACM, Saltur e Prefeitura Municipal de Salvador e parceria do Fera Palace, Happy Tour, Hike, Hiperideal, Luzbel, Ticket Maker, Tudo São Flores, Uranus2, Vini Figueira Gastronomia e Zum Brazil Eventos.

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