Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Tributo aos Tincoãs traz releituras do grupo de Cachoeira na voz de Ana Paula Albuquerque

Disco conta com arranjos de Ubiratan Marques, Felipe Guedes e Jordi Amorim e benção de Mateus Aleluia

  • Foto do(a) author(a) Luiza Gonçalves
  • Luiza Gonçalves

Publicado em 25 de fevereiro de 2025 às 08:56

 Cantora Ana Paula Albuquerque lança álbum Tributo aos Tincoãs
Cantora Ana Paula Albuquerque lança álbum Tributo aos Tincoãs Crédito: Divulgação/Engels Miranda

“Não é só música, vai além. Na espiritualidade, na identidade, no pertencimento. Tem muita coisa envolvida na música dos Tincoãs”, afirma Ana Paula Albuquerque. Uma música que transcende e que, no caso da cantora e pesquisadora musical, lhe pegou pela mão e a guiou por uma incursão na música afro-brasileira, nos encontros com seus mestres e no desenvolvimento musical.

A conexão entre Ana Paula e o grupo Os Tincoãs foi iniciada por volta de 2008, após criar a Escola Baiana de Canto Popular em Salvador e começar a pesquisar com os alunos as vocalidades da Bahia. O trio criado nos anos 60 a fascinou nos estudos e, com os discentes, montou um show cantando o repertório do grupo, que coincidiu com o retorno de Mateus Aleluia de Angola para Bahia.

“Fizemos um show no Teatro Solar Boa Vista e eu convidei Seu Mateus. Imagina, você está pesquisando uma obra e a pessoa tá ali assistindo, aplaudindo, recebendo as homenagens. A gente ia fazer uma temporada de um mês, acabamos ficando três meses seguidos, e Seu Mateus participava de todas essas apresentações. Ele fazia participação com a gente, foi uma escola viva para mim enquanto cantora, porque Seu Mateus é uma pessoa muito generosa, é um mestre, então ele estava ali dando carinho e, ao mesmo tempo, ensinando, compartilhando os seus saberes com a gente. Para mim, foi um momento muito marcante”, relembra.

O contato seguiu com o decorrer dos anos: novos shows, conversas, gravações e pesquisa debruçada nas canções do trio, em especial no álbum Os Tincoãs (1973), que agora recebe uma releitura-homenagem de Ana Paula Albuquerque no disco Tributo aos Tincoãs, motivada pelo aniversário de 50 anos deste trabalho que marcou a música nacional.

“Esse disco tão icônico, que muda a perspectiva na música popular brasileira, que introduz os elementos do candomblé, traz ele para o contexto da MPB. Foi uma mudança de paradigma mesmo”, defende. Mas a cantora explica que a motivação de regravar as 12 faixas também partiu de um lugar de respeito e orientação após uma gravação com Mateus Aleluia.

“Eu tenho Seu Mateus como um grande mestre musical e exemplo de vida também. Todo encontro com ele tem algo a mais que vai além da música, tem uma palavra, tem um direcionamento, tem algo que ele faz para a gente que você não sai igual. No dia que acabou a gravação, nós ficamos ali conversando e ele me dando vários conselhos, e eu saí inspirada a criar algo. Esse encontro com ele reativou esse sonho que estava guardado”, explica.

Moldes antigos

Em Tributo aos Tincoãs, as canções do álbum original ganham nova roupagem com arranjos de Ubiratan Marques, Felipe Guedes e Jordi Amorim, unindo o sinfônico, o jazz e o moderno ao afro-barroco e prezando pelo sentir da música afro-brasileira. Abrindo com a tradicional Deixa a Gira Girar, Ana Paula conduz nos vocais, acompanhada de Felipe Guedes (bateria), Jordi Amorim (guitarra), Gabi Guedes (percussão) e Marcus Sampaio (baixo).

“O processo de gravação foi feito nos moldes antigos. Embora não seja um disco gravado ao vivo, nós ficamos um período em setembro do ano passado num estúdio em Massarandupió, juntos, gravando com esse grupo que é a base do meu álbum. Foi gestado por nós, é algo muito real, feito e sentido no momento”, conta. O álbum possui ainda a participação das baianas Sued Nunes em Sabiá Roxa; Luedji Luna em Lamento às Águas; e Zé Manoel em Obaluaê. “Essas contribuições são únicas, porque são pessoas únicas, que vivem essa musicalidade”, resume Albuquerque.

“Eu sempre tive essa consciência da artista que eu sou, da minha forma de fazer música, de me expressar através da música. Então acho que isso aí diminui um pouco o desafio e também por ter a consciência de algo que é irreproduzível. Para mim, Tincoãs não tem nada igual”, afirma Ana Paula, acrescentando que a proximidade com Cachoeira, o repertório dos Tincoãs e o fazer musical do grupo tornaram a experiência ainda mais prazerosa. Satisfeita e realizada com a finalização do disco, Ana Paula Albuquerque aguarda apenas um feedback essencial do seu novo disco: o de Seu Mateus Aleluia.

“Eu ainda não conversei com ele depois do lançamento, não sei a opinião dele, estou, inclusive, muito ansiosa para poder escutar sobre isso. Mas, antes do projeto, eu sempre tive esse amparo, eu sempre falo que ele é um pai musical na minha vida, com todo esse aporte emocional, espiritual e musical”, conta.