‘Ser livre é o maior desafio e também a maior conquista’, ensinou a mãe de Gal Costa

Meu Nome é Gal já bateu 100 mil espectadores, sendo mais de 62,2 mil somente no primeiro final de semana; veja onde assistir

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  • Tharsila Prates

Publicado em 22 de outubro de 2023 às 07:00

Álbum Fantasia (1981)
Álbum Fantasia (1981) Crédito: Divulgação

O filme nacional mais esperado do ano, que estreou no último dia 12, é sobre Gal e também sobre a importância dos encontros e das amizades, como escreveu a cineasta baiana Dandara Ferreira, que dirigiu Meu Nome é Gal com Lô Politi. A história atraiu a 381 salas de cinema no país mais de 62,2 mil pessoas somente no primeiro final de semana, segundo a Filme B. Até a última quinta-feira, a cinebiografia já tinha passado dos 100 mil espectadores.

Além da chegada ao Rio de Janeiro, em 1966, de Maria da Graça Costa Penna Burgos, vivida por Sophie Charlotte, e do afeto com que foi recebida e abraçada e beijada pelos amigos no Solar da Fossa, um terceiro tema interessa, porque explica o alcance da menina tímida que virou uma das maiores e melhores cantoras do mundo. Trata-se da liberdade de ser (ou não), estar (ou não), fazer (ou não). E ter apoio para isso.

Na ficção, a mãe de Gal, a doce Mariah - em quem a artista reconhecia uma força gigantesca e um impulso fundamental -, escrevia cartas frequentes e dizia pensar nela todos os dias. Mariah (Chica Carelli) é retratada como todas as mães que só dormem quando os filhos chegam da rua, ainda mais em tempos de ditadura militar. Que esperam os filhos com uma sopa. Que não sabem detalhes sobre os relacionamentos deles. E que avisam aos outros sobre coisas que elas mesmas acham importante, não considerando a opinião dos rebentos.

Até que um dia eles discutem, brigam ou despacham a mãe de volta para a Bahia, como bem disse o empresário Guilherme Araújo (Luis Lobianco). E aí a mãe se ressente, indo embora: “Você tá mudada, filha”.

Mesmo assim, ela aproveita para ensinar uma lição valiosa: “Ser livre é o maior desafio e a maior conquista”, escreve para Gal em uma cartinha deixada em cima da mesa da cozinha. Ficção? “Para ser livre, a gente precisa estar viva. Mudar é bom, mas cuidado para não se influenciar tanto. Deus te deu o maior dom do mundo: o vento. Você é quem sopra, Gracinha.”

Sophie em cena de Meu Nome é Gal
Sophie em cena de Meu Nome é Gal Crédito: Divulgação

Quando ponderou sobre cantar ou não a canção Divino Maravilhoso feita por Caetano e Gil para ela, de “cabeça erguida” - ou “cortada?” -, a protagonista pensava sobre o que a atitude acarretaria. Como a causa era mais do que nobre, a artista topa ir ao Festival da Record, em 1968, embora não estivesse tão certa, embora a ideia não lhe agradasse ou ainda estivesse com medo. Mas ela teve a liberdade para decidir, pensar, ir, contestar, se indignar, para dizer o que incomoda, dando voz a um movimento tão revolucionário. E, atenção, não confundir liberdade com fazer aquilo que agrada. Liberdade significa também arcar com as consequências.

Quando estreou Gal a Todo Vapor, o Fa-Tal, em 1971, lá estava a mãe na plateia, mesmo com os militares à espreita, em um show que não iria acabar, como decidiu a livre Gal Costa. Anos depois, ao gravar com Bethânia o poema Minha Mãe, de Jorge Mautner, a voz de cristal reforçou: “Eu canto por causa de você, minha mãe, que me deu a vida – e sempre me dará a vida”.

Nas palavras de Mariah, que adorava música clássica, não havia espaço para a vaidade por ser mãe da cantora. “O amor e a ternura que eu sinto por ela são tão grandes que não deixam nenhum lugar para outros sentimentos.”

Uma cumplicidade relembrada agora pelo irmão de Gal por parte de pai, Guto Burgos, que ainda não havia assistido ao filme, mas falou sobre a relação entre as duas: “Elas sempre foram muito unidas e parceiras na vida desde sempre. Era um amor incondicional de mãe e filha. Hoje só nos resta a saudade.”

Onde assistir (19 a 25 de outubro)

Circuito Salasdearte

Paseo 17h20

Ufba 17h20 – Quinta, sexta e quarta

17h40 – Sábado, domingo, segunda e terça

Museu 16h50 – Diariamente (exceto quarta) e 16h – na quarta

MAM 17h20 – Quinta, sexta, segunda, terça e quarta

13h20 – Sábado e domingo

Cine Glauber Rocha/ 16h20, 18h e 19h40

Shopping Barra 15h35, 17h35, 19h35 e 21:35

Shopping da Bahia 14h, 16h, 18h e 20h

Salvador Shopping 21h50

Shoppping Paralela 17h30, 19h30 e 21h30

Shopping Lapa 18h

Salvador Norte 18h e 20h15

Parque Shopping (Lauro de Freitas) 22h

Boulevard Shopping Camaçari 14h30