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Elis Freire
Publicado em 20 de dezembro de 2024 às 15:55
A sambista Teresa Cristina deixou uma reflexão para os seus seguidores nesta sextapfeira (20) sobre a polêmica envolvendo Claudia Leitte e a letra de uma das suas músicas. Após o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA acolher denúncia de racismo religioso contra cantora, que trocou “Iemanjá” por 'Yeshua' (Jesus em hebraico) em uma música, Teresa aproveitou para comentar o caso também.
“A pessoa é cantora de um gênero chamado Axé Music, mas ela não quer falar o nome de Iemanjá, ela se recusa. Será que esse livramento não é de Iemanjá? Será que não é Iemanjá que não quer que o nome dela seja falado pela pessoa?”, refletiu a também cantora em vídeo compartilhado no seu Instagram oficial, sem citar o nome de Claudia Leitte.
Teresa Cristina argumentou que a orixá das águas salgadas e da saúde mental teria vontade própria e simplesmente poderia não desejar ser cantada por alguém. “Olha o tamanho de Iemanjá e olha o tamanho da pessoa que não quer cantar Iemanjá”, comparou. “Iemanjá pode chegar e falar: ‘dali não. Não precisa não, querida”, alfinetou, bem humorada.
Possível ato de racismo religioso
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) informou nesta quinta (19) que vai apurar uma denúncia formal contra a cantora Claudia Leitte, suspeita de intolerância e racismo religioso por trocar o nome de Iemanjá, Orixá das Águas, por Yeshua (Jesus, em hebraico) na música “Caranguejo (Cata Caranguejo)”.
Segundo o órgão, a denúncia foi apresentada pela yalorixá Jaciara Ribeiro, líder do Ilê Axé Abassa de Ogum, e o inquérito instaurado pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro). A apuração ficará a cargo da promotora Lívia Sant’Anna Vaz. Ela fará uma avaliação da denúncia para decidir os próximos passos da investigação.
O procedimento vai apurar a "responsabilidade civil diante de possível ato de racismo religioso consistente na violação de bem cultural e de direitos das comunidades religiosas de matriz africana, sem prejuízo de eventual responsabilização criminal", disse o MP-BA em nota.
Repercussão
O possível ato de racismo religioso veio à tona com a circulação de um vídeo do show da cantora, evangélica desde 2014, no projeto “Soul de Rua”, no Candyall Guetho Square, em Salvador, no último dia 14.
Logo após o ocorrido, o secretário de Cultura e Turismo (Secult) de Salvador, Pedo Tourinho, se manifestou nas redes sociais. Sem citar o nome da cantora de Axé Music, ele publicou um texto criticando alterações nas letras das músicas de Axé que fazem referências aos Orixás - divindades cultuadas em religiões de matriz africana.
"Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, reverencia sua percussão e musicalidade, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas, de repente, escolhe reescrever a história e retirar o nome de Orixás das músicas, não se engane: o nome disso é racismo, e é o surreal e explícito reforço do que houve de errado naquele tempo", reclamou o titular da pasta, em post na terça-feira (17).