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Quando a música abraça o tempo: Caetano e Bethânia numa segunda noite inesquecível em Salvador

Show dos cantores baianos levou uma multidão à Casa de Apostas Arena Fonte Nova na noite de ontem (08)

  • Foto do(a) author(a) Luiza Gonçalves
  • Luiza Gonçalves

Publicado em 9 de fevereiro de 2025 às 09:48

Quando a música abraça o tempo: Caetano e Bethânia numa segunda noite inesquecível em Salvador
Quando a música abraça o tempo: Caetano e Bethânia numa segunda noite inesquecível em Salvador Crédito: CORREIO/Marina Silva

Era de fechar os olhos e agradecer ao tempo pela chance de prestigiar um momento singular como o show de Caetano Veloso e Maria Bethânia. Tempo generoso, de ter, da mesma casa, lado a lado, talentos ímpares da música brasileira, de fazer com que suas obras perdurem por décadas em líricas que alcançam avós, pais e netos, de poder tê-los juntos no palco agora, 46 anos depois de seu último show em dupla, com todo carinho e extremamente vivos, ao som de cada estribilho.

A música fluía límpida na Casa de Apostas Arena Fonte Nova noite de ontem (09), e a plateia cheia acompanhava as canções em uníssono. Lágrimas, sorrisos, olhos brilhantes admirando a força natural de Maria Bethânia. Dourado nas vestes, fugaz em cada sílaba. Contraponto com seu irmão Caetano Veloso, em sua serenidade e calmaria nas palavras, que tocam o íntimo nas sutilezas da performance. Complementares, juntos, admirando um ao outro, trocavam olhares, danças, risadas e passeavam pelo cancioneiro de diferentes fases de suas carreiras. No palco, as falas são comedidas, resumem-se a pequenas saudações; a música foi o diálogo da noite.

Em conjunto, os irmãos santamarenses têm mais de 2 mil músicas gravadas, e, desse extenso repertório, foram escolhidas cerca de 40 músicas para compor o show, com aproximadamente 2 horas de duração. Iniciaram a apresentação com “Alegria, Alegria”, por entre fotos e olhos cheios de cores. Juntos, performaram músicas dos Doces Bárbaros – grupo formado na década de 1970 com Gilberto Gil e Gal Costa –, letras em homenagem à Mangueira, sambas, canções eternizadas como "Oração ao Tempo", "Motriz", "Gente" e "Eu e a Água". No fundo, projeções coloridas e imagens da história musical dos irmãos, dos amigos, da família, incluindo dois momentos belíssimos de homenagem a Gilberto Gil, com "Filhos de Ghandi", e a Gal Costa, ao som de "Não Identificado", "Baby" e "Vaca Profana".

Num momento solo, Caetano cantou "Sozinho", "Leãozinho", "Você Não Me Ensinou a Te Esquecer", "Você É Linda" e o cover de "Deus Cuida de Mim", canção do pastor Kleber Lucas. Depois, foi a vez de Bethânia com "Brincar de Viver", "Explode Coração", "As Canções Que Você Fez pra Mim" e "Negue". Uma dança entre canções apaixonadas, engajadas ou alegres, que culminou no bloco final com "Gita", de Raul Seixas, "O Quereres", o cover de "Fé", da cantora IZA, "Reconvexo" e "Tudo de Novo". Encerraram a noite ao som de "São Salvador", saudando a Bahia de Caymmi e "Odara". Um eco de amor e emoção que te acompanha na volta para casa, repassando os momentos vividos nessa noite especial.

Vale vir uma segunda vez

Essa foi a segunda vez que os irmãos se apresentaram em Salvador com a turnê que vem rodando o Brasil desde agosto de 2024, partindo, na sequência, para o Rio de Janeiro e finalizando as apresentações em Porto Alegre. Com o encerramento dos shows, a dupla terá passado por 10 capitais em 18 apresentações, além de um show especial no réveillon de Copacabana.

Público no show de Caetano e Bethania
Público no show de Caetano e Bethania Crédito: CORREIO/Marina Silva

Para muitos, ver esse show é a realização de um sonho, que vale o deslocamento de estado. Na plateia, gente de toda idade e de todo lugar: paulistas, sergipanos, cariocas, alagoanos, que vieram a Salvador pela oportunidade de ver Bethânia e Caetano juntos pela primeira vez. Seja em família, como o militar Marcos Vinicius, 54, que veio com a esposa, sobrinha e irmã diretamente de Maceió, ou como Rafaela Lopes, 33, que, com os amigos de Aracaju, desde a abertura dos portões às 17h, ocupava a grade coladinha com o palco. “Eu aproveitei a segunda chance para vir ver o show e a expectativa é enorme. É um prazer ouvir e acompanhar Caetano e Bethânia, ainda mais daqui da frente, vale muito a pena”, afirmou.

E se o momento é marcante, por que não aproveitar para vê-lo de uma forma melhor uma segunda vez? Foi o caso de Neuza Batista, 54, fã de carteirinha dos irmãos santamarenses, com uma paixão que já a levou para shows em vários estados, comprar os CDs e LPs, acompanhar nos veículos de imprensa e redes sociais e, hoje, prestigiar o show pela segunda vez. “Dessa vez, vim pegar os detalhes daqui da frente, atenta. Assim que abriu os portões, eu já entrei”, contou.

Jussara Barreto, 60, vestiu seu mais elegante vestido azul, fez tranças nos cabelos e, acompanhada da sobrinha, foi à Fonte Nova para realizar o sonho de ver os irmãos se apresentando ao vivo, oportunidade que até então, mesmo sendo baiana, ainda não havia tido. “Eu tô com medo do que eu possa vir a sentir, porque, para mim, é gratificante demais. Eu adoro eles, admiro a vida toda. Já fui jovem, já fui adolescente, já fui tudo nessa adoração. E para mim, chegar aos sessenta e estar aqui é um presente”, revelou. Não pude verificar a emoção de dona Jussara ao som de Reconvexo, sua canção favorita, mas posso afirmar que nessa hora foi a vez da repórter fechar os olhos e deixar a emoção desconcentrar do texto por alguns minutos.