Acesse sua conta

Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google

Alterar senha

Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.

Recuperar senha

Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre

Alterar senha

Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.

Dados não encontrados!

Você ainda não é nosso assinante!

Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *

ASSINE

'Torto Arado' chega em versão musical no teatro

Adaptação do sucesso de Itamar Vieira Junior tem Larissa Luz no elenco e canções compostas para a montagem

  • Foto do(a) author(a) Roberto Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 13 de setembro de 2024 às 06:00

Larissa Luz, Lilian Valeska e Bárbara Sut
Larissa Luz, Lilian Valeska e Bárbara Sut Crédito: Caio Lirio/divulgação

Há cerca de três anos, a produtora cultural Fernanda Bezerra se juntou ao dramaturgo Aldri Anunciação para desenvolver para o teatro uma adaptação do romance Torto Arado, do baiano Itamar Vieira Júnior. Aldri, que seria o responsável pelo texto, pensou de que maneira o teatro poderia contribuir para a obra original. “Foi aí que veio a luz: a música! A música traria também a musicalidade que o leitor percebe quando lê. Para mim, literatura é música”, diz o dramaturgo.

E foi daí que surgiu Torto Arado - O Musical, que estreia hoje no Teatro Sesc Casa do Comércio e fica até o dia 29 deste mês. O espetáculo conta a história de duas irmãs, Bibiana (Larissa Luz) e Belonísia (Bábara Sut), que vivem em condições análogas à escravidão em uma fazenda na Chapada Diamantina. Na peça, uma nova personagem surge, a avó, Donana (Lilian Valeska).

Além de Aldri, a dramaturgia tem Elisio Lopes Junior e Fábio Espírito Santo. Elisio, que é também o diretor-geral da montagem, diz que, embora o livro pudesse render diversas histórias, ele optou por concentrar nessas três mulheres: “O destaque poderia ser Zeca Chapéu Grande [pai das irmãs] ou até a questão agrária. Mas escolhi falar da ancestralidade a partir dessas três mulheres. É uma saga familiar: focamos nessas três personagens e a partir delas criamos a narrativa clássica”.

O convite a Elisio para a direção partiu de Aldri. Os dois já haviam trabalhado juntos quando fizeram o roteiro de Medida Provisória para o cinema, no filme dirigido por Lázaro Ramos.

"Foram três anos e meio trabalhando com ele naquele roteiro. E, além de tudo, é um diretor de mão cheia. Já tinha experiências dirigindo shows e musicais, como um sobre Odete Lara e outro sobre Elza Soares. Elisio sabe usar a musicalidade a favor do dramático"

Aldri Anunciação

dramaturgo

Família de roceiros

A família de Bibiana vive numa fazenda e, num pequeno pedaço de terra, pode cultivar e garimpar. Mas todos vivem sem salário e precisam ceder boa parte da produção ao dono da terra. Aldri diz que vem de uma família de roceiros que viveu algo muito parecido: “Meu avós viveram numa fazenda e eu tinha a sensação de que a fazenda era deles, porque vivíamos ali e comíamos ali. Mas metade da produção ia pra família da dona. Portanto, a peça tem um olhar do Aldri, que passou por isso, e do Elisio, que é negro”.

As músicas são todas originais, compostas por Jarbas Bittencourt, experiente criador de trilhas para o teatro baiano e diretor musical do Bando de Teatro Olodum. À medida que criava as estruturas de cena, Elisio as compartilhava com o compositor. “Pedia então que ele musicasse e as devolvesse como canção. Então, já entendia o clima e a atmosfera da canção. Então, criamos o espetáculo juntos com as canções, que não foram ‘enxertadas’. E esse é um trunfo da montagem”, festeja Elisio.

Mas o que o público vai ver não é um musical grandioso, com sonho de estar na Broadway. “No teatro brasileiro, temos referenciais de musicais dramáticos que não seguem um modelo importado. Temos herança das chanchadas e do teatro de revista”, diz Elisio. O diretor cita ainda as montagens de Chico Buarque, como Gota D’Água e Ópera do Malandro, como referências nacionais em vez das importadas. Aldri elogia o trabalho de Jarbas: “Essas músicas vão permanecer. Tenho a sensação de que Jarbas pega a cena dramática e transmuta em linguagem musical com uma facilidade enorme. Ele criou pérolas incríveis!”

Elenco

Para compor o elenco, Elisio abriu uma audição, em que se inscreveram mais de 500 pessoas, vindas de diversas partes do país, inclusive da Chapada Diamantina, onde se passa a história. “Foram três dias de testes para encontrar artistas que cantam, dançam e interpretam. Chegamos a uma composição, mas eu queria insistir com Larissa [Luz], que inicialmente não pôde aceitar, porque estava preparando um disco. Da segunda vez, ela topou, felizmente”, festeja o diretor.

Para viver Donana, Elisio chamou Lilian Valeska, porque precisava de uma atriz mais velha, que fosse negra e cantasse. E Bárbara Sut já havia atuado em Amor Perfeito, novela de autoria dele próprio. “Também a havia visto numa montagem de Romeu e Julieta, com canções de Marisa Monte. E ela faz uma Belonísia com a delicadeza e intensidade que a personagem pede”, revela o diretor.

Nas redes sociais, Larissa celebrou o papel e a proximidade da estreia. “Eu que estive sempre rodeada de mulheres, feiticeiras curandeiras, vencedoras de demandas, matriarcas que amam de forma intensa e profunda ...me torno instrumento e voz para trazer a tona uma ancestralidade que me constitui e me fortifica , imersa numa metáfora arrebatadora que começa no princípio de tudo : o silêncio! Itamar Vieira Júnior é um artesão das palavras com uma sensibilidade particular e atravessadora!”.

SERVIÇO

Torto Arado - O Musical. Teatro Sesc Casa do Comércio (Av. Tancredo Neves). Hoje a 29 de setembro. (Sexta: 20h, Sábado: 16h e 20h e Domingo: 17h). Ingressos: R$ 120 | R$ 60 (plateia), R$ 40 | R$ 20 (mezanino). À venda no Sympla. Em algumas sessões, Larissa Luz será substituída por Cainã Naira.