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Maysa Polcri
Publicado em 23 de maio de 2024 às 05:30
Desde pequenas, as crianças são ensinadas a desligar a torneira do banheiro enquanto escovam os dentes e a apagar as luzes quando saem de algum cômodo da casa. São maneiras de preservar o meio ambiente, os adultos explicam. As medidas são válidas, mas, sem a participação de quem mais polui, ações individuais não dão conta de reverter os problemas ambientais, segundo especialistas. >
A preocupação com as mudanças climáticas é um braço significativo dos pilares do ESG - sustentabilidade, responsabilidade social e transparência, em tradução para o português. A sigla representa as práticas que priorizam o desenvolvimento sustentável. Entre as medidas adotadas por empresas estão a redução de gases poluentes, reciclagem e diminuição do desperdício de água. >
“Das 200 maiores receitas do mundo, 157 são de empresas. Isso significa que existem 157 empresas, no mundo, que são tão grandes ou maiores, economicamente, do que nações. É claro que quem mais explora a biodiversidade e quem mais gera resíduos são as empresas. Quando uma corporação de grande porte resolve reduzir seus impactos ambientais, é algo muito significativo”, analisa Augusto Cruz, consultor empresarial e especialista em ESG. >
Há 24 anos, baianos viram a oportunidade de transformar lixo em energia renovável, muitos antes de ESG entrar na moda. Assim surgiu a MDC Energia, que aproveita o gás produzido em aterros sanitários para produzir biometano. A solução ecologicamente correta evita que os gases sejam liberados na atmosfera e contribuam para o aquecimento global. Depois de tratado, o biometano é utilizado para o fornecimento de energia em indústrias e combustível para veículos (GNV). >
“Nós fomos pioneiros no mercado. Há 20 anos, se falava em preocupação ambiental, mas não da forma que é hoje em dia. Estamos vendo as consequências da poluição de carbono no mundo, com as mudanças ambientais”, conta Neila Larangeira, uma das fundadoras da empresa. >
Ao longo dos anos, Neila acompanhou o crescimento da concorrência e a regulamentação do mercado. “Não havia regulamentação naquela época e as pessoas sequer entendiam como funcionava ‘gás feito de lixo’”, relembra Neila Larangeira. Hoje, o gás produzido pela empresa é transportado por gasodutos para a Companhia de Gás da Bahia, que comercializa o produto. >
À medida que as discussões avançam, a cobrança sobre a responsabilidade ambiental das empresas cresce. Uma pesquisa feita pela PwC Brasil e Instituto Locomotiva revela que 89% dos brasileiros acreditam que as empresas devem ter iniciativas sustentáveis para combater as mudanças climáticas. A partir de 2026, as companhias abertas, que têm negociações na bolsa, deverão disponibilizar relatórios de riscos ESG. >
O documento seguirá as normas do International Financial Reporting Standards (IFRS) - Normas Internacionais de Informação Financeira, em tradução para o português. Elas são padronizadas pelo órgão International Sustainability Standards Board (ISSB) e incluem informações sobre riscos e oportunidades ligados à sustentabilidade (IFRS 1) e clima (IFRS 2), como gestão de riscos e metas de sustentabilidade. Até agora, a medida tem caráter voluntário. >
“O IFRS será obrigatório para empresas de capital aberto a partir de 2026. As empresas precisarão relatar temas relacionados a governança e seus impactos no clima. Quando falamos hoje de questões ambientais e climáticas, analisamos como as empresas estão impactando no clima e, agora, como o clima impacta no negócio”, explica Augusto Cruz, especialista em ESG. >
Especialistas admitem os avanços da agenda ESG no mundo corporativo, mas um longo caminho ainda precisa ser percorrido. É o que diz Vinicio da Fonseca, que presta consultoria ambiental para empresas da Região Metropolitana de Salvador.>
“As pessoas estão começando a tomar consciência que o negacionismo está nos levando a uma catástrofe. Mas, para quem está dentro, ainda é muito difícil falar sobre isso”, diz Vinicio, da consultoria Ecosoluti. Ele está à frente de um pátio de compostagem, que transforma matéria orgânica em adubo natural. >
A responsabilidade das empresas e os impactos da poluição nas mudanças do clima serão alguns dos temas debatidos no III Fórum ESG Salvador, realizado pelo Jornal CORREIO e Alô Alô Bahia (confira a programação aqui), no Porto de Salvador. No evento, estarão expostas bolsas artesanais produzidas a partir de resíduos de lona utilizados na estrutura do Carnaval de Salvador. >
O projeto é do Instituto Mandarina, dos mesmos fundadores da MDC Energia, que acelera negócios de empreendedores locais. Além de reciclar mais de uma tonelada de resíduos, o projeto beneficiará 30 mulheres artesãs. Estarão expostas 100 bolsas, de 10 modelos diferentes. >
“As peças são tramadas com trabalhos autorais artesanais aplicados a estas lonas, por mulheres das comunidades da Península de Itapagipe, acompanhadas por mentorias conduzidas por empreendedores especialistas, que compartilham suas experiências e conhecimentos com aquelas que estão iniciando seus negócios. É um trabalho colaborativo que envolve muitas mãos”, conta Neila Larangeira presidente do Instituto Mandarina.>
O III ESG Fórum Salvador é um projeto realizado pelo Jornal Correio e Site Alô Alô Bahia com o patrocínio da Acelen, Alba Seguradora, Bracell, Contermas, Grupo Luiz Mendonça - Bravo Caminhões e Ônibus e AuraBrasil, Instituto Mandarina, Jacobina Mineração - Pan American Silver, Moura Dubeux, OR, Porsche Center Salvador, Salvador Bahia Airport, Suzano, Tronox e Unipar; apoio da BYD | Parvi, Claro, Larco Petróleo, Salvador Shopping, SESC, SENAC e Wilson Sons; apoio institucional do Sebrae, Instituto ACM, Saltur e Prefeitura Municipal de Salvador e parceria do Fera Palace, Happy Tour, Hike, Hiperideal, Luzbel, Ticket Maker, Tudo São Flores, Uranus2, Vini Figueira Gastronomia e Zum Brazil Eventos. >