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Gil Santos
Publicado em 23 de maio de 2024 às 17:54
Existe uma série de livros e filmes por aí apontando um futuro em que as máquinas tomariam o lugar dos homens, mas o que podemos fazer quando a Inteligência Artificial já é uma realidade? O escritor Andrea Iorio ministrou uma palestra na 3ª edição do Fórum ESG Salvador, nesta quinta-feira (23), e deixou algumas provocações no ar. Para além daquele conceito da necessidade de sair da zona de conforto, o especialista afirma que precisamos desenvolver habilidades complementares à tecnologia. Será que você já as possui?
O evento começou por volta das 9h30, mas cerca de 1h antes o público já ocupava o saguão do Porto Salvador, no bairro do Comércio. As pessoas aproveitaram os minutos antes do início do fórum para visitar os cerca de dez estandes com peças de artesanato, produtos alimentícios, realidade virtual e serviços. Andrea foi o primeiro palestrante do dia e, quando subiu ao palco, o auditório já estava lotado. Algumas pessoas assistiram de pé.
O especialista começou o discurso destacando que existem ferramentas que já são capazes de substituir as capacidades técnicas de um profissional, mas que ainda não há tecnologia que substitua as habilidades socioemocionais. Ele lembrou que nas sociedades pré-históricas a liderança era baseada em força e resistência, mas que esse conceito mudou, sobretudo, com a chegada da Revolução Industrial, quando surgiram tecnologias e ferramentas que tinham mais força e resistência do que os seres humanos.
"A liderança pivotou para uma gestão mais focada em habilidades cognitivas. O líder se tornou aquele que era melhor em tomar decisões, que tinha mais experiência e conhecimento. Hoje, nós vivemos um momento único na história, onde a tecnologia está substituindo, aprimorando e se torna melhor do que a gente nessas habilidades de inteligência, expertise e tomada de decisão. E tudo isso vira commodities", afirmou.
A solução seria desenvolver um modelo de liderança e competências profissionais que sejam complementares à tecnologia, o que o palestrante classificou como Inteligência Híbrida. Primeiro, é necessário entender o contexto do mundo digital que impacta no mundo do trabalho, e Andrea citou cinco exemplos: é um universo interconectado e com efeitos de rede, onde tudo acontece em tempo real, movido a dados, com mudanças constantes e com tecnologia eficiente e produtiva.
Ele citou como exemplo Elon Musk que, há 15 anos e sem conhecer o setor automotivo, percebeu a necessidade de criar um veículo 100% elétrico para atender à necessidade do mercado por sustentabilidade. Ele passou a coletar dados em tempo real sobre condução automotiva e, hoje, quer usar essas informações para transformar também a indústria do setor de seguros. Na prática, o valor da apólice seria definido com base nas capacidades de condução do motorista.
Conceitos
Andrea apresentou alguns conceitos durante o evento. A Inteligência Artificial (AI) seria dividida em duas categorias de acordo com a função. A IA Preditiva é aquela que transforma dados em melhores decisões, enquanto a IA Generativa é aquela que cria conteúdo de texto, imagem e vídeos. Já quando se observa as dimensões, a divisão é entre Interna ou Cognitiva, aquela que impacta na tomada de decisões, e Externa ou Executora, que realiza a ação.
Na prática, significa transformar dados em insights e conhecimentos em respostas, automatizar processos e criar conteúdo de forma rápida. O especialista frisou que 70% dessas habilidades a AI já desenvolve, mas que existem outras funções que a tecnologia ainda não alcançou, como empatia, colaboração e pensamento público. E frisou que a gestão de pessoas precisa ser menos focada em microgestão e comando e controle, e se voltar mais para uma autonomia.
"Porque autonomia leva a confiança, e confiança leva a maior colaboração. As ferramentas de inteligência artificial já estão quase que microgerenciando, porque elas já conseguem criar relatórios de quanto a pessoa foi produtiva e eficiente, então, o que sobra para o gestor de pessoas é a habilidade de incentivar as pessoas ao valorizá-las ou querer ouvi-las e dar confiança", explicou Andrea.
O impacto das transformações passa também pela relação com a audiência, porque a AI deu mais poder aos clientes. Ela permite que o consumidor tenha maior acesso às informações para comparar preços e produtos, além da personalização por dados para melhorar a experiência, menores custos de trocas caso o serviço ou loja não atenda as expectativas e criação de conteúdo.
O especialista afirma que o mercado está passando de negócios transacionais para negócios baseados nas experiências, mas que é preciso ter atenção, porque o bom líder não oferece só o que o cliente quer.
"A verdadeira tarefa do líder profissional, visionário e inovador não é só fazer o que o cliente lhe pede, mas antecipar o que o cliente precisa antes que ele saiba expressar. E essa nova habilidade, sendo que não temos uma bola de cristal, só se pratica junto à inteligência artificial e extraindo sentido a partir dos dados, fazendo as perguntas certas para as ferramentas e buscando as métricas corretas", afirmou.
Ele frisa que os erros fazem parte do processo. Os evitáveis e inevitáveis são ruins, mas os erros inteligentes são necessários no processo de crescimento e desenvolvimento. A AI é uma aliada porque pode reduzir os impactos através de simulações e maximizar os aprendizados através da análise de dados.
Andrea Iorio
EscritorAndrea Iorio é graduado em economia pela Universidade Bocconi, em Milão (Itália), e tem mestrado em Relações Internacionais pela Universidade Johns Hopkins, em Washington (EUA). Hoje é uma das maiores referências nacionais em transformação digital, liderança e potencialização de novos negócios no país.
1. Transformação cognitiva - É aquela que faz o profissional pensar de uma maneira diferente, fora da caixa. É preciso atualizar as crenças, observar o mundo por outros olhos e fazer novas perguntas sobre as necessidades do mercado e do mundo. O objetivo é usar a experiência como ponto de partida para novas reflexões e mudanças;
2. Habilidade comportamental - É a capacidade de fazer coisas novas e ágeis a partir da inteligência artificial. Enquanto a tecnologia automatiza parte das tarefas, o profissional usa o tempo livre para experimentar, inovar e melhorar a produtividade e superar o dilema do inovador, aquele que sabe que tem que inovar, mas não o faz;
3. Transformação emocional - É aquela que trabalha a coletividade e tem a capacidade de colaboração em larga escala, porque nenhuma AI consegue substituir a confiança que se estabelece entre a raça humana. É preciso identificar o leque de habilidades e sair da zona de conforto para desenvolver novas capacidades e novos hábitos.
1. interconectividade - um mundo interconectado com efeitos de rede;
2. Real-Time - um mundo onde tudo acontece em tempo real;
3. Big Data - em cada interação digital coletam-se dados que viram insumos para melhores tomadas de decisão;
4. Exponencialidade - a mudança não é mais de forma linear e olhando para uma curva de exponencialidade as mudanças estão cada vez mais rápidas;
5. Machine Learning - os algoritmos tornam essa tecnologia mais eficiente, produtiva, e toma decisões mais embasadas em dados;
O III ESG Fórum Salvador é um projeto realizado pelo Jornal Correio e Site Alô Alô Bahia com o patrocínio da Acelen, Alba Seguradora, Bracell, Contermas, Grupo Luiz Mendonça - Bravo Caminhões e Ônibus e AuraBrasil, Instituto Mandarina, Jacobina Mineração - Pan American Silver, Moura Dubeux, OR, Porsche Center Salvador, Salvador Bahia Airport, Suzano, Tronox e Unipar; apoio da BYD | Parvi, Claro, Larco Petróleo, Salvador Shopping, SESC, SENAC e Wilson Sons; apoio institucional do Sebrae, Instituto ACM, Saltur e Prefeitura Municipal de Salvador e parceria do Fera Palace, Happy Tour, Hike, Hiperideal, Luzbel, Ticket Maker, Tudo São Flores, Uranus2, Vini Figueira Gastronomia e Zum Brazil Eventos.