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Da Redação
Publicado em 27 de setembro de 2024 às 16:00
A premiada atriz baiana Rita Assemany faz as últimas apresentações do espetáculo "Surf no Caos" nos dias 27 e 28 próximos (sexta-feira e sábado) no Teatro Molière (Aliança Francesa). O monólogo foi escrito por Aninha Franco e propõe uma reflexão sensorial sobre a existência humana e as lutas em nome da liberdade. A peça tem direção da própria Rita e une diversas linguagens, como vídeo e fotografia, embalando o público com uma trilha sonora que remete a acontecimentos da história, batendo na nossa memória afetiva.
Em cena, uma humana se vê diante de suas percepções e memórias ancestrais. A símia bípede Lucy, considerada o primeiro ser humano primitivo, com mais de 3 milhões de anos, descoberta em 1974, na Etiópia, é um importante elemento dramático, que sintetiza os questionamentos da autora sobre a Humanidade e seus (des)caminhos. “Ficamos de pé! E agora, para que é que nós erguemos sobre nossas colunas?”, questiona o texto de Aninha Franco, que completa: "Por que você acordou quadrúpede e dormiu bípede? Olha a nossa situação agora! Todos sedentários, com a cabeça colada aos celulares. Que porra é essa, Lucy?! “
Escrito em 2015 e encenado virtualmente durante a pandemia da Covid 19, com esporádicas apresentações presenciais no pequeno espaço da República AF, no Pelourinho, Surf no Caos chega desta vez para um público maior.
E Rita não está só
Surf no Caos espelha a própria experiência de vida de Rita Assemany e as conexões feitas ao longo do tempo. No palco, ela passeia por momentos emblemáticos dessa história, revelando sentimentos próprios, conflitos íntimos e questionamentos particulares que, na sua visão, podem conectar-se com a plateia do espetáculo. “Se você já se embriagou com uma poesia, viveu uma paixão estilo Piazzolla, assistiu mil vezes o filme Casablanca; se você acredita no amor, viveu os anos 70, e cantou Imagine com John Lennon; se você luta todos os dias por liberdade, toma sua dose diária de alegria, seja numa taça de vinho ou numa boa conversa filosófica; se você ainda sonha em mudar o mundo e faz da Arte a sua droga predileta, assista Surf no Caos”, depõe a atriz, lembrando que a peça é uma homenagem à arte e à poesia.
- Estudei fatos, relembrei tragédias e remexi memórias. Nasci em 1962. Timothy Leary fazia experimentos psicodélicos com a mente humana; sutiãs eram queimados; “Roda Viva”, de Marília Pêra presa. Ao lado da Liberdade, governos ditatoriais: a repressão e a tortura em oposição à Contracultura. Busquei dentro de mim imagens do Cinema e das ruas: o horror das guerras e Ingrid Bergman pedindo "toque, San", em Casablanca. Desenhei no papel o som dos 5 tiros que atravessaram John Lennon e seus óculos de lentes redondas caídos no chão. Bonecos pretos enforcados e pendurados numa árvore de arame, ao som de Billie Holiday em Strange Fruit misturado a Libertango, de Piazzola e O Amor, de Maiakovisk. Peço paz com um rabisco de giz colorido no palco e cabelos soltos ao som de Aquariu's: Arembepe! Os passos para o futuro são um sapateado. E os muitos rostos projetados é porque, embora pareça que falo sozinha, não estou só”, observa Assemany.
Rita Assemany na arte
Na trajetória de Rita Assemany no cinema se destacam Abril Despedaçado e Central do Brasil (Walter Sales); O Último Cine Drive-in (Iberê Carvalho); Entre Irmãs (Breno Silveira); Pixaim (Fernando Beléns) – que lhe rendeu 4 premiações de Melhor Atriz, inclusive no Festival de Brasília –; o curta ODE (Diego Lisboa), pelo qual foi premiada na 16ª Mostra Nacional de Santa Maria/RS agora em 2024; e, por último, a série Justiça 2 (Gustavo Fernandez/Globoplay), escrita pela baiana Manuela Dias e que também lhe rendeu indicações a prêmios.
No teatro, estrelou o espetáculo Dendê e Dengo em diversos palcos pelo mundo, representando a Bahia em festivais internacionais, durante uma turnê que incluiu Marrocos (1990) e Zurique (1994). Na Alemanha, durante em 1997, fez uma pequena temporada com a tragédia Medeia, encenada pelo diretor alemão Hans Ülli Becker. Ficou em cartaz durante 16 anos com o espetáculo Oficina Condensada, com o qual viajou pelo Brasil e fez temporadas no Rio de Janeiro e em São Paulo, recebendo comentários elogiosos de respeitados críticos teatrais da época. Recebeu quatro prêmios nacionais de Melhor Atriz pelas interpretações em Toda Nudez Será Castigada (Nelson Rodrigues); Medeia (Eurípedes); Oficina Condensada e A Casa da Minha Alma (Aninha Franco).
Como diretora artística, esteve à frente durante seis anos da Cia.Axé do XVIII – projeto que assistia jovens em situação de vulnerabilidade social e risco, egressos de um outro projeto de mesmo cunho, o Projeto Axé. Além disso, foi curadora artística do Teatro XVIII e da República AF, espaços culturais no Centro Histórico de Salvador
Ficha Técnica
Interpretação e Direção: Rita Assemany
Texto: Aninha Franco
Encenação: Rita Assemany
Ass. Encenação: Jorge Vox
Sapateado: Cibele Brandão
Cenografia: Maurício Pedrosa, Maurício Pinto e Rita Assemany
Videomapping: Flora Rodríguez
Luz e som: Cauê Borges
Produção: Levina Ferraz
SERVIÇO
Espetáculo Surf no Caos
Local: Teatro Molière da Aliança Francesa Salvador
Endereço: Av. Sete de Setembro, 401, Barra
Sextas e sábados/ 6 a 28 de setembro, 20h
Ingressos exclusivamente pelo WhatsApp: (71)99921-2368
Ingressos:R$80,00/ R$40,00