Vinicius Bustani festeja terceiro filme lançado em 2024

Ator baiano está em Receba, produção gravada na Bahia que chega nesta quinta-feira (24) aos cinemas

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Publicado em 23 de outubro de 2024 às 06:00

Em 2013, Vinicius Bustani apresentava o trabalho de conclusão do curso de arquitetura na Ufba e, logo que concluiu a tarefa, acrescentou um slide: era um convite para que todos ali, incluindo os professores que o avaliavam, fossem assistir a uma peça em que ele atuava, Espelho Para Cegos. “Eu havia adorado o curso, mas a formatura estava parecendo um enterro. Fui aprovado com nota máxima, só que a banca lamentava, dizendo que estava perdendo um arquiteto”, diverte-se lembrando.

Vinicius Bustani está com 37 anos e hoje vive em São Paulo
Vinicius Bustani está com 37 anos e hoje vive em São Paulo Crédito: Tiago Lima/divulgação

Ali, já estava claro para ele - e para quem assistia à apresentação - que seu futuro seria mesmo nas artes. Hoje, Vinicius colhe os frutos de quem trocou o diploma da arquitetura pelos palcos e pelos sets de filmagem. Agora, este baiano de 37 anos vive um dos momentos mais prolíficos de sua carreira artística: somente neste ano, já chegaram às telas dois filmes em que ele atua e nesta quinta-feira (24) estreia nos cinemas um terceiro, a produção baiana Receba. Além disso, Vinicius, que hoje mora em São Paulo, está em Salvador para trabalhar como assistente de direção de um filme. Em breve, deve estrear um reality show do qual ele também é assistente.

A formação dele como ator foi na primeira turma da Universidade Livre do Vila Velha, criada por Márcio Meirelles. Antes, havia feito cursos infantis e amadores. Com Márcio, atuou em diversas montagens, em diferentes funções, como pregava o diretor. Fez até traduções de textos, como ocorreu com Por Que Hécuba, de Mateo Visniec. Vinicius lembra também de Hamlet, quando fez seu primeiro protagonista. “Aprendi até a tocar bateria para fazer essa peça”, lembra.

CRIANÇA VIADA

O ator reconhece a importância da Universidade Livre em sua formação, mas, em 2018, sentiu que precisava dar um passo mais independente: estreou o monólogo Criança Viada ou De Como Me Disseram Que Eu Era Gay, que foi escrito por ele mesmo. Na montagem, que misturava relatos biográficos com cenas de ficção, Vinicius usava sua própria história com humor e sarcasmo como ponto de partida para mostrar as dificuldades que viveu como uma criança LGBTQIA+.

Para Vinicius, o monólogo “foi o momento em que o passarinho saiu do ninho”. “A peça tinha como base minha história, mostrava o processo de me entender e conseguir viver plenamente minha sexualidade só aos 26 anos. Aquilo me dilacerava por dentro e eu pensava: ‘como falar disso?’. E o teatro me ajuda a encontrar sentido para coisas que não têm sentido só com palavras”, observa o ator.

Mesmo sem patrocínio, a peça ficou em cartaz por diversas temporadas. “Foi um minihit”, diz Vinicius com certo orgulho. No início deste ano, voltou para uma breve temporada no Sesi Rio Vermelho. Agora, o desejo do ator e roteirista é exibir a montagem fora da Bahia: “Quero fazer em São Paulo. Aliás, nem digo que quero. Vou fazer!”, corrige-se.

CINEMA

Embora Vinicius tenha gravado três produções em momentos diferentes, todas chegaram ao cinema neste ano: Saudade Fez Morada Aqui Dentro, Filho de Boi e Receba. A primeira continua sendo exibida no circuito Saladearte e nesta quinta (24), é a vez de Receba estrear. Filho de Boi já saiu de cartaz. “Em Receba, faço um policial bem baiano. Para quem conhece a cena teatral baiana, é ótimo, porque vai ver muita gente na tela: Jackson Costa, Edvana Carvalho, Evelin Buchegger… Para quem é baiano, é um alento!”, diz o ator.

Vinícius Bustani é autor e ator na peça
Vinícius Bustani em Criança Viada Crédito: Caio Lírio

Classificado como um policial, Receba tem um toque de baianidade, segundo Vinicius: “Não tinha como fazer um policial baiano sem humor. Xingamos muito no filme e tem essa coisa do cotidiano presente”. Ele interpreta Guiga, amigo do protagonista. “Faço uma participação, mas brinco com a equipe, dizendo que todas minhas cenas estão no trailer. Mas, se é assim, é porque eles gostaram!”, diverte-se. Em breve, deve chegar aos cinemas outro filme em que ele atua, O Baldio Som de Deus, do maranhense Frederico Machado.

No audiovisual, Vinicius também tem experimentado, há cerca de um ano, outra função, além de atuar como ator: a assistência de direção. “Estou apaixonado, porque, para ser assistente, tem que conhecer um pouco de tudo. Então, dialogo com todo mundo, porque tem que entender de figurino, fotografia, produção… porque você precisa fazer com que o sonho do diretor caiba na produção”, reflete.

Em breve, deve estrear na TV outra produção em que ele trabalhou como assistente: La Maison, reality show de transformação derivado de Drag Me As a Queen, que foi gravado em Salvador. Vinicius também cumpre a mesma função num filme de Aldri Anunciação, ainda em gravação.

Mas o teatro não está esquecido e pretende montar em breve uma nova peça de sua autoria. Mas, desta vez, pretende dirigir. “Trata de um tema que tem me atravessado muito, que é o trabalho dentro das artes. Trata de como dar sentido ao tema do fracasso, numa sociedade que nos faz acreditar que tudo é possivel, que podemos realizar tudo”.