Vidas Secas, clássico de Graciliano Ramos, vira cordel

Os autores Josué Limeira e Vladmir Barros já lançaram versões de A Revolução dos Bichos e O Pequeno Príncipe

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  • Doris Miranda

Publicado em 6 de julho de 2024 às 06:00

A obra tem texto ritmado e ilustrações com referências do  Movimento Armorial
As obras têm texto ritmado e ilustrações com referências ao Movimento Armorial Crédito: divulgação

Inspirados pelo universo literário de Graciliano Ramos e Ariano Suassuna, os recifenses Josué Limeira e Vladmir de Barros embarcaram em mais uma missão desafiadora: expandir as fronteiras do clássico da literatura nacional Vidas Secas para o cordel (R$ 52 | 160 páginas), no livro que sai agora pela editora Yellowfante.

O desafio de reconfigurar obras-primas não é mistério para a dupla, que já verteu para o gênero literário típico do Nordeste outros dois clássicos internacionais: A Revolução dos Bichos (R$ 48 | 112 págs) e O Pequeno Príncipe (R$ 56 | 176 págs), ambos publicados pela Yellowfante, selo infantojuvenil do grupo Autêntica. A versão de Antoine de Saint-Exupéry foi finalista do Prêmio Jabuti, em 2016, na categoria adaptação de obra literária.

A trama segue fiel à história narrada no original, publicado em 1938, que mostra as dificuldades de uma família de retirantes obrigada a conviver com a pobreza no sertão nordestino. Estão lá Fabiano, Sinhá Vitória, o filho mais velho, o filho mais novo e a adorável cadela Baleia, todos em suas andanças em busca de sobrevivência. “Estamos falando de um romance com uma crítica social muito forte, que joga luz sobre a miséria humana, em um cenário de seca. É preciso respeitar tudo isso. Mas queremos mostrar que o Nordeste é feito de pessoas fortes, capazes de superar as adversidades”, diz Limeira.

Mesma paisagem, outra linguagem. Nas belas ilustrações de Vladimir Barros, inspiradas no Movimento Armorial, fundado pelo dramaturgo e escritor paraibano Ariano Suassuna, o sertão também está presente com sua beleza triste e, muitas vezes, cheia de poesia. A arte de cores terrosas, traços fortes e muito afetivas, cria um diálogo harmonioso com o texto e enriquece a experiência da leitura ritmada.

Observadores cuidadosos perceberão que o Movimento Armorial está citado através de seus elementos mais característicos, como a fonte Tipografia Armorial usada na abertura dos capítulos. Ela foi desenvolvida por Ricardo Gouveia de Melo e Giovana Caldas em 1996, a partir dos desenhos feitos à mão por Suassuna.