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Ainda há muito o que ser feito neste campo, mas quem já trabalha por isso mostra resultados incríveis
Estúdio Correio
Publicado em 5 de junho de 2024 às 11:26
“No Brasil, 90% da população trans estão na prostituição; apenas 5% estão no mercado de trabalho formal, e 0,01% ocupa cargos de gestão”. A fala é de Victor Martins, uma mulher trans, administradora, psicóloga, premiada pela Young Leader, líder de Diversidade e Inclusão na Swap e Linkedin Top Voice. Uma exceção diante da estatística, o que comprova que falar sobre Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) ainda é um desafio necessário. Por isso mesmo, o III ESG Fórum dedicou um painel a este tema.
Embora a DEI proporcione - além de justiça e coesão social - inovação, criatividade e desempenho em organizações e comunidades, Victor Martins chama a atenção para a necessidade de questionar hoje a empregabilidade e o papel das empresas. “A lógica de trabalho está relacionada a dar um emprego. Durante muito tempo, tivemos um debate acrítico sobre o papel das instituições. Os movimentos sociais começaram a questionar isso e cada vez mais passaram a ter debates sobre diversidade nas instituições. Mas, de certa forma, se essa discussão ainda está acontecendo em um evento como este é porque os debates necessários ou as conquistas a se fazer no campo do trabalho e das instituições ainda não foram concluídos”, ressalta.
A ideia de construir espaços onde todos estejam contemplados precisa ser estendida não só para as empresas e corporações, mas para todas as esferas da sociedade, a começar pela consciência individual e coletiva. Um exemplo disso é que a mediadora do painel, Mariana Paiva - escritora, idealizadora da Consultoria de Diversidade, Equidade e Inclusão AWÁ Cultura Gente e Colunista do Correio - abriu os trabalhos e sua participação convidando as pessoas a aprenderem a fazer uma auto descrição da maneira correta. Mesmo sendo uma prática de comunicação inclusiva, nem sempre as pessoas lembram de fazer ou fazem do modo adequado, com o objetivo de facilitar o entendimento de quem não pode enxergar. “É interessante que a gente comece falando de nossa etnia, estatura, cor dos olhos e dos cabelos, idade e de características físicas marcantes. Façam isso nos trabalhos de vocês e em lives”, sugere.
Pensar em DEI é pensar no impacto na vida das pessoas. Isso, de acordo com o painelista Rodrigo Accioly, presidente do Conselho de Administração do Grupo Aliança da Bahia, só se dará com educação. “Este é o grande vetor que pode impulsionar esse incremento ao falar em inclusão. As empresas precisam entender que as necessidades são constantes, tem que promover desenvolvimento social e sustentável e não só oferecer o emprego”, comenta.
Desde 2015, o jornal Correio realiza uma das maiores experiências de protagonismo e empreendedorismo negro do mundo da moda: o Afro Fashion Day. Os desfiles marcam o mês de novembro, com as celebrações da Consciência Negra e há nove edições vem se fortalecendo como um catalisador econômico e de visibilidade nacional para marcas, estilistas e modelos negros baianos, que já começam a despontar em passarelas nacionais.
“O Afro Fashion Day nasceu da angústia da falta de um evento que valorizasse a produção, a moda e a economia criativa negra. Não é só uma passarela, é uma oportunidade de visibilidade e economia circular”, destaca Linda Bezerra, editora-chefe do Correio, que levou ao III ESG Fórum um panorama sobre o projeto, o qual tem números gerais animadores: mais de 100.600 pessoas impactadas, 574 modelos na passarela, 67 marcas e 340 estilistas em evidência.
Co-fundadora da startup de impacto social Instituto AB, que já impactou mais de 64 mil profissionais, e realizadora de um trabalho de conscientização através da série #PCDPode em suas redes sociais, Amanda Brito Orleans é, de fato, uma mulher contra muitas estatísticas. Ela mostra como a sociedade limita a PCD (Pessoa com Deficiência) e procura educar as pessoas para a empatia, com um jeito diferente de ocupar espaços.
“Há 18 milhões de pessoas com deficiência hoje, no Brasil, e se as empresas não estão preparadas para atendê-las, estão negligenciando o poder de compra e consumo dessas pessoas. E isso não é questão mercadológica. É fácil falar para os conectivos, mas difícil falar para empresários e líderes, então, tem que falar em números e propostas sustentáveis. O caminho é a educação para romper os ciclos de invisibilidade, ampliar repertório e nível de consciência”.
O III ESG Fórum Salvador é um projeto realizado pelo Jornal Correio e Site Alô Alô Bahia com o patrocínio da Acelen, Alba Seguradora, Bracell, Contermas, Grupo Luiz Mendonça - Bravo Caminhões e Ônibus e AuraBrasil, Instituto Mandarina, Jacobina Mineração - Pan American Silver, Moura Dubeux, OR, Porsche Center Salvador, Salvador Bahia Airport, Suzano, Tronox e Unipar; apoio da BYD | Parvi, Claro, Larco Petróleo, Salvador Shopping, SESC, SENAC e Wilson Sons; apoio institucional do Sebrae, Instituto ACM, Saltur e Prefeitura Municipal de Salvador e parceria do Fera Palace, Happy Tour, Hike, Hiperideal, Luzbel, Ticket Maker, Tudo São Flores, Uranus2, Vini Figueira Gastronomia e Zum Brazil Eventos.
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