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Nilson Marinho
Publicado em 20 de maio de 2024 às 05:00
As empresas precisam se alinhar à nova realidade que vivemos e a que estamos por enfrentar e, por isso, os CEOs correm para planejar e executar ações sociais, ambientais e de governança em seus negócios. Mas para além da responsabilidade social e ambiental, alguns mandachuvas entenderam que o ESG não se trata de uma tendência passageira, mas de um alicerce que estrutura o mercado financeiro e que pode impactar diretamente em seus números.
Adotar a agenda ESG pode ser a certeza de que gráficos ascendentes estarão presentes nos relatórios anuais das corporações. Não se trata apenas de construir um mundo melhor, mas também de retorno para o caixa. Prevê-se que o valor dos ativos de investimento ESG em todo o mundo atinja 53 bilhões de dólares até 2025.
O levantamento ESG Radar 2023, relatório mundial conduzido pela Infosys, que ouviu 2,5 mil executivos e gestores de empresas em todo o mundo, constatou que investimentos em ações ESG têm relação direta com lucros mais elevados. 90% dos entrevistados afirmaram terem tido retornos moderados a significativos após adotarem a agenda. Nenhum dos entrevistados reportaram perdas resultantes dos seus esforços ESG.
A maioria das empresas pesquisadas obteve retornos financeiros positivos com seus esforços ESG em poucos anos. O maior grupo (41%) relatou retornos em um período de dois a três anos. Menos de um terço afirmou que demorou mais tempo para atingir o equilíbrio dos seus investimentos ESG. A conclusão também foi de que uma empresa que aumenta 10 pontos percentuais nos gastos ESG ganha 1 ponto percentual no crescimento dos lucros.
“Percebo que, no entanto, as empresas têm tocado essas ações apenas com a intenção de construir uma boa marca, sem se atentar a outros resultados, como possíveis retornos financeiros”, opina o gestor de impacto e head em ESG, Júlio Campolla.
“Os CEOs dão prioridade a construção da marca e acreditam que o retorno financeiro virá, mas a longo prazo. No entanto, eles não precisam esperar, já estão disponíveis benefícios financeiros a curto prazo. Os stakeholders estão atentos às suas ações”, completa o especialista.
O mesmo levantamento apontou que, embora a maioria das empresas tenha ações de sustentabilidade, aquelas como maior foco no Social e na Governança, como ter mais mulheres no conselho de administração e reestruturar a liderança, apresentam melhores resultados financeiros.
Mas o crescimento de caixa não parece ser, por agora, o foco dos empresários. Ainda de acordo com resultados do levantamento, 36% deles estavam mais preocupados em construir uma boa reputação, enquanto 34% almejavam criar impacto. 30% relataram ter como meta benefícios financeiros.
“O lucro é essencial para a continuidade dos negócios de qualquer empresa, isso é indiscutível, mas não é somente isso. O que se observa quando colocamos as práticas de ESG no centro da estratégia do negócio é que passamos a direcionar nossas decisões em prol de outros valores, como a responsabilidade socioambiental”, diz Fabíola Nogueira, que está à frente da empresa Confraria sensorial.
“Para grandes ou pequenas empresas, o processo de conscientização e mudança do status quo não é simples e leva tempo. Estamos em uma jornada evolutiva e, ao mesmo tempo, urgente; por isso, começar com pequenas mudanças que gradualmente se expandem para uma abordagem mais abrangente é essencial. O importante é iniciar o processo e comprometer-se com a melhoria contínua”, completa Fabíola.
As empresas têm adotado a agenda ESG para acompanhar o mercado e não ficar atrás dos concorrentes, porque é fundamental para a identidade da empresa ou para reduzir custos. Independente da motivação, o retorno financeiro será importante no futuro, analisa Carolina Freitas, gestora empresarial e consultora em ESG.
“Por isso, é importante destacar que os seus clientes são importantes, mas também focar em funcionários é essencial. Além disso, é imprescindível disseminar a agenda entre as lideranças e compartilhar seus resultados e dados em toda sua cadeia de valor”, sugere.
O III ESG Fórum Salvador é um projeto realizado pelo Jornal Correio e Site Alô Alô Bahia com o patrocínio da Acelen, Alba Seguradora, Bracell, Contermas, Grupo Luiz Mendonça - Bravo Caminhões e Ônibus e AuraBrasil, Instituto Mandarina, Jacobina Mineração - Pan American Silver, Moura Dubeux, OR, Salvador Bahia Airport, Suzano, Tronox e Unipar; apoio da BYD | Parvi, Claro, Larco Petróleo, Salvador Shopping, SESC, SENAC e Wilson Sons; apoio institucional do Sebrae e Prefeitura Municipal de Salvador e parceria do Fera Palace, Hiperideal, Hike, Ticket Maker, Uranus2, Vini Figueira Gastronomia e Zum Brazil Eventos.