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Roberto Midlej
Publicado em 10 de julho de 2024 às 09:53
Todo brasileiro certamente já ouviu ou falou uma frase mais ou menos assim: “Isso só acontece no Brasil!”. E é deste mote que parte o podcast Só no Brasil, que estreia hoje nas plataformas de áudio, com apresentação dos humoristas Victor Camejo, que é paraense, e Pedro Duarte, baiano. Às vezes, as histórias podem parecer tão absurdas que os episódios começam com uma mensagem: “apesar de não parecer, este programa é feito de fatos apurados e noticiados jornalisticamente”. Para dar início à série, há duas histórias que fazem jus ao nome. >
A primeira aborda o caso do roubo do museu de Santa Teresa, na Chácara do Céu, no Rio de Janeiro, que nunca foi solucionado. Obras como Marine, de Monet, A Dança, de Picasso, e Jardim de Luxemburgo, de Matisse, são algumas das pinturas que foram perdidas por conta da operação. Até aí, não há nada muito inusitado ou tipicamente brasileiro. Mas a surpresa começa quando sabemos que o crime ocorreu em pleno Carnaval de 2006. O então ministro da Cultura, Gilberto Gil, soube do roubo enquanto cantava num trio elétrico e teve que tomar providências ali mesmo, entre uma música e outra que cantava.>
Absurdos>
“O que mais me ‘pega’ são os absurdos que a gente conhece em cada caso. As histórias já são conhecidas, mas tem uns detalhes que surpreendem. Às vezes, você tem um cúmplice que fez algo errado e estraga o plano. Ou um criminoso que precisa improvisar algo para cometer o crime. E aí que entra o humor”, revela Pedro Duarte. “Os casos são bem engraçados pelo absurdo que há neles. Neste roubo dos quadros, por exemplo, o cara entra no museu com uma granada na mão para ameaçar os seguranças. Mas, apesar de ter uma granada, não tem aparato para remover as peças da parede. Não tem sequer uma chave de fenda ou um pé de cabra”, diverte-se Pedro.>
Embora o podcast possa se encaixar na categoria de humor, não há piadas propriamente ditas. Há, no entanto, elementos que deixam o conteúdo divertido e até a sintonia entre os dois apresentadores ajuda a dar essa graça: “Como eu e Pedro somos amigos, trazemos esse tom de amizade ao podcast e isso o deixa mais divertido. É como se eu estivesse conversando com Pedro e dizendo ‘você não sabe o que vi, cara. Olha que loucura!’. Isso deixa o clima leve. Brinco, dizendo que agora ninguém tem mais desculpa para não lavar a louça”, diz Victor Camejo, em referência ao hábito que muita gente tem de ouvir podcast enquanto lava louça.>
O segundo episódio retoma o roubo a uma agência do banco Itaú, na Avenida Paulista, em 2011. O crime aconteceu num sábado, quando os assaltantes se passaram por técnicos e diziam que estava ali para realizar algum conserto. Mais tarde, surgiram evidências que o próprio vigilante estava envolvido no negócio.>
E, no meio do assalto, alguns criminosos foram a uma pizzaria nas redondezas providenciar um lanchinho para os comparsas. Um detalhe: os donos das joias que estavam no cofre invadido só deram queixa uma semana depois do ocorrido. E muitos nem foram à delegacia porque, supõe-se, o bem roubado não havia sido declarado à Receita por seus donos ricaços.>
Camejo diz que ele e Pedro tem liberdade de sugerir temas e, embora não sejam os roteiristas, têm alguma liberdade para criar em cima do texto: “Conseguimos encontrar um meio-termo: nem tudo é lido, nem tudo é improvisado. O Pedro levanta alguma coisa, eu levanto outra... e assim fica mais fluido, não parece engessado”.>
Pedro Duarte enfatiza que, embora o humor seja uma marca do podcast, a base é jornalística: “O programa é muito embasado e tudo muito bem apurado pela equipe de pesquisa” Podcast Só no Brasil. >
Estreia hoje nas plataformas de áudio. Novos episódios às quartas-feiras>