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Naiana Ribeiro
Publicado em 31 de julho de 2018 às 18:09
- Atualizado há 2 anos
O romancista baiano Jorge Amado (1912-2001) pode até não estar mais entre nós, mas tem um discípulo que vem do outro lado do Oceano Atlântico – mais precisamente, da cidade de Huambo, Angola: o africano José Eduardo Agualusa, 57 anos.
Um dos mais importantes escritores em língua portuguesa da atualidade, o premiado Agualusa nasceu em 1960 e, quando tinha entre 12 e 13 anos, conheceu a obra de Jorge Amado. “Foi um dos primeiros autores ficcionistas que li. Era como entrar no meu próprio quintal. Comecei com Tereza Batista e me apaixonei”, contou, em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (31), no Wish Hotel da Bahia, em Salvador. (Foto: Marina Silva/CORREIO) Alguns anos depois, levantou uma grana e comprou uma passagem para o Brasil. “Foi a cultura baiana que me trouxe para cá. Queria conhecer Salvador por causa de Jorge Amado e por conta da cultura africana da Bahia, dos baianos, do Caetano, do Gil e da Bethânia”, ressaltou ele, que participa da primeira discussão do Fronteiras Braskem do Pensamento Salvador, nesta quarta-feira (1º), às 20h30, no Teatro Castro Alves (TCA). Sua palestra vai debater a literatura e democracia, com o tema A Leitura como Utopia - Literatura, Democracia e Justiça Social, o Caso Angolano.
Literatura cura Assim como Jorge, o escritor lusófono defende que a solução dos problemas humanos terá que contar com a literatura. “Eu realmente acredito que a literatura aproxima as pessoas. Quando você lê um romance, você é obrigado a colocar-se na pele do narrador e dos personagens e, portanto, a sua empatia se desenvolve. A literatura abre janelas para mundos diferentes. Livros levam o leitor a pensar, a conversar e também aproximam pessoas. Isso ajuda também a desenvolver democracias”, afirmou autor.
Pensando justamente em aproximar pessoas, ele iniciou a carreira literária, há 30 anos, com A Conjura. Antes, estudou silvicultura e agronomia em Lisboa. Entre seus 30 livros, traduzidos para mais de vinte idiomas, destacam-se os romances Nação Crioula, O Vendedor de Passados e As Mulheres do Meu Pai, os volumes de contos Fronteiras Perdidas e Catálogo de Sombras, além das peças de teatro Chovem Amores na Rua do Matador (com Mia Couto) e Aquela Mulher. Livro de Agualusa mistura realismo fantástico e história angolana (Foto: Reprodução) Apesar de encontrar contar com seus próprios sonhos para construir suas obras, a sua maior inspiração vem de espaços democráticos, como as ruas. “Elas estão cheias de histórias. Em particular, em um país como a Angola, mas também aqui, em Salvador. As melhores histórias estão fora do eixo Rio-São Paulo. O estranho é não haver mais escritores trabalhando nelas”, disse.
O estranhamento, segundo ele, existe porque a Bahia é um terreno fértil de cultura e “um universo absolutamente incrível para explorar”. Nesse sentido, Agualusa é crítico e diz que nós não enaltecemos a nossa própria cultura: “Se você for ver a literatura brasileira contemporânea, só existem brancos e de classe média alta. A literatura brasileira contemporânea está totalmente defasada do Brasil real”.
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Para se aproximar da realidade de forma democrática, ele defende que o país pense em projetos de formação de escritores nas periferias. “É preciso formar escritores, mas, antes, é preciso formar leitores. Levar o livro aos leitores é o principal desafio dos nossos países. As histórias estão lá, apenas esperando serem contadas”, avaliou.
Durante ciclo de conferência, nesta quarta, Agualusa - que se divide entre Lisboa e Ilha de Moçambique - também vai abordar as relações entre a Brasil e Angola. “Os escritores baianos são muito próximos dos escritores africanos. Há características comuns como o humor, a boa disposição e o otimismo”, citou. Ainda que hajam diferenças entre os produtos dos dois países, Agualusa afirmou se sentir em casa: “Me reconheço na Bahia enquanto africano e reconheço a africanidade da Bahia. Há uma cultura e uma história em comum, uma musicalidade e uma partilha na culinária nesses países”. (Foto: Marina Silva/CORREIO) A proposta do Fronteiras Braskem deste ano é fomentar o debate sobre O Mundo em Desacordo - Democracia e Guerras Culturais. Para isso, o projeto trará nas próximas edições conferências com alguns dos grandes pensadores contemporâneos: o filósofo francês Gilles Lipovetsky e o historiador e escritor brasileiro Leandro Karnal (17/9) e o professor e escritor brasileiro Marcelo Gleiser (15/10).
Confira entrevista completa com o escritor angolano
Você abre o Fronteiras Braskem do Pensamento Salvador 2018. Sobre o que você vai falar? Eu realmente acredito que a literatura aproxima as pessoas. Porque quando você lê um romance você é obrigado a colocar-se na pele do narrador e dos personagens e, portanto, a sua empatia se desenvolve. Por outro lado, a literatura abre janelas para mundos diferentes. Finalmente, um livro é sempre um espaço de debate. Um livro que não consiga promover uma discussão, provavelmente não merecia ser publicado. Os livros que importam são aqueles que inquietam, que sobressaltam, e que eventualmente irritam a pessoa, mas que levam o leitor a pensar e a conversar com outros leitores. Isso pode ajudar também a desenvolver também democracias. No nosso caso, em Angola, que temos uma democracia emergente, ainda não totalmente sólida, é cada vez mais importante ter espaços de debate. A literatura pode contribuir para esse debate. Saímos de uma guerra civil longa e no primeiro processo, é comum desnacionalizar o outro, desumanizar e afastar o outro. Nesse aspecto, a literatura também pode servir para aproximar. No mundo em que vivemos hoje, onde há construção de muros, a literatura faz o contrário: cria pontes e aproxima.
Portugal é a sua segunda casa e você é um dos escritores de língua portuguesa mais reconhecidos da atualidade. A Bahia também recebeu os portugueses. Estar aqui tem algum significado especial para você? Para mim, a Bahia é mais do que isso. É um território africano. Em primeiro lugar, eu sou angolano e sou africano. Me reconheço na Bahia enquanto africano e reconheço a africanidade da Bahia. Sentimos em todo Brasil a presença portuguesa e é o que a gente sente em Angola e em Moçambique, que é onde eu estou vivendo uma parte do ano. Existe fato de nós todos falarmos português. Mas vai além disso. Há uma história em comum, uma musicalidade e há uma partilha na culinária. Há uma cultura comum nesses países. Me sinto em casa por aqui.
Você já veio muitas vezes ao Brasil e tem uma proximidade com a nossa literatura. Quais aspectos comuns entre a literatura do Brasil e de Angola? Tanto o Brasil quanto Angola têm várias literaturas. O Brasil é um país muito maior e muito mais diverso. Há uma literatura que é praticada no eito Rio-São Paulo e outra que é praticada, por exemplo, aqui na Bahia. Eu acho os escritores baianos muito mais próximos dos escritores africanos. Quando nós pensamos em Jorge Amado e em João Ubaldo Ribeiro identificamos características comuns: o humor, a boa disposição e o otimismo. Acho que essas são características da literatura africana e que você identifica também na literatura baiana. Se você for ver a literatura praticada em São Paulo, é muito mais próximo de uma certa literatura europeia, portuguesa. Cultiva um certo pessimismo que não existe aqui. Aqui, talvez a característica principal seja essa: há um alegria, um humor e um otimismo que você partilha com escritores africanos. Desde pequeno, Agualusa é apaixonado pela obra de Jorge Amado; em Salvador, ele visitou a casa do ídolo (Foto: Marina Silva/CORREIO) Você acha que a semelhança do que é produzido no Brasil e em Angola é por conta da afrodescendência? Sem dúvidas. A Bahia é território africano. A gente vê e sente isso em todos aspectos, até na forma que as pessoas dançam e em tudo. Quando você vai de Salvador para Luanda, por exemplo, sente essa identidade. Mart'nália e Martinho da Vila cantam isso.
Qual a sua relação com Jorge Amado? Foi um dos primeiros autores ficcionistas que eu li. Lembro muito bem que, pra mim, não era um universo estranho. Era como entrar no meu próprio quintal. Algo que eu estava comigo já. Eu partilhava daquilo. Eu nunca tinha vindo ao Brasil, era muito jovem, mas não foi um estranhamento. Provavelmente se eu começasse a ler um autor paulista, talvez a impressão não seria a mesma. Mas, com Jorge Amado, aquilo era parte do meu universo.
Quando foi seu primeiro contato com a obra dele? Eu era muito jovem. Devia ter entre 12 e 13 anos quando comecei a ler. Não sei qual foi a primeira obra que eu li. Acho que comecei com Tereza Batista. Talvez eu não tivesse idade ainda para ler, mas para mim foi importante. Meus pais tinham uma boa biblioteca e tinham toda a obra de Jorge Amado. Provavelmente comecei a ler por causa da capa, que me interessou, e depois fui ler o resto e me apaixonei. Agualusa conheceu Maria João, neta de Jorge Amado e Zélia Gattai (Foto: Marina Silva/CORREIO) Qual foi a primeira vez que você veio à Bahia? A primeira vez que vim para o Brasil foi para Salvador. Eu era muito jovem, tinha começado a trabalhar como jornalista e o primeiro dinheirinho que eu tive comprei uma passagem e vim para Salvador. Eu queria conhecer o Brasil e Salvador por causa de Jorge Amado e por conta da cultura africana da Bahia, dos baianos, do Caetano, do Gil e da Bethânia. Foi a cultura baiana que me trouxe ao Brasil.
Tem algum lugar daqui que você gosta mais? Eu gosto muito do Recôncavo baiano. Uma parte do livro Nação Crioula se passa no recôncavo. Eu gosto muito de Cachoeira. Não sei explicar exatamente o porquê. Mas é uma cidade tem muito a ver com as cidades de Angola. Cidades antigas, como Benguela. Salvador também tem, mas cresceu muito e perdeu um pouco dessa característica que a gente ainda encontra nas cidades pequenas do recôncavo, como Santo Amaro. (Foto: Reprodução) O que você mais gosta de fazer quando vem para Salvador? Eu gosto de ser surpreendido. Prefiro passear e descobrir realidades que eu não conheço. Não venho a Salvador tem uns três ou quatro anos e, nessa vinda, infelizmente vou ficar pouco tempo. Gostaria de voltar com mais calma e poder me perder um pouco pela cidade e descobrir coisas que desconheço.
Na sua obra mais recente, A Sociedade dos Sonhadores Involuntários, você fala sobre sonhos. Você pensa que as pessoas estão sonhando menos ou estão se esforçando para realizar menos? Esse livro parte de duas situações: de um lado, meu interesse particular pelos sonhos e, de outro lado, o sonho enquanto desejo coletivo. Tenho uma relação minha, pessoal, com os sonhos. Sonhar sempre foi muito importante para mim e para o meu trabalho. Eu sonho muito com enredos, personagens e frases. Para construir os livros e a minha própria obra eu recorro muito aos meus sonhos. (Foto: Reprodução) Por outro lado, tem o sonho no sentido desse desejo coletivo, daquilo que você quer construir. Partiu de um fato real da prisão de um grupo de jovens angolanos, há uns três ou quatro anos, que estavam lendo um livro e foram acusados de tentativa de golpe de estado. Eram jovens que queriam, no fundo, simplesmente democratizar o país e ter uma Angola mais justa. A prisão dos jovens e a reação que se seguiu – porque gerou um movimento de solidariedade muito grande, sobretudo com jovens criadores. Tudo aquilo me impressionou muito. O livro nasce nessas coincidências.
Nesse livro, você traz algum relato de sonho seu? Sim. Eu realmente sonho muito e tomo notas. Às vezes, sonho com histórias completas. Às vezes, estou fazendo um romance e não sei mais como continuar e sonho com o desfecho, com continuação, com personagens e frases. Outras vezes sonho sonhos que não parecem meus, sobre realidades muito afastadas de mim. Não tem explicação. O livro tem um pouco a ver com isso. Todos os personagens têm uma relação um pouco estranha com o sonho.
Falando sobre sonhos, qual a sua opinião sobre o momento em que o país vive agora? O Brasil vive um momento comum a outros países e que tem a ver com sonho. Depois do fim do bloco socialista, foi como se tivessem terminado as utopias. Eu acho que isso é ruim, porque a utopia é necessária para a sociedade. Sonhos são necessários. Eu acho que o mundo precisa reaprender a sonhar. O Brasil precisa reaprender a sonhar. Essa onda populista que você tem no mundo, ao meu ver, é muito negativa porque vai exatamente contra o sonho. É o sonho que tem feito com que a humanidade possa melhorar.
Basta ler romances históricos que você percebe que o passado não era um lugar agradável. Rainha Ginga, meu último livro do gênero se passa no século XVI e XVII, um tempo de extrema crueldade. O que quero dizer é que a humanidade tem melhorado, ao contrário da apreciação que muitas vezes nós temos, hoje temos muito menos guerras, menos violência e crueldade. Quando eu nasci, em 1960, a maior parte dos países do mundo estava sob ditadura. O mundo melhorou, ao contrário do que querem nos fazer crer. E melhorou através dos sonhos. Em resumo, acho que o Brasil tem que reaprender a sonhar. (Foto: Reprodução) Como é tratar do sonho e também da realidade? Acha que existe uma dicotomia? Não acho que haja uma fronteira. Acho que os sonhos fazem parte da realidade. Os sonhos são os nossos desejos, aquilo que a gente quer construir e a possibilidade de realizar um mundo melhor. É assim que se transforma a realidade. A realidade é transformada por tudo aquilo que você deseja. Se você não acredita, você não melhora. Você tem que partir do princípio de que toda pessoa tem um fundo bom e que pode fazer melhor. Isso é uma utopia? Sim. Mas você tem que partir da utopia para conseguir melhorar a realidade.
E a literatura é um dos caminhos para despertar isso? Acho que a literatura, como eu disse antes, é um caminho para aproximar as pessoas. Quando você lê um romance, uma ficção, a todo momento você faz esse exercício de se colocar na pele do outro. Então você entende melhor o outro e compreende que o outro é você mesmo em uma outra situação. (Foto: Divulgação) Além dos sonhos, de onde vêm as suas inspirações e histórias? Como funciona seu processo criativo? Acho que a principal condição, se você quiser escrever, é disponibilidade. As histórias aparecem se você estiver disponível. As ruas estão cheias de histórias. Em particular, em um país como a Angola, mas também aqui, em Salvador. Lembro que passei um tempo indo na Feira de São Joaquim e vi que tem realmente tem muitas semelhanças com o Mercado do São Paulo, em Luanda. Até as pessoas parecem as mesmas. Fiquei uns 15 dias conversando com as pessoas na feira e as histórias são extraordinárias. São histórias que dão para vários romances. Tudo para dizer que as histórias estão em todo lado. Quando você conversar com as pessoas, vai encontrar histórias. Em Angola, basta você ir à rua.
E no Brasil, onde estão as histórias? Acho que, no Brasil, as melhores histórias estão fora do eixo Rio-São Paulo. Provavelmente, as grandes histórias estão mesmo em lugares como Salvador. O estranho é não haver mais escritores trabalhando essas histórias. A gente estava falando de Jorge Amado: o sucesso dele tem a ver com o fato dele ter aproveitado a mitologia africana para construir todo um projeto literário. Jorge Amado não tem seguidores? Não é possível. Não entendo. As pessoas estão procurando modelos europeus quando se tem aqui. Vocês têm um universo absolutamente incrível para explorar. Realmente não entendo o que os escritores brasileiros estão esperando.
Você acha que os escritores daqui não valorizam a cultura local? Acho que sim. O escritor tem que ir à procura das pessoas. E, de fato, as melhores histórias não estão na classe alta e nem na burguesia. Se você for ver a literatura brasileira contemporânea e criar um modelo a partir dessa literatura, só existem brancos e de classe média alta. A literatura brasileira contemporânea está totalmente defasada do Brasil real.
Na sua opinião, como a gente pode solucionar essa lacuna? Para criar escritores é preciso, em primeiro lugar, criar leitores. Acho que levar o livro aos leitores é o principal desafio dos nossos países. Isso passa pela construção de bibliotecas públicas, por eventos como esse, que traz escritores e atrai um público maior. Todo projeto que passa por levar o livro ao leitor é bom e vai ter resultados no futuro. No Rio, alguns projetos estão sendo feitos, como festivais envolvendo a periferia e oficinas literárias. Eles estão descobrindo escritores assim. Aqui, se você for à Feira de São Joaquim e criar instrumentos para os filhos daqueles feirantes contarem àquelas histórias, dentro de poucos anos você terá grandes escritores. É preciso formar escritores, mas antes é preciso formar leitores. As histórias estão lá, esperando serem contadas. (Foto: Nereu Jr./Árvore de Comunicação/Divulgação) Você acha que a tecnologia pode ajudar nesse processo? Sem dúvida alguma. Quando eu era criança, a única forma eram as bibliotecas. Hoje em dia, com a internet, você tem bibliotecas infinitas. É importante ajudar os jovens a acessarem bibliotecas online. Colocar livros online também é fundamental. Também porque as pessoas não têm que ter dinheiro para comprar os livros. É muito mais fácil. Você pode ainda levar para os lugares de forma remota.
Ao mesmo tempo em que democratiza, a internet é um local onde o ódio se prolifera. Como você vê isso? A internet é o mundo. O que acontece na maioria das vezes nesses espaços, é que as pessoas não são responsabilizadas. Portanto expressam seu ódio. O que é preciso fazer, em primeiro lugar, é tornar a internet um espaço mais responsável. As pessoas precisam ser responsabilizadas pelas suas atitudes e pelas suas afirmações. Também é importante formar as pessoas. Talvez começar a preparar os jovens, já na escola, a usar a internet de uma forma mais responsável.
A literatura pode ajudar a desenvolver essa empatia? Sim. Porque o tempo todo você se coloca na pele do outro. Eu acho que a gente falha nas escolas. Levar o livro para a criança talvez seja o mais difícil hoje em dia. Como atrair e como fazer como que uma criança se interesse pela literatura é o mais difícil. Vejo isso pelos meus filhos. A gente precisa pensar nisso. A partir do momento que ele ganha esse gosto, não perde mais. Mas não pode ser algo forçado. Não se deve obrigar e sim seduzir. A literatura para criança tem essa possibilidade imensa de seduzir leitores. É um desafio ainda maior.
Você está escrevendo alguma coisa? Comecei a escrever o meu novo romance, mas ainda é um pouco cedo para falar sobre isso.
Pensa em retratar Salvador em suas próximas obras? Nesse novo livro não, mas pode acontecer. Se você for ver, nas minhas obras anteriores, você vai encontrar referências daqui. No livro Barroco Tropical, que eu acho que é meu melhor romance, tem uma personagem criada a partir de uma figura real e que é uma baiana. Em Nação Crioula, uma boa parte se passa no Recôncavo baiano... Você vai encontrar referências à Bahia em toda minha obra. (Foto: Reprodução) Após tantos livros e prêmios, o que te motiva a escrever? Eu acho que a minha principal motivação, desde o início, é tentar compreender o outro. Mas quero, sobretudo, tentar compreender a maldade. Tento entender o porquê as pessoas fazem coisas terríveis.
E tem conseguido? Não. Por isso continuo escrevendo. Escrever é psicologia o tempo todo. O escritor tem que ser capaz de ser outra pessoa o tempo inteiro.
Essa é uma forma de se conhecer mais? Sem dúvida. Ao conhecer o outro, você acaba conhecendo melhor a si mesmo.
ServiçoO quê: Fronteiras Braskem do Pensamento Salvador 2018Conferências: 1º/08 - José Eduardo Agualusa, 17/9 - Debate Especial Gilles Lipovetsky e Leandro Karnal 15/10 - Marcelo Gleiser, 15/10Local e horário: Teatro Castro Alves, às 20h30.Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia) para cada uma das conferências.Informações sobre combos e mais vendas: 3003-0595Pontos de vendas: Nas bilheterias do Teatro Castro Alves, nos postos de vendas do SAC dos shoppings Barra e Bela Vista, e pelo site www.ingressorapido.com.br