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Alô Alô Bahia
Publicado em 22 de agosto de 2024 às 08:14
Usar música para para criar o silêncio pode parecer contraintuitivo, mas funcionou para o professor João Girardi. Percebendo-se no caos de uma sala de aula, puxou “Morena Tropicana”, de Alceu Valença, guiando o previsível barulho dos alunos quinta série C para melodia. Em seguida, após a cantoria, virou maestro para puxar o “pedi pra parar, parou” e finalmente domar os adolescentes buliçosos.
“Agora vou te ensinar como faz silêncio na sala”, anunciou no início o professor de Salvador. “Pele macia”, conduziu, seguido pelo coro de “ai carne de caju”. A gravação viralizou nas redes sociais, com mais de dois milhões de visualizações.
“Eu nunca imaginei que fosse viralizar, nunca. Quando cheguei na sala naquele dia os alunos estavam cantando essa música, o que me surpreendeu, pois não esperei que conhecessem a letra. Após passar a atividade, começou a conversinha. Aí eu ‘opa, isso tem que acabar’, e comecei a puxar a música. Essa daqui vai ser a minha arma pedagógica, educacional, que eu vou usar pra poder conseguir fazer silêncio com essa turma. E até hoje tá dando certo”, celebra o docente em entrevista ao Alô Alô Bahia.
Já as moreninhas e moreninhos tropicanos que seguiram o chamado eram alunos da escola Ômega, localizada no bairro de Stella Maris, em Salvador. Por lá, o educador ensina crianças do Ensino Infantil até o 8º ano.
Além disso, João também faz sucesso nas redes sociais, onde possui 183 mil seguidores no Instagram.
Um professor ter milhares de seguidores na web não é exatamente novo e raro, mas o que difere o capixaba radicado em Salvador é o conteúdo. Ao invés de usar o espaço para dar aulas, ele foca em compartilhar sua relação de carinho com os alunos e gravar vídeos de humor sobre a rotina de educador.
Para destacar-se, ele usa as habilidades que adquiriu durante a formação como ator. Aliás, João também dá aula de teatro em outro local chamado Espaço Byla.
“Na verdade, eu nunca decidi ser professor, nunca tive essa vontade. Quando me formei no colégio, pelo meu desenvolvimento na parte artística da escola, a diretora me chamou para atuar em sala de aula, pra fazer um teste, pra estagiar. Acabou que eu me apaixonei, gostei bastante e caí de paraquedas nessa profissão e estou amando”, lembra.
O que o fez se apaixonar pela área foram os alunos. E o sentimento é recíproco, pois não são raros vídeos no perfil de João onde ele aparece sendo homenageado pelos pimpolhos.
“A minha relação com eles não tinha como ser melhor”, celebra ele, garantindo que não há nenhum segredo para construir esse laço forte. “Talvez a idade ajude, por eles terem 12, 13, 14 anos e eu 23. Eu falo a língua deles, consigo me comunicar igual a eles, sei o que está rolando na internet, me atualizo”, conta.
“Mas sempre colocando limites. Eu sou profissional em sala de aula. Quando estou lá, sou professor como qualquer outro. E deixo claro isso desde o primeiro dia de aula”, ressalta.
Sucesso na internet
Nascido na era digital, João cresceu assistindo influenciadores digitais e sonhava em ser um deles. A carreira na docência poderia ser um impeditivo, mas João arrumou um jeito de juntar os dois mundos.
“Eu imaginava que ia para a internet fazendo alguma palhaçada, não mostrando meu trabalho de educador. Só que teve uma febre no TikTok de postar sobre as redes sociais e eu falei sobre a reação que as pessoas têm quando descobrem que sou professor há sete anos, e o vídeo estourou”, diz.
E hoje João pode dizer que tem dois empregos. “Começaram propostas para monetizar o conteúdo e passei a ver como um trabalho. Mas não só isso, foi muito legal ver que as pessoas realmente estavam gostando, se interessando e se divertindo com os meus vídeos”, celebra.
Confira postagem no Instagram: